Como explicar um sujeito que para na estrada pra ver um acidente e é atropelado pelo próprio carro? Assim- desceu, puxou freio de mão, engrenou uma primeira, ligou pisca alerta, colocou triângulo, tudo direitinho, e foi pra frente do seu carro ver o caminhão que caiu na ribanceira. Vem uma carreta em alta velocidade e não teve tempo de frear; passou por cima do que tinha pela frente.
Hoje li uma crônica de Laura Mediolli que fala disto, e tem umas coisas que seriam engraçadas se não fossem trágicas. Uma delas: o cara morre atingido por uma tartaruga que caiu do céu.
Num programa de tv passa acidentes incríveis. Teve um nadador que estava treinando e morreu carbonizado. Como? Um avião do exército apagava um incêndio e buscava água no mar com um balde pendurado - encheu o balde exatamente onde estava o nadador e, claro, o piloto não viu, uma vez que o balde ficava embaixo do avião. Carregou a água até o incêndio e jogou com nadador e tudo no meio do fogo.
Mas não é só desgraça não, tem as coisas alegres. Como explicar uns encontros tão bacanas que acontecem entre amores, amigos, pessoas que jamais se encontrariam se não tivessem desligado o celular naquela hora, atravessado aquela rua, ido às compras naquele dia, assistido àquela peça? Tudo e qualquer ato nosso muda completamente nosso destino e o dos outros.
Escolha é o que você faz, destino é o que acontece decorrente do que fez. Acho assim.
Tenho uma amiga que está finalizando o casamento. Escolheu o caminho da coragem, embora a dita cuja lhe falte em alguns momentos e a amiga se desmanche em lágrimas. Natural que seja assim, porque a gente se acostuma e sente falta até do que é ruim.
Sobreviver a uma ou muitas crises no casamento é uma coisa; acomodar ou se apegar a uma matriz de sofrimento é outra bem diferente.
O desencontro deste casal 'tava escrito no destino? Sei lá, ninguém sabe, mas certamente as escolhas que fizeram ao longo da vida levou os dois a viverem a separação. E pode dar a chance ao casal de ter uma vida alegre, amorosa e leve com outros parceiros.
Falo com a arrogância de quem esteve lá - e passei por tanto pra achar meu par nesta vida.
O tempo todo laços se fazem e se desfazem. Um dilema moral nos coloca em dúvida quando desfazemos laços importantes, mas quando isto acontece é porque tais laços já se romperam irremediavelmente.
E é nesta hora que fica mais confortável acreditar no destino e derrubar qualquer culpa - sem se isentar da responsabilidade das escolhas, claro.
E se tinha que ser assim que seja.