quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

PIANO, SAX , AUTO-ESCOLA

Ganhei um piano. Foi assim - ganhei. Falei pra meu povo daqui de casa que tinha ganhado, eles riram achando que eu tava ficando teretetê e o piano chegou. Simples assim. Tá lá na sala, em lugar de honra, lugar que 'tava esperando por ele. Pronto. Questão fechada. Tava no meu destino ganhar um piano e pronto...ganhei.
Aí acontece o inesperado; no dia seguinte à chegada do piano acordo com um saxofone tocando "cidade maravilhosa". Como assim? Afinal de contas não ganhei um sax; sou fã desde sempre (sempre que tomei conhecimento, digo), mas nunca pensei em aprender a tocar nem nunca tinha visto/ouvido um até me mandar de Itambacuri pra capital.
Então - foi assim - acordei sem entender o que tava acontecendo. O despertador nem tinha tocado e tava eu em estado de graça, ouvindo uma melodia linda às 6:23 da manhã, ou seja, ainda madrugada.
Cheguei na varanda de meu quarto de olhos bem abertos pra ter certeza de que não estava sonhando - e não estava.
Um instrutor de auto-escola tocava de verdade. O aluno não sabia se fazia baliza ou se emocionava com a música. Deve ter feito os dois, porque emocionar seria coisa certa, e fazer baliza seria necessário pra tirar carteira de motorista.
Os pedreiros da obra vizinha não gostaram. Preferem Banda Calypso. Fazer o quê, né? Música saxofonizada seria muito pra eles. Gritaram, xingaram, mandaram parar com aquela viadagem toda. O instrutor de auto escola parou. Rumou pra outro endereço, com ouvintes mais sensíveis.
Parou de ensinar baliza e de tocar sax.
Pena...

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A falta que faz um T

Meu laptop aboliu o T. Quero escrever e me deparo com a impossibilidade por falta dessa tecla funcionar.
Escrever Teresa, técnica, televisão, traviata, trem, travesti, trapalhada, trapiche, trepada, trapacear, teoria, teologia, tartufo, tatuagem...nada disso dá. E tem cada palavra bacana que só!
Não poderia falar nem do DETRAN, que é o que vou contar hoje, no computador de meu marido.
Recebi uma correspondência pra renovar minha carteira de motorista, que vence daqui a um mês. Prevenida que sou, faço tudo o que é chato logo pra ficar livre. Fui.
Não podia ser através de despachante, uma vez que precisava trocar meu nome pro de casada. Tantos anos depois e só agora iria atualizar. Beleza.
Cheguei no DETRAN cedinho, pra evitar filas. Chuva que Deus dava e eu lá, esperando pra sair com tudo resolvido. Atualizaram meus dados, conferiram documento por documento, e vem a bomba: me mandaram pr'uma clínica na PQP de tão longe pra fazer de conta que ia fazer um exame. Fazer de conta eu digo porque é o exame mais furado que existe, em que não dá pra ninguém saber se você está ou não em condições físicas e psicológicas de conduzir qualquer veículo.
Argumentei com a moça do guichê, que me tratou mal pra caramba, que seria no mínimo razoável eu mesma escolher o local do exame, ou então eles me encaminharem pra que fosse mais perto.
Obs: tem uma na Timbiras e outra na Bernardo Guimarães, vizinhas ao detran.
Nada. Ela me ignorou, chamou outra senha e me deixou com cara de tonta falando sozinha.
Procurei o chefe do setor - ele me disse que era ordem do governador determinar a clínica na sorte, que a que caísse na digitação do nome do candidato à habilitação não poderia ser trocada.
Mais uma vez tentei explicar a dificuldade de atravessar a cidade debaixo daquele temporal pra fazer uma coisa tão simples, e que claro que seria possível facilitar a vida da gente, se tivessem vontade.
Não tiveram, nem a moça do guichê, nem o chefe dela, nem o supervisor do chefe, nem o delegado de plantão - conversei com todos e nada. Não adiantou minha conversa mansa, o jeito simpático - não tive o menor poder de convencimento. Ignoraram meus argumentos e me puseram pra correr com o rabinho entre as pernas.
Peguei um táxi furiosa, chorando de raiva, inconformada, indignada em me submeter à intransigência deles. Baixei na periferia da cidade enfrentando um trânsito caótico, paguei taxas caras no detran e na clínica, além de uma grana preta de táxi, tudo isto pra falar se tava enxergando 3 letras e 2 luzes. Em menos de 10 minutos eu tava com o protocolo pra receber a carteira revalidada.
Agora quem souber me diga - dá pra diminuir os acidentes nas cidades e nas estradas, quando o que os orgãos competentes pela legalização de documentos pra guiar se preocupam é em aumentar a "burrocracia", ao invés de ensinar e cobrar mais as normas d segurança?
Dá não.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O SUMIÇO DA PANTUFA

Gentem!!! Vocês sabem que não falo bobagem, né? E sabem ainda que o povo de Itambacuri é ninja demais e só indica coisa bacana...
Então. Vai ter o lançamento de um livro super hiper muito demais show de bola - O SUMIÇO DA PANTUFA, vencedor em 2009 do prêmio "Barco a Vapor", da Edições SM.
Vai ser sábado, na Livraria Corre Cutia, de 10 às 13hs, com direito a autógrafos e contagem de causos!
Dica pra chegar fácil: av do Contorno > rua Grão-Mogol > 1ª rua à esquerda, rua Outono, 579.
Vam'bora todo mundo lá. Aposto que ninguém vai se arrepender.
Bejim
Cândida
* Em tempo: Ganhei um piano de presente. É piano mesmo, daquele de tocar, que fica na sala de visitas. Amanhã vou contar a história. Não percam. Inté!!!

sábado, 27 de novembro de 2010

FAMÍLIA É PRATO DIFÍCIL DE PREPARAR
(do livro "O Arroz de Palma",de Francisco Azevedo)

