segunda-feira, 11 de outubro de 2010

SOFASES BRANCOS

Quem assistiu ao Jornal Nacional hoje ouviu o apresentador falando: " Em assalto no interior de São Paulo bandidos levam meio milhões de reais".
Ops! Meio milhões?
Voltei ao tempo em que meus filhos estudavam no Instituto Zilah Frota, a escola mais burguesa que o mundo já viu.
O uniforme:
* Meninos: calça curta de tergal cinza+camisa colarinho branca+gravata xadrez de verde e vermelho+meia escocesa xadrez+sapato de amarrar de couro marrom+pasta de couro marrom+merendeira de couro marrom
* Meninas: Saia plissada de tergal cinza+camisa branca+gravata xadrez+meia escocesa+sapato boneca de couro marrom+ pasta de couro marrom+,merendeira de couro marrom
* Pra meninos e meninas: Macacão cáqui com o nome bordado no peito
* Pra meninos e meninas - o uniforme de gala, que acrescentava capa e meias 3/4 brancas pra ambos e laço de fita de cetim branco pras meninas.

Era assim - iam pra escola impecáveis e voltavam ainda mais impecáveis. Chegavam lá e trocavam de roupa; colocavam o macacão e faziam todas as atividades. Faltando 30 minutos pro final da aula era hora da faxina de devolução pros pais - lavavam mãos e rosto, escovavam os dentes e as unhas, recolocavam o uniforme escocês e eram entregues à família.
A devolução: Os responsáveis iam buscar as crianças, algumas poucas mães, poucos caseiros e muitos, muitos motoristas. Até quem morava a um quarteirão da escola achava mais chique mandar motorista. Eu achava era muito brega morar ao lado da escola e mandar algum funcionário buscar meus filhos, então era uma daquelas "poucas mães" - senão a única - a entrar na fila de chamada. Chegávamos lá e tinha aquela fila enorme, as crianças nas salas de aula, e cada uma era chamada pelo autofalante pelo nome e sobrenome, aí descia. Pronto, 'tava entregue. Êita frescura!
Enfim, contei esta ladainha toda pra falar da primeira comunhão no Zilah Frota que era igual casamento, tamanha preparação e gastos.
Estava numa reunião de pais - mães, governantas e nenhum pai - pra decidir sobre a cerimônia da primeira comunhão. Eu, com a paciência que tenho sempre com frescura e conversas idiotas, 'tava lá sentadinha assistindo à esplanação sobre a programação da cerimônia.
Uma mãe chique - mas burra até mandar parar - dá de dizer que não concordava em cortar gastos imprescindíveis na festa de primeira comunhão, que a escola ficar inteirinha decorada com flores e "sofases" brancos era questão fechada pra ela.
Não consegui me conter, levantei e vim embora. Uma mãe que acha de suma importância sofases brancos não deveria nem abrir a boca, né não? Ia eu ficar fazendo o que naquela reunião?
A mesma coisa fiz hoje, ao ouvir "meio milhões" no Jornal Nacional - levantei e vim fazer um caldo de feijão caprichado. E tomar uma cachaça fazendo um brinde aos "sofases brancos".