"Família é prato difícil de preparar. São muitos ingredientes. Reunir todos é um problema, principalmente no Natal e no Ano Novo. Pouco importa a qualidade da panela, fazer uma família exige coragem, devoção e paciência. Não é para qualquer um. Os truques, os segredos, o imprevisível. Às vezes, dá até vontade de desistir. Preferimos o desconforto do estômago vazio. Vêm a preguiça, a conhecida falta de imaginação sobre o que se vai comer e aquele fastio. Mas a vida, (azeitona verde no palito) sempre arruma um jeito de nos entusiasmar e abrir o apetite. O tempo põe a mesa, determina o número de cadeiras e os lugares. Súbito, feito milagre, a família está servida. Fulana sai a mais inteligente de todas. Beltrano veio no ponto, é o mais brincalhão e comunicativo, unanimidade. Sicrano, quem diria? Solou, endureceu, murchou antes do tempo. Este é o mais gordo, generoso, farto, abundante. Aquele o que surpreendeu e foi morar longe. Ela, a mais apaixonada. A outra, a mais consistente.
E você? É, você mesmo, que me lê os pensamentos e veio aqui me fazer companhia. Como saiu no álbum de retratos? O mais prático e objetivo? A mais sentimental? A mais prestativa? O que nunca quis nada com o trabalho? Seja quem for, não fique aí reclamando do gênero e do grau comparativo. Reúna essas tantas afinidades e antipatias que fazem parte da sua vida. Não há pressa. Eu espero. Já estão aí? Todas? Ótimo. Agora, ponha o avental, pegue a tábua, a faca mais afiada e tome alguns cuidados. Logo, logo, você também estará cheirando a alho e cebola. Não se envergonhe de chorar. Família é prato que emociona. E a gente chora mesmo. De alegria, de raiva ou de tristeza.
Primeiro cuidado: temperos exóticos alteram o sabor do parentesco. Mas, se misturadas com delicadeza, estas especiarias, que quase sempre vêm da África e do Oriente e nos parecem estranhas ao paladar tornam a família muito mais colorida, interessante e saborosa.
Atenção também com os pesos e as medidas. Uma pitada a mais disso ou daquilo e, pronto, é um verdadeiro desastre. Família é prato extremamente sensível. Tudo tem de ser muito bem pesado, muito bem medido. Outra coisa: é preciso ter boa mão, ser profissional. Principalmente na hora que se decide meter a colher. Saber meter a colher é verdadeira arte. Uma grande amiga minha desandou a receita de toda a família, só porque meteu a colher na hora errada.
O pior é que ainda tem gente que acredita na receita da família perfeita. Bobagem. Tudo ilusão. Não existe Família à Oswaldo Aranha; Família à Rossini, Família à Belle Meuni; Família ao Molho Pardo, em que o sangue é fundamental para o preparo da iguaria. Família é afinidade, é a Moda da Casa. E cada casa gosta de preparar a família a seu jeito.
Há famílias doces. Outras, meio amargas. Outras apimentadíssimas. Há também as que não têm gosto de nada, seriam assim um tipo de Família Dieta, que você suporta só para manter a linha. Seja como for, família é prato que deve ser servido sempre quente, quentíssimo. Uma família fria é insuportável, impossível de se engolir.

Enfim, receita de família não se copia, se inventa. A gente vai aprendendo aos poucos, improvisando e transmitindo o que sabe no dia a dia. A gente cata um registro ali, de alguém que sabe e conta, e outro aqui, que ficou no pedaço de papel. Muita coisa se perde na lembrança. Principalmente na cabeça de um velho já meio caduco como eu. O que este veterano cozinheiro pode dizer é que, por mais sem graça, por pior que seja o paladar, família é prato que você tem que experimentar e comer. Se puder saborear, saboreie. Não ligue para etiquetas. Passe o pão naquele molhinho que ficou na porcelana, na louça, no alumínio ou no barro. Aproveite ao máximo. Família é prato que, quando se acaba, nunca mais se repete."

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

MENINA DE OURO-PRATA-BRONZE

Minha menina de ouro conquistou o bronze no concurso da Anglogold, o maior concurso de joias de ouro do mundo.
Imaginem uma menina encantadora - a minha LIS - pensando que queria muito mais do que ser publicitária e sem saber que rumo tomar...e mamy aqui, sem saber o que dizer pra tal moça bacana.
Fez um curso legal, graduou-se e teve homenagem de criação na formatura, trabalhou com moda, foi trapaceada pelo sujeito que vendia carnê do Baú da Felicidade numa kombi, fez estágio bem remunerado na empresa de publicidade de um dos "mensaleiros", não gostou da experiência e deu de fazer o curso de joalheria, pós-graduação na área, montou a oficina de jóias e pronto!!! T'aqui minha menina, brilhando mais que ouro em tudo o que se aventura a fazer.
A festa foi linda. Palácio das Artes pequeno pra tanta emoção. Eu, mãe apaixonada pela ninhada que sou, não sabia se ria ou chorava. Achei que o "mais bom" era comemorar com ela, abraçar muito, brindar, alegrar.
Com ela e todos os amigos parceiros pra sempre, que andam comigo pela vida.

http://ego.globo.com/Gente/Noticias/0,,MUL1630663-9798,00-LUIZA+BRUNET+POSA+COM+AS+JOIAS+VENCEDORAS+DE+CONCURSO+EM+BH.html


terça-feira, 9 de novembro de 2010

DO BANCO DE LEITE AO ENEM

Vivi com meu "anjo fiote" a ansiedade dos exames do ENEM. Passamos um fim de semana por conta de arrumar lanches pra levar, conferir documentos e material, dormir mais cedo pra acordar bem disposto, ter uma alimentação balanceada, enfim, dedicamos 2 dias às tais provas, ele como candidato a uma vaga na universidade e eu como mãe cuidadosa.
Pra quê? Pra ver a desorganização e irresponsabilidade do MEC atrapalharem toda a preparação técnica e emocional dos alunos.
A escola onde meu filho fez as provas ficou sem luz até as 15 horas; desde 1/2 dia os candidatos estavam lá dentro e não puderam sair até que a energia elétrica fosse reestabelecida, já que a faculdade Pitágoras não tem geradores. Terminaram a prova às 19:30h, exaustos e estressados. Domingo foi menos tumultuado , o que não impediu que houvesse confusão em alguns locais de aplicação das provas, inclusive com um aluno fotografando as questões e enviando pelo celular sei lá pra quem. É, o aluno entrou com celular, o que era - ou deveria ser - expressamente proibido e fiscalizado. Não foi.
Agora a notícia de que os exames podem ser anulados. Não quero acreditar que o ENEM vai ser motivo de chacota sempre, que ano após ano os responsáveis provem sua incapacidade pra organizar o que é de sua alçada, com todas as condições pra fazer um trabalho bem feito e não o fazem. Mais uma vez, azar dos alunos que estavam bem preparados.
Quando vejo meu menino que foi amamentado por mais de 2 anos, bem cuidado até mandar parar, estudou em excelentes escolas, trabalha desde os 15 anos, criou um jogo na internet que já tem dado frutos, enfim, é difícil de acreditar que virou um homem. Assustei quando fui deixá-lo lá no primeiro dia, eu mais agoniada do que ele. Estava seguro, equilibrado, preparado pra tomar seu primeiro rumo na vida por sua própria e solitária escolha. Definiu o curso, fez a inscrição, matriculou-se no cursinho prévestibular, estudou por 9 horas todos os dias, deu conta até aqui. Vai dar sempre, aposto. É um sujeito bacana.
Chorei emocionada me lembrando dele pequeninho, mamando no peito e me dividindo com outras crianças que também amamentei - o primo que foi adotado e a mãe ainda não sabia o que fazer com o bebê que surgiu de uma hora pra outra; o filho do amigo do pai, que era prematuro e o leite da mãe secou por causa da depressão pós parto; os bebês internados e ainda na incubadora, que eram alimentados com doação de leite materno para o banco de leite.
Era até engraçado. O furgão da maternidade vinha à nossa casa uma vez por semana, deixava 7 mamadeiras esterilizadas e levava outras 7 cheias de leite materno congelado. Durante a semana eu ia enchendo com o que sobrava depois que todos mamavam - não desperdiçava nada. Primeiro mamava Tuti, depois íamos pra casa do prematuro, depois pra casa do que foi adotado, depois tirava e ia enchendo as mamadeiras. Nessa mexida já era hora de repetir a "operação", então imaginem o que mais eu fazia além de amamentar, tomar banho, comer e dormir? Nada. Não sobrava tempo. Durante mais de um ano foi assim, até que mantive só o de meu menino - ate o desmame, muito tempo depois.
Chegou uma hora em que não deu mais, não porque não quiséssemos, mas porque ele rejeitava a maioria dos alimentos, só queria peito, e puxava minha roupa na rua ou em qualquer lugar quando a fome batia. Demoramos pra dar conta de desapegar, e nem sei bem se demos. Temos uma ligação eterna como mãe e filho, eu sei, mas sinto ainda uma comunicação interna que é, muitas vezes, inexplicável. Um sempre sabe o que tá acontecendo com o outro, mesmo sem precisar contar.
Agora está ele aí, neste mundão de meu Deus, escrevendo sua história do jeito que escolheu. E eu aqui, com o colo.
E os trabalhadores do governo lá, sem saber fazer uma prova direito, deixando nossos meninos sem saber se o esforço que fizeram vai valer.
Dá pra entender?

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

SOFASES BRANCOS

Quem assistiu ao Jornal Nacional hoje ouviu o apresentador falando: " Em assalto no interior de São Paulo bandidos levam meio milhões de reais".
Ops! Meio milhões?
Voltei ao tempo em que meus filhos estudavam no Instituto Zilah Frota, a escola mais burguesa que o mundo já viu.
O uniforme:
* Meninos: calça curta de tergal cinza+camisa colarinho branca+gravata xadrez de verde e vermelho+meia escocesa xadrez+sapato de amarrar de couro marrom+pasta de couro marrom+merendeira de couro marrom
* Meninas: Saia plissada de tergal cinza+camisa branca+gravata xadrez+meia escocesa+sapato boneca de couro marrom+ pasta de couro marrom+,merendeira de couro marrom
* Pra meninos e meninas: Macacão cáqui com o nome bordado no peito
* Pra meninos e meninas - o uniforme de gala, que acrescentava capa e meias 3/4 brancas pra ambos e laço de fita de cetim branco pras meninas.

Era assim - iam pra escola impecáveis e voltavam ainda mais impecáveis. Chegavam lá e trocavam de roupa; colocavam o macacão e faziam todas as atividades. Faltando 30 minutos pro final da aula era hora da faxina de devolução pros pais - lavavam mãos e rosto, escovavam os dentes e as unhas, recolocavam o uniforme escocês e eram entregues à família.
A devolução: Os responsáveis iam buscar as crianças, algumas poucas mães, poucos caseiros e muitos, muitos motoristas. Até quem morava a um quarteirão da escola achava mais chique mandar motorista. Eu achava era muito brega morar ao lado da escola e mandar algum funcionário buscar meus filhos, então era uma daquelas "poucas mães" - senão a única - a entrar na fila de chamada. Chegávamos lá e tinha aquela fila enorme, as crianças nas salas de aula, e cada uma era chamada pelo autofalante pelo nome e sobrenome, aí descia. Pronto, 'tava entregue. Êita frescura!
Enfim, contei esta ladainha toda pra falar da primeira comunhão no Zilah Frota que era igual casamento, tamanha preparação e gastos.
Estava numa reunião de pais - mães, governantas e nenhum pai - pra decidir sobre a cerimônia da primeira comunhão. Eu, com a paciência que tenho sempre com frescura e conversas idiotas, 'tava lá sentadinha assistindo à esplanação sobre a programação da cerimônia.
Uma mãe chique - mas burra até mandar parar - dá de dizer que não concordava em cortar gastos imprescindíveis na festa de primeira comunhão, que a escola ficar inteirinha decorada com flores e "sofases" brancos era questão fechada pra ela.
Não consegui me conter, levantei e vim embora. Uma mãe que acha de suma importância sofases brancos não deveria nem abrir a boca, né não? Ia eu ficar fazendo o que naquela reunião?
A mesma coisa fiz hoje, ao ouvir "meio milhões" no Jornal Nacional - levantei e vim fazer um caldo de feijão caprichado. E tomar uma cachaça fazendo um brinde aos "sofases brancos".

TIA NITINHA

Em 1979 eu, menor de idade, terminei o segundo grau e queria vir pra BH estudar. Mamãe bateu o pé - "só depois dos 18 anos", dizia sempre, com a autoridade de quem sabia tudo o que seria melhor pra cada um dos filhos.
Saída de um noivado recém acabado, eu queria porque queria vir pra capital, começar uma vida nova.
Tudo combinado com papai, meu parceiro incondicional, esperamos mamãe ir pra São João Del Rey fazer um curso de especialização pra comprar passagem.
Vim. Fugi com a conivência de papai. Peguei um ônibus lá em Itambacuri e baixei aqui, na rua Serravit - Floresta. Guardo doce lembrança daquele endereço.
Vim. Pra casa de tia Nitinha, a tia mais encantadora e doce que alguém pode querer.
Os sábados à tarde eram dedicados ao vício - mesas de baralho. Marisa, já casada com Marcinho e com o filho Alexandre pequeninho, organizava os campeonatos de buraco.
Cassinha era solteira e minha companheira naquele quarto do tamanho do mundo. Dormíamos em camas vizinhas, mas como eu era muito menina, lembro bem dela me dando conselhos pra ficar esperta na capital.
Cozinho me apresentou pizza com catupiry, Fagner na vitrola, papo cabeça. Namorava Soraya e era fiel até a morte, mas me dava atenção como a uma irmã mais nova.
O Mineirão - a primeira vez que fui assistir a um jogo foi na torcida do Atlético, com Marcinho e Marcelo, irmão dele. Triste lembrança - não pude reclamar, nem sendo cruzeirence desde nascença. Papai morreu sem saber dessa traição...
Fui passar a tarde ontem com tia Nitinha. Ela operou do joelho e sempre reclama que foi abandonada por mim, que sumi depois que casei, coisas de tia que gosta muito da gente e fica enciumada quando não damos a devida atenção. Pois então, fui vê-la ontem.
Na chegada encontrei Cassinha, prima querida, que não via há uns 13 anos. Acho que nos encontramos no batizado de Bernardo, seu anjo fiote, que já fez 15.
Sabem aquela alegria de não querer parar de abraçar? Então, foi assim. Conversamos até, tomamos cerveja, prometemos não nos perder de vista nunca mais, combinamos de marcar uns goles debaixo do pé de couve de sua casa nova. Descobrimos que envelhecemos falando das noras queridas - Ana (de meu Pedro) e Zilda (do Pedro dela), das faculdades dos filhos, do vício em cigarro - eu parei por promessa a São Jorge, ela não - enfim, foi um dia mágico, que me levou às mais doces lembranças.
Tia Nitinha, vou sempre me lembrar da acolhida que tive ao chegar nesta cidade que hoje considero minha terra - a acolhida mais protetora que desejo, tenham meus filhos, se algum dia se mudarem de minha casa.
Tia, Isão, Cassinha, Có - vocês vão estar sempre num lugar especial de minha vida.
Can