TIA NITINHA

Em 1979 eu, menor de idade, terminei o segundo grau e queria vir pra BH estudar. Mamãe bateu o pé - "só depois dos 18 anos", dizia sempre, com a autoridade de quem sabia tudo o que seria melhor pra cada um dos filhos.
Saída de um noivado recém acabado, eu queria porque queria vir pra capital, começar uma vida nova.
Tudo combinado com papai, meu parceiro incondicional, esperamos mamãe ir pra São João Del Rey fazer um curso de especialização pra comprar passagem.
Vim. Fugi com a conivência de papai. Peguei um ônibus lá em Itambacuri e baixei aqui, na rua Serravit - Floresta. Guardo doce lembrança daquele endereço.
Vim. Pra casa de tia Nitinha, a tia mais encantadora e doce que alguém pode querer.
Os sábados à tarde eram dedicados ao vício - mesas de baralho. Marisa, já casada com Marcinho e com o filho Alexandre pequeninho, organizava os campeonatos de buraco.
Cassinha era solteira e minha companheira naquele quarto do tamanho do mundo. Dormíamos em camas vizinhas, mas como eu era muito menina, lembro bem dela me dando conselhos pra ficar esperta na capital.
Cozinho me apresentou pizza com catupiry, Fagner na vitrola, papo cabeça. Namorava Soraya e era fiel até a morte, mas me dava atenção como a uma irmã mais nova.
O Mineirão - a primeira vez que fui assistir a um jogo foi na torcida do Atlético, com Marcinho e Marcelo, irmão dele. Triste lembrança - não pude reclamar, nem sendo cruzeirence desde nascença. Papai morreu sem saber dessa traição...
Fui passar a tarde ontem com tia Nitinha. Ela operou do joelho e sempre reclama que foi abandonada por mim, que sumi depois que casei, coisas de tia que gosta muito da gente e fica enciumada quando não damos a devida atenção. Pois então, fui vê-la ontem.
Na chegada encontrei Cassinha, prima querida, que não via há uns 13 anos. Acho que nos encontramos no batizado de Bernardo, seu anjo fiote, que já fez 15.
Sabem aquela alegria de não querer parar de abraçar? Então, foi assim. Conversamos até, tomamos cerveja, prometemos não nos perder de vista nunca mais, combinamos de marcar uns goles debaixo do pé de couve de sua casa nova. Descobrimos que envelhecemos falando das noras queridas - Ana (de meu Pedro) e Zilda (do Pedro dela), das faculdades dos filhos, do vício em cigarro - eu parei por promessa a São Jorge, ela não - enfim, foi um dia mágico, que me levou às mais doces lembranças.
Tia Nitinha, vou sempre me lembrar da acolhida que tive ao chegar nesta cidade que hoje considero minha terra - a acolhida mais protetora que desejo, tenham meus filhos, se algum dia se mudarem de minha casa.
Tia, Isão, Cassinha, Có - vocês vão estar sempre num lugar especial de minha vida.
Can

domingo, 10 de outubro de 2010

A PÁ E A LANTERNA

"Lembro-me de ver meu avô enterrar as cinzas da minha avó na fazenda da família, há 25 anos. Era uma noite fria de inverno, em novembro, no norte do estado de Nova York. Nós, os filhos e netos, fomos todos andando atrás do meu avô nas sombras arroxeadas da noite, pelos prados conhecidos, até o ponto arenoso da curva do rio onde ele decidira enterrar os restos de sua mulher. Levara uma lanterna na mão e uma pá no ombro. O chão estava coberto de neve e foi difícil cavar ali, mesmo para um objeto tão pequeno quanto aquela urna, mesmo para um homem tão robusto quanto o vovô Stanley. Mas ele pendurou a lanterna no galho nu de uma árvore e cavou o buraco sem parar - até que acabou. E é assim. Temos alguém por algum tempo e aí essa pessoa se vai.
E isso acontecerá com todos nós, com todos os casais que ficarem juntos com amor; algum dia (se tivermos sorte de passar a vida juntos), um de nós levará a pá e a lanterna para o outro."

Aposto que quem me acompanha no blog 'tá pensando que ando com fixação em casamento. Pode ser. É a terceira vez que trato do assunto, e com muito prazer, diga-se de passagem. Na verdade ando é apaixonada, cada dia mais encantada pelo meu Walmir.
E ele comigo - diz todos os dias e eu acredito.
Aconteceu "o" tão esperado casamento de Ana e Luiz. Tenho que me referir a ele como "o", porque não me lembro de ter visto cerimônia tão linda.
Pra começar o lugar é muito legal. Bonito, confortável, decorado com extremo bom gosto.
A cerimônia - alguém já assistiu à entrada de uma noiva ao som de harpa? Isto mesmo - tinha uma haspista tocando a marcha nupcial. Minhanossasenhora! É emocionante com força, gente. E os casais de pajens/daminhas? E o padre que falou lindo demais? Aquilo lá dá prazer de ouvir, e tinha verdade em cada palavra. E acredito que sim, Ana a Luiz querem iluminar a vida e ficar juntos até que seja necessária a pá.
Buffet perfeito, músicas idem.
Emocionou muito a alegria dos noivos e dos convidados. Sabem quando o mundo tá em festa, que entra um por um naquela onda de alegria? Então - foi assim.
Ana, linda linda linda, com um vestido em que nada sobrava nem faltava, na medida exata da beleza, andava pelos salões como se estivesse nas nuvens, numa leveza que só a felicidade plena nos permite. Luiz, encantado que estava com a noiva, olhava com a amorosidade dos realizados. Era este o clima da comemoração, de sonho. Lindo sonho.
Um brinde ao amor!
* E pra completar a perfeição, tinha bem-casados...