domingo, 10 de outubro de 2010

A PÁ E A LANTERNA

"Lembro-me de ver meu avô enterrar as cinzas da minha avó na fazenda da família, há 25 anos. Era uma noite fria de inverno, em novembro, no norte do estado de Nova York. Nós, os filhos e netos, fomos todos andando atrás do meu avô nas sombras arroxeadas da noite, pelos prados conhecidos, até o ponto arenoso da curva do rio onde ele decidira enterrar os restos de sua mulher. Levara uma lanterna na mão e uma pá no ombro. O chão estava coberto de neve e foi difícil cavar ali, mesmo para um objeto tão pequeno quanto aquela urna, mesmo para um homem tão robusto quanto o vovô Stanley. Mas ele pendurou a lanterna no galho nu de uma árvore e cavou o buraco sem parar - até que acabou. E é assim. Temos alguém por algum tempo e aí essa pessoa se vai.
E isso acontecerá com todos nós, com todos os casais que ficarem juntos com amor; algum dia (se tivermos sorte de passar a vida juntos), um de nós levará a pá e a lanterna para o outro."

Aposto que quem me acompanha no blog 'tá pensando que ando com fixação em casamento. Pode ser. É a terceira vez que trato do assunto, e com muito prazer, diga-se de passagem. Na verdade ando é apaixonada, cada dia mais encantada pelo meu Walmir.
E ele comigo - diz todos os dias e eu acredito.
Aconteceu "o" tão esperado casamento de Ana e Luiz. Tenho que me referir a ele como "o", porque não me lembro de ter visto cerimônia tão linda.
Pra começar o lugar é muito legal. Bonito, confortável, decorado com extremo bom gosto.
A cerimônia - alguém já assistiu à entrada de uma noiva ao som de harpa? Isto mesmo - tinha uma haspista tocando a marcha nupcial. Minhanossasenhora! É emocionante com força, gente. E os casais de pajens/daminhas? E o padre que falou lindo demais? Aquilo lá dá prazer de ouvir, e tinha verdade em cada palavra. E acredito que sim, Ana a Luiz querem iluminar a vida e ficar juntos até que seja necessária a pá.
Buffet perfeito, músicas idem.
Emocionou muito a alegria dos noivos e dos convidados. Sabem quando o mundo tá em festa, que entra um por um naquela onda de alegria? Então - foi assim.
Ana, linda linda linda, com um vestido em que nada sobrava nem faltava, na medida exata da beleza, andava pelos salões como se estivesse nas nuvens, numa leveza que só a felicidade plena nos permite. Luiz, encantado que estava com a noiva, olhava com a amorosidade dos realizados. Era este o clima da comemoração, de sonho. Lindo sonho.
Um brinde ao amor!
* E pra completar a perfeição, tinha bem-casados...

domingo, 3 de outubro de 2010

NÃO ACABOU

Infelizmente não acabou; 31 de Outubro tem mais - mais obrigação de votar, mais lei seca, mais caixa postal cheia de emails falando mal de um ou do outro candidato que restou, mais denúncias em jornais e revistas, mais debates repetitivos, enfim, mais chatura até lá.
A única coisa que sinto falta é dos candidatos engraçados do horário eleitoral, ainda que ache um absurdo quem não gosta dos programas e não tem canais pagos ficar sem opção de mudar de canal - ou assiste ou desliga.
Se já não gosto de votar, aí é que me dá mais antipatia - ter que ir lá duas vezes, e pra escolher um dos que não escolhi antes. Êita chateação, viu?
Mas nem tudo é ruim de todo, e às vezes é até bem engraçado. Depois de votar eu e Walmir fomos ao mercado comprar umas coisas pro almoço. Ele viu uma placa dizendo que era proibido vender bebida alcoólica hoje por força da lei eleitoral. Emburrou, cismou que ia comprar cerveja de qualquer jeito, tentou convencer a moça do caixa e o gerente a passar as cervejas com o se fossem outras mercadorias - não conseguiu. Ficou resmungando alto, xingando quem inventou a tal proibição.
Como ele raramente bebe álcool, perguntei se 'tava mesmo com tanta vontade de beber e ele disse que não, que queria comprar só de pirraça, porque achava desaforo uma lei determinar que dia de eleição era mais importante que outro dia qualquer de trabalho. Por que pra trabalhar todo dia neguinho pode chapar - não deve, mas se quiser pode - e pra votar tem que ir sóbrio? Se ainda fosse pra escolher sempre certo seria até bom, mas não tem sobriedade que faça com que sejam sempre os melhores escolhidos.
Pra comprovar basta ver a lista dos eleitos. Dá tristeza. Dificilmente alguma coisa vai mudar.

sábado, 2 de outubro de 2010

CASAMENTO

Casamento é boa coisa, eu acho. Sempre me alegro sabendo de alguém que vai se casar, vendo a pessoa animada e sonhadora, se empenhando pra organizar o "grande dia".
Nasci pra ter a vida que tenho. Desde pequena respondia, a quem me perguntava o que ia ser quando crescesse, que queria casar e ter um monte de filhos. Cá estou, do jeitinho que sempre quis, rodeada por minha prole e, de quebra, ganhei mais 3 filhos já crescidos e adoráveis.
Uma semana atrás foi Laurinha, minha florzinha preta, que se mudou pra Itacaré com o amado Bruno. Vejo as fotos da casa dela e mal posso acreditar que aquela menininha brava e atrevida virou mulher - o tempo voou e a menina também.
Hoje é o dia de Bel, moça brilhante, dona do cabelo mais lindo que já vi - cachos de anja - oficializar sua união com Felipe. Convidou pra madrinhas todas as grandes amigas, e minha filhota é uma delas. Semana inteira trocando figurinhas no facebook, marcaram maquiagem e manicure, hidrataram as madeixas, enfim, foi o bando se preparando. Tá todo mundo curtindo a superfesta agora.
No próximo sábado é de Ana e Luiz. Se o noivado foi emocionante - num helicóptero sobrevoando Manhattan em pleno reveillon - imaginem como será o casamento. Lá vou eu chorar de emoção vendo a noiva entrar na igreja. Sempre choro. Acho lindo!
E os bem-casados? Existe algum doce mais gostoso? E o que representam é muito bom também. Tinha um trauma com relação a eles, que curei no casamento com meu Walmir. A comemoração foi bem íntima, só nós e filhos, num almoço depois do cartório, mas teve bem-casados de sobremesa.
Tenho algumas amigas que, penso, são felizes nos relacionamentos; outras, nem tanto. Tudo tem os dois lados, inclusive viver sozinho, mas viver junto é muito legal. Exercitamos diariamente parceria, paciência, generosidade, alegria, tolerância; um aprendizado constante e delicioso.
Boa sorte aos noivos!

sábado, 25 de setembro de 2010

FARINHA DE ROSCA

Gente amiga!!! Alguém já produziu farinha de rosca? De rosca só no nome, porque é feita de pão velho, seco, duro. Pois é, hoje eu fiz.
Tem farelo até na menina de meus olhos. Nunca vi nada se espalhar tanto quanto os malditos farelos quando são batidos no liquidificador. Lembrei exatamente de uma situação em que, aposto, todo mundo já passou: sacudir a toalha de praia contra o vento e voar areia até em quem está em alto-mar andando de lancha. PQP! Vontade de jogar fora farinha com liquidificador com panos de prato com a bancada da cozinha com minha cara junto, de tanto arrependimento. Coisa mais pobre bater pão velho pra fazer farinha, viu? Mas eu tava à toa, voltando do centro espírita toda relaxada e com preguiça até de pensar, aí dei de fazer a bobagem. Prá nunca mais, juro.
E olhem que se fosse Madalena - minha ajudante tonta - que inventasse uma proeza dessas, ia escutar uns dois dias. Mas não foi e cá estou eu, cansada de limpar chão e bancada pra fazer uma coisa que não custaria 3 reais na padaria. Tomou, papuda? Coloquei meu rabinho entre as pernas. Podem me chamar de burra, eu deixo. Burra, mas feliz.
'Tamos, eu e meu Walmir, fazendo um tratamento espiritual. Uma vez por semana ficamos por conta de limpar os carmas, as ruindades, e é muito bom. Tudo eu acho bom, mas isto é bom de verdade. É um tempo que dedicamos a cuidar do espírito, e nem jogo do Cruzeiro nos impede de cumprir o compromisso que fizemos.
Hoje tive certeza de que é o melhor que podemos fazer - porque perder de 4x1 não é coisa de Deus, é?

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

INVEJOSA GRAÇAS A DEUS

Sou invejosa. Dos pecados capitais este é o meu preferido. Todo dia tenho alguma inveja - do jeito que meu Walmir escreve, da criatividade de Lis, de falar inglês como Tê, da vaidade de Mamãe, de cozinhar divinamente que nem Alexandrina, costurar que nem Alba, dar aulas que nem Aninha, saber tudo de computador que nem Tuti, enfim, se não existe inveja boa sou uma pecadora da hora em que acordo até quando vou dormir. Tenho até algumas invejas terceirizadas, tipo assim - compro alguma coisa pra mim e sei que alguma amiga vai invejar, já compro pra ela também.
Hoje me roí lendo um anúncio na revista Piauí - a melhor revista do mundo, diga-se de passagem. Não sei se gosto mais das capas, dos artigos ou dos anúncios, mas este foi o mais sensacional que já vi em qualquer lugar. Vejam se não tenho razão:
" MENSAGEM ENGARRAFADA & DESAFORO POR ENCOMENDA"
Marileide aceita encomenda de mensagens por telefone ou entrega de pergaminhos enrolados numa garrafa. Vale tudo: cumprimentos e xingamentos.
Santo Antônio Além do Carmo - BA
Minhanossassenhora! Como é que uma pessoa tem uma idéia dessas e eu não? Este pra mim é infinitamente melhor que aquele do marido de aluguel, que causou tanto frisson quando foi publicado.
Quem disser que não tem inveja é um mentiroso e mentir também é pecado, pior até, eu acho.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

ADORO HORÁRIO POLÍTICO! SERÁ QUE VAI CHOVER?

O clima tá muito doido. É um tal de esquenta-esfria que deixa a gente sem saber se coloca agasalho ou os pés no chão pra refrescar.

Hoje tá quente demais. D’agora pra frente a chance de piorar aumenta, ainda mais com a proximidade das eleições. A cada dia os candidatos esquentam as acusações, os ânimos, as mentiras, as verdades que estavam debaixo dos tapetes dos comitês eleitorais, o desespero de quem tem pouca chance e de quem quer ganhar logo no primeiro turno...

Acho um absurdo esta história de segundo turno; somos obrigados a escolher entre os dois mais votados, quando nem sempre foi num deles que votamos da primeira vez. Ora, se não votei antes é porque não acredito que nenhum deles seja o melhor – ou o menos pior. Sacanagem, eu acho.

Agora mesmo tô nessa saia justa, ainda na esperança de que minha candidata vá para o segundo turno e eu possa votar nela de novo, tapando a boca dos poderosos que já consideram a eleição presidencial disputada só pelo casal Drácula e Tartaruguita. Os outros nem são considerados como possibilidade de disputa pau a pau. Vamos ver.

Mas que gosto imensamente de horário eleitoral eu gosto. Parece mentira, mas morro de pena quando acaba. É muito divertido ver os candidatos que aparecem sei lá de onde, de algum buraco negro no centro da terra de tão esquisitos que são, que mal sabem ler no teleprompter e ficam querendo agir naturalmente, como se falassem de improviso. Êita mentirada engraçada. Tem uns antipáticos até mandar parar que tentam parecer simpáticos, riem, abraçam eleitores, pegam crianças catarrentas e descabeladas no colo e devem se lavar com creolina quando chegam em casa. E os nomes, gente? Alguns impronunciáveis.

Um rapaz veio aqui pedir voto pro primo. O argumento usado foi que todo mundo precisa ter ao menos um conhecido bem próximo que seja político, pois numa “emergência” – entenda-se como emergência necessidade de trapaça – a gente liga direto pro celular do eleito e ele se vale do tráfico de influência pra resolver a questão. Detalhe: quem veio pedir votos é um calouro, ou seja, vai votar pela primeira vez e já tem esta opinião, já está estragado antes mesmo de dar seu primeiro voto. Ô pena...