domingo, 3 de outubro de 2010

NÃO ACABOU

Infelizmente não acabou; 31 de Outubro tem mais - mais obrigação de votar, mais lei seca, mais caixa postal cheia de emails falando mal de um ou do outro candidato que restou, mais denúncias em jornais e revistas, mais debates repetitivos, enfim, mais chatura até lá.
A única coisa que sinto falta é dos candidatos engraçados do horário eleitoral, ainda que ache um absurdo quem não gosta dos programas e não tem canais pagos ficar sem opção de mudar de canal - ou assiste ou desliga.
Se já não gosto de votar, aí é que me dá mais antipatia - ter que ir lá duas vezes, e pra escolher um dos que não escolhi antes. Êita chateação, viu?
Mas nem tudo é ruim de todo, e às vezes é até bem engraçado. Depois de votar eu e Walmir fomos ao mercado comprar umas coisas pro almoço. Ele viu uma placa dizendo que era proibido vender bebida alcoólica hoje por força da lei eleitoral. Emburrou, cismou que ia comprar cerveja de qualquer jeito, tentou convencer a moça do caixa e o gerente a passar as cervejas com o se fossem outras mercadorias - não conseguiu. Ficou resmungando alto, xingando quem inventou a tal proibição.
Como ele raramente bebe álcool, perguntei se 'tava mesmo com tanta vontade de beber e ele disse que não, que queria comprar só de pirraça, porque achava desaforo uma lei determinar que dia de eleição era mais importante que outro dia qualquer de trabalho. Por que pra trabalhar todo dia neguinho pode chapar - não deve, mas se quiser pode - e pra votar tem que ir sóbrio? Se ainda fosse pra escolher sempre certo seria até bom, mas não tem sobriedade que faça com que sejam sempre os melhores escolhidos.
Pra comprovar basta ver a lista dos eleitos. Dá tristeza. Dificilmente alguma coisa vai mudar.

sábado, 2 de outubro de 2010

CASAMENTO

Casamento é boa coisa, eu acho. Sempre me alegro sabendo de alguém que vai se casar, vendo a pessoa animada e sonhadora, se empenhando pra organizar o "grande dia".
Nasci pra ter a vida que tenho. Desde pequena respondia, a quem me perguntava o que ia ser quando crescesse, que queria casar e ter um monte de filhos. Cá estou, do jeitinho que sempre quis, rodeada por minha prole e, de quebra, ganhei mais 3 filhos já crescidos e adoráveis.
Uma semana atrás foi Laurinha, minha florzinha preta, que se mudou pra Itacaré com o amado Bruno. Vejo as fotos da casa dela e mal posso acreditar que aquela menininha brava e atrevida virou mulher - o tempo voou e a menina também.
Hoje é o dia de Bel, moça brilhante, dona do cabelo mais lindo que já vi - cachos de anja - oficializar sua união com Felipe. Convidou pra madrinhas todas as grandes amigas, e minha filhota é uma delas. Semana inteira trocando figurinhas no facebook, marcaram maquiagem e manicure, hidrataram as madeixas, enfim, foi o bando se preparando. Tá todo mundo curtindo a superfesta agora.
No próximo sábado é de Ana e Luiz. Se o noivado foi emocionante - num helicóptero sobrevoando Manhattan em pleno reveillon - imaginem como será o casamento. Lá vou eu chorar de emoção vendo a noiva entrar na igreja. Sempre choro. Acho lindo!
E os bem-casados? Existe algum doce mais gostoso? E o que representam é muito bom também. Tinha um trauma com relação a eles, que curei no casamento com meu Walmir. A comemoração foi bem íntima, só nós e filhos, num almoço depois do cartório, mas teve bem-casados de sobremesa.
Tenho algumas amigas que, penso, são felizes nos relacionamentos; outras, nem tanto. Tudo tem os dois lados, inclusive viver sozinho, mas viver junto é muito legal. Exercitamos diariamente parceria, paciência, generosidade, alegria, tolerância; um aprendizado constante e delicioso.
Boa sorte aos noivos!