Dia desses aconteceu uma coisa engraçada lá em Itambacuri: minha tia 'tava numa festa com todo o povo da cidade. Chega um desses candidatos antipáticos por natureza, mas como precisa de não sei quantos mil votos pra se eleger vira a simpatia em pessoa. Bate nas costas de tia e pergunta por seu filho. Deu azar. Falou o nome errado ao perguntar e citou foi o nome de outro sobrinho. Tia, implicante que é até mandar parar, ficou furiosa. Já não ia votar nele, mas depois disso deu foi de fazer campanha contra. Esbraveja toda vez que se lembra da cena: “FDP, nunca me cumprimentou antes e ainda vem perguntar de meu sobrinho como se fosse meu filho, me confundindo com minha irmã que morreu há 3 anos? Pois se depender de mim não tem nenhum voto meu nem da vizinhança”.

Hum, mal sabe o candidato que vizinhança pra ela é qualquer lugar onde dá conta de ir caminhando, e olhe que a danada parece que comeu canela de cachorro, de tanto que roda a cidade. Podia ter ficado quieto e perderia só um voto, né não?

AMERICANOS CUCARACHAS

Foi morar nos Estados Unidos 10 anos atrás, sonhando em juntar dólares e comprar uma casa no interior de Minas. Passou pelo México, atravessou o deserto à noite, ficou endividada por causa das despesas com a viagem, mas se ajeitou.

Conheceu um brasileiro que estava lá na mesma condição e deram de sonhar juntos. Tiveram duas filhas que nunca vieram ao Brasil. Receosos de não conseguir voltar foram ficando, juntando dinheiro, trabalhando e cuidando uns dos outros. Planejavam vir embora no próximo ano, pra férias definitivas em nosso adorável país.

Dias atrás a moça teve um AVC. Era velha não, nova, uns quarenta e poucos anos. Socorrida, teve que se submeter a uma cirurgia. Não resistiu.

Nenhum dos familiares ou amigos brasileiros era legalizado e a complicação só aumentou. Quem poderia aparecer e se responsabilizar pelo corpo sem correr o risco de ser deportado?

Deve ter sido o marido, não sei direito. Autorizou a doação de todos os órgãos e se perdeu na dor entre consolar as filhas e decidir se pegava todas as economias e providenciava o traslado do corpo vazio, oco, mas que ainda representava externamente o que foi a moça um dia.

Dez dias depois da morte, o velório de corpo presente vai acontecer em sua terra. A casa da mãe ficou cheia dos amigos e parentes chorando a espera, que aconteceu hoje. Não é nem de longe como a mãe pensava em reencontrar a filha depois de tantos anos, mas fez questão de que a trouxessem de volta, pra que pudesse se despedir.

O apego ao corpo físico é compreensível , mas será que justifica tanto tormento? Difícil julgar. Não seria menos traumático que as meninas de 6 e 8 anos, que nunca estiveram com os avós ou parentes que vivem no Brasil, continuassem por mais algum tempo onde estão desde que nasceram, e virem visitar a família aqui quando tivessem entendido a partida precoce da mãe? Como o viúvo, pai das meninas, vai conseguir sobreviver sem a esposa, sem casa, sem projetos concretos, vendo sua vida familiar virar de pontacabeça depois da tragédia?

Será que o fato de tantos americanos terem se beneficiado dos órgãos doados pela moça brasileira vai permitir a volta do marido e das filhas para concluírem o sonho interrompido naquele país?

Deus queira.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

SEM ESCOLHA

Passei um tempo ressaqueada com os tristes acontecimentos. Melhorei, como meu otimismo sempre me obriga.
Vou contar o que aconteceu hoje e me deixou "abestaiada": paro no engarrafamento da Afonso Pena, lá no centro da cidade, e me distraio olhando os pedestres. Se tem coisa que acho interessante é ficar dentro do carro parado vendo aquele tanto de gente correndo de um lado pro outro, cada um em seu ritmo, com o gosto muitas vezes duvidoso na escolha das vestimentas, bolsas enroscadas entre o sovaco e o peito - principalmente das mulheres mais velhas. Fico reparando e nem vejo o tempo passar; o sinal abre e dá até pena de perder os lances engraçados que só em centro de cidade tem.
Enfim, eu 'tava lá distraída e vi um bando de ciganas - nem devem ser, mas estavam vestidas de- querendo pegar algum bocó pra ler a mão. Quando digo pegar era pegar mesmo, na marra, na força. Quando passava algum/a com cara de mais inocente elas pulavam na frente, do lado, atrás, puxavam a pessoa pela roupa, pela bolsa, pelo braço, por onde desse. Se não fosse com muita esperteza era impossível se livrar delas.
Fiquei incomodada com aquele desrespeito. Eu, cá de dentro do carro, protegida pelos vidros fechados e portas trancadas, me senti invadida por elas tanto quanto as pessoas que foram agarradas.
Ainda que fosse verdade o poder de ler a mão, isso não lhes daria o direito de obrigar o outro a querer saber do futuro, 'inda mais sendo uma grande d'uma picaretagem. Quer escutar? Escuta. Não quer? Escuta assim mesmo.
Isso pra mim é que nem ouvir conversa de celular de estranhos. O telefone toca em qualquer lugar e hora, o sujeito atende - de preferência bem alto - e não adianta a gente querer não ouvir. No elevador, na loja de shopping, no táxi-lotação, na fila do banco, na academia, na pista de cooper, no supermercado, caminhando na rua... Não tem jeito, escuta ou escuta. Sem escolha.
Tem horas que dá até vontade de dar palpite na conversa, pra ver se a pessoa desconfia do quanto está sendo incoveniente.
Os assuntos são de uma variedade infinita: a saúde dos parentes, compra de madeira pra reforma da casa, quantidade de kg que engordou, quota do churrasco rateado por 16 pessoas num dos jogos da copa e e aquele amigo folgado não pagou, carona pro Mineirão, a tinta que manchou todo o cabelo, o médico que negou um simples atestado só pra que ela não emendasse o feriado, o fingimento da cunhada e da sogra...
Gente, juro que nada disso é invenção minha. Tenho uma caderneta que fica sempre à mão, pra que eu anote algumas coisas que tenha vontade a qualquer momento.
Muito do que escrevo aqui só consigo me lembrar depois por causa das anotações. Vale a pena, não vale? E vocês tem escolha.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

DE MÃE PRA MÃES

Não há como negar que em coração de mãe cabe um mundo inteiro, mas não tem nenhum canto - e nem terá nunca - que caiba compreender e aceitar morte de filho. Essa possibilidade não deveria existir se tudo fosse tão perfeito quanto gostaríamos. Deus falhou aí, deixando margem pra que uma ruindade tão grande acontecesse a tantas mulheres neste vasto mundão.
Um anjo skatista deu de partir cedo demais. Chorei até desidratar e perder a voz, porque me coloco no lugar da mãe dele e não consigo acreditar que ele 'tava lá, fazendo uma coisa tão bacana, voando no chão, e vem alguém pra acabar com a alegria do menino, da mãe do menino, do pai do menino, dos amigos do menino, de tantos meninos e tantas mães dos meninos que só querem sentir o vento na cara, testar o equilíbrio em cima daquela prancha de madeira, ralar os cotovelos e joelhos pra, quando chegarem em casa esfolados, a mãe assoprar e fazer curativos. Se for muito grave os amigos já ligam do hospital pra mãe ir lá ver o médico colocar ombro no lugar, engessar braços e mãos, marcar cirurgia pra remendar o que quebrou na última queda...
Cada um precisa ter mãe pra dar apoio quando é machucado às vésperas de uma competição e, claro, não consegue lidar com a frustração sozinho. Aí aparece um colo quentinho pra acolher, mãos protetoras pra fazer um chá e tempo disponível pra assistir juntos filmes "nada a ver", mas cada etapa destas faz parte do apoio moral pro anjo melhorar.
Cada uma de nós precisa tê-los pra saber a delícia que é o amor incondicional, infinito, sem ressalvas - apesar dos sobressaltos.
Ver nossos meninos detonados e cuidar deles é o máximo que uma mãe pode suportar.
Despedir pra sempre nunca.
Mas às vezes é preciso nadar contra a correnteza, buscar forças sabe-se lá de onde pra agradecer o tempo que nos é dado na convivência com nossos filhos. A alegria que vivemos com eles ninguém nem nada poderá nunca apagar, nem comparar, nem esquecer.
Que sua mãe seja abençoada com a força e a coragem de todas as mães, Rafael. E que o amor dela por você seja a mola propulsora pra que a saudade seja menos doída com o passar do tempo. Toque canções de ninar pra ela, ainda que em sonho. Agora ela é quem tá precisando de colo e chá quente, de quem assopre a ferida que sua partida deixou.
Vá em paz, anjo skatista! Fique em paz, mãe do menino voador...

sexta-feira, 16 de julho de 2010

ANJINHA FULÔ

Minha gata Fulô foi pro mundo dos gatinhos anjos. Minka e Sinhá estão desde cedo grudadas em mim, me consolando.
Pelo cinza e macio, olhos de coruja - bem redondinhos, carente que só, vivia ronronando e pedindo carinho.
Correu atrás de um passarinho, caiu na piscina de madrugada enquanto dormíamos e não conseguiu sair da água.
Mora agora sob o céu da Serra do Rola-Moça, um lugar lindo, cheio de plantas de todas as cores - inclusive cinzas, da cor de uma de minhas meninas.
Tenha bons amigos em seu novo mundo, Fufu...

HUMILHAR - NÃO PRECISA...

O assassinato de uma moça virou nome próprio: Bruno. Trágico demais e com sinais de terror. O rapaz está preso, bem como outros suspeitos. É tanta gente envolvida que dá pra encher uma penitenciária, porque todo dia surge mais algum.

Nesses casos policiais tem uma coisa que sempre me incomodou, e que passei a observar desde a prisão de PCFarias lá na Tailândia; quando o preso é famoso por qualquer motivo, de bom ou ruim, a polícia se esmera em mostrar pra todo mundo quem manda em quem.

Semana passada aconteceu uma situação que, no mínimo, me pareceu ridícula. O goleiro Bruno foi transferido do Rio pra Belo Horizonte já preso. Quando desceu do avião as autoridades policiais disputaram quase a tapa quem iria segurar no braço do goleiro, empurrando o sujeito pra frente, como se fosse pouco ele estar preso e a imprensa toda lá. Uma das delegadas quase despenca na escada de desembarque, pra não perder a chance de mostrar autoridade. Um apresentador de tv debochava - "Olhem ele aí, de uniforme laranja... e não é uniforme do time da Holanda não, é da penitenciária mesmo...". Chutar cachorro morto é demais pra qualquer um suportar, ainda que mereça ficar preso pelo resto de seus dias. O cara já tá fodido, querendo morrer, sem mais nada que preste a que possa se apegar, e dá-lhe humilhação!

Com o preso anônimo não tem disso. A pessoa é algemada e caminha sozinha, pra onde mandam.

Além de perder tudo – a liberdade, o conforto de casa, o convívio com família e amigos, parece que o preso ainda precisa perder a dignidade pra pagar o preço justo pelo crime que cometeu.

Precisa humilhar? Não precisa.

O filho de uma amiga estuda em Ouro Preto. Morou numa república quando passou no vestibular. Lá tem a tradição de que, pra ser aceito, o “bicho” – como é chamado o calouro – precisa se submeter a todos os caprichos dos veteranos. Além de fazer todo o serviço da casa, ser obrigado a sair pra comprar cerveja ou o que quiserem na hora em que mandarem e vestir o que os outros escolhem, tem que desfilar por toda a cidade com uma placa pendurada no pescoço. Não basta mostrar obediência dentro da casa. A submissão tem que ser pública.

Precisa humilhar? Não precisa.

Conheci uma pessoa alguns anos atrás que quase se tornou minha amiga. Era casada com um amigo de meu marido e chegou a ficar bem próxima. Dei linha nela quando vi a forma como tratava os empregados. Conosco era delicadíssima, mas com os subalternos se transformava numa ditadora. Chamava atenção xingando e chegou a despedir um deles na frente das visitas – dentre as quais eu. Sumi dela, virei pó. Ter respeito pelos empregados é o mínimo pra quem quer ser respeitado.

Precisa humilhar? Não precisa.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

ADIOS, BRASIL!!!

Adios, Brasil! Holanda acabou com a nossa alegria - de virada. Robinho começou a comemoração e Felipe Melo acabou com ela.
Deu Holanda na cabeça.
Fiquei com uma dor de corno danada, porque 'tava, declaradamente, torcendo pra Argentina. Não sei se ficou claro, mas torci pelos hermanos em segundo lugar, depois de nosso Brasil, claro! Tomara que a decepção seja só esta de hoje...
Agora me restam 2 alternativas: Argentina e Gana. Os africanos merecem por ser um povo sofrido, que nunca conseguiu muitas conquistas, mas os hermanos merecem também - lutadores, amigos que acreditam sempre, vizinhos. Maradona levou as famílias dos jogadores da seleção pra África do Sul. Cada um em sua casa, junto de sua respectiva família tem motivo pra vibrar, e todos pra comemorar e agradecer a Deus por terem um técnico como EL PIBE DE ORO...
Santiago Parma que o diga! Já foi meu genro o rapaz, torcedor do Bocca Juniors. Tá felizão hora destas...
Gosto de futebol, cerveja, tiragosto, amigos reunidos, feriadão, gritaria; vuvuzela não. Mas respeito. Os africanos podem tudo.
Dá-lhe GANA! Dá-lhe ARGENTINA! Dá-lhe CRUZEIRO, meu time do coração, que não dá chance pro azar...

quinta-feira, 1 de julho de 2010

NEM FOGACHO NEM HORMÔNIOS: PÍLULA

Recebi a visita de 2 amigas ontem à noite. Estavam de caminhada na pista e vieram me dar apoio moral por causa do pé estropiado.
Eu, que 'tava meio borocochô, sem forças nem pra rir, até me esqueci da dor enquanto elas estavam aqui. Conversamos por umas 2 horas sem respirar, um assunto emendado no outro. Claro que demos boas risadas.
Depois que elas se foram até que tentei, mas não consegui chegar a uma conclusão sobre determinado causo. Uma delas narrava o desconforto que sente quando as "culegas" ficam insistindo sobre os sintomas da menopausa, e não acreditam quando diz que nunca teve fogacho, não toma hormônios, que tá com a saúde zerada. Não acreditam ou ficam com inveja, sei lá. Tá pensando em caprichar na resposta quando perguntarem de novo: "Como vou ter sintomas de menopausa se tomo pílula pra não engravidar?"
É certo que vão sacar a mentira, mas pelo menos vai ficar clara a impaciência dela com o tal assunto.
Tem gente que não tem desconfiômetro, né? Conheço algumas pessoas assim, que mal são apresentadas a outra já se sentem íntimas, amigas de infância. São capazes das perguntas mais indiscretas, de cutucar a árvore genealógica até descobrirem um parentesco ou conhecido em comum.
E ainda as que caçam conversa em sala de espera de consultório médico, fila de supermercado e de banco, salão de beleza... Ê coisa que dá preguiça, viu? Não gosto de prosa com estranhos, então pra não ter que ser grosseira ando sempre com uma revista de palavras cruzadas na bolsa - onde chego tiro e me concentro, não dando muita chance pra conversa fiada. Outro macete é usar fones de ouvido, ainda que não esteja ouvindo nada. Pelo menos dificulta as pessoas "sociáveis" demais. É minha arma pra ter sossego, usada na caminhada matinal.
Será que tô ficando maniada? Logo eu, que tenho fama de ser boa prosa? Sei não, mas acho que a idade não perdoa ninguém. Tenho até medo de ficar muda quando envelhecer...
Em tempo: Nem adianta perguntar, porque não tomo hormônios nem tenho fogacho. Nem paciência pra responder a perguntas indiscretas...

domingo, 27 de junho de 2010

ALÉM DA QUEDA...O COICE

Urucubaca quando dá de rondar a gente não acaba enquanto a benzeção não acontece. Certeza.
Já que é assim, o negócio é rumar pra igreja, pro centro espírita, pro terreiro, pro lugar em que o "urucubacaiado" tem fé. Pode até ir em todos, porque se não fizer bem mal também não faz.
Depois que escrevi a postagem me declarando torcedora da Argentina - na verdade torço pela alegria e emoção de Maradona - não posso nem respirar que machuco o pé ou a perna. Brincadeira não. Só pode ser mandinga. De Dunga ou dos simpáticos a ele. Azar deles. Estropiada ou não, continuo na torcida pelos hermanos.
Hoje saí toda feliz pro teatro com meu marido, animadinha que só - apesar da "perna de boneca" (é quando a perna da gente parece que tá desencaixada). Fazia tempo que não saíamos à noite, ruas vazias, estacionamento facim facim. Pois não é que quando vamos atravessar a rua não vi o meiofio e caí? Estrebuchar não foi, mas torci o pé e caí delicadamente, o que não fez a queda ser menos jeca. Ele tava abraçado comigo e por pouco não vai junto.
Conheço poucas coisas tão barangas quanto cair na rua: ser atropelado, dor de dente, churrasco na lage, sombrinha, unhas grandes no pé... mas cair na rua é a que dá mais vergonha, é ou num é?
Tô aqui com gelo no pé, pomada de Chico Xavier que minha nora trouxe do Centro pra passar antes de enfaixar, rindo e me lembrando de Alba, que em meio ao choro pelas tristezas da vida saiu com este ditado - "além da queda o coice", que bastou pra gente cair na risada e tomar mais umas 5 cachaças só pra brindar.
Esta postagem é pra você, minha amiga-irmã!

sábado, 19 de junho de 2010

MARADONA É O CARA!!!

Gente do céu! Que que é aquilo do jogo da Argentina? Emoção pura, pelo menos pra mim. Maradona sabe das coisas, é o cara mesmo! Só dá ele e Diogo Nogueira!!! E MEU WALMIR, lógico.
Não sei se pela antipatia gratuita - será tão gratuita assim? - que tenho por Dunga, mas tenho uma simpatia tão, mas tão grande por Maradona que torço pela Argentina desde pequenininha. Sabe aquelas coisas que a gente não consegue explicar? Nem a raiva enlouquecida que senti pelo Estudiantes quando o time acabou com a festa do meu amado Cruzeiro na Libertadores do ano passado me faz torcer contra a Argentina.
Aquilo é que é futebol, gente. O cara orienta, abraça, beija os jogadores, torce, fica nervoso, faz 8 - OITO - "pelo sinal da cruz" e dá-lhe gol. É assim que funciona, Dunga. Prest'enção, rapaz. Emoção é a mola do mundo. De que adianta ficar todo técnico, com cara de concentrado, quando tudo o que o brasileiro quer é gritar, torcer, comemorar?
Amanhã tem mais...sofrimento. Kaká tirando a franja da testa, Luiz Fabiano chutando na trave, Dunga com a língua de fora por sei lá quantos segundos/minutos/horas...
Tem dó. Dá-lhe Argentina! A paciência do brasileiro tem limite.

sábado, 12 de junho de 2010

POLVO NO ELEVADOR

Dia dos namorados. Sou muito ligada a datas, mas esta é uma a que nunca dei muita confiança. Passo este dia juntinho de meu amor como passo todos os outros. Tem gente que truva na briga o ano inteiro e hoje dá de fazer surpresa romântica, trocar presente coisa e tal. Fingimento...
Lembrei foi de algumas situações engraçadas de amigas com seus maridos, namorados, amantes, ficantes. O caso mais engraçado foi de uma que ganhou o maior amasso no elevador.
Foi assim: no banco em que tem conta - e tá devendo até o modo de andar, diga-se de passagem - tem um sujeito com quem, vira e mexe, troca olhares e risinhos de canto de boca. Nada comprometedor até então, mesmo porque o rapaz usa uma aliança na mão esquerda maior que o dedo, o que não deixa dúvidas sobre seu estado civil.
Semana passada resolveu o que tinha que resolver com a gerente e se dirigiu ao 3º andar, pro setor de empréstimos. Entrou no elevador e, quando a porta 'tava fechando, um pé masculino impediu o fechamento total. Ele - o tal casado da troca de olhares e risinhos - entrou e a sessão confusão começou. O homem era um polvo. Diz ela que não sabe de onde apareceu tanta mão numa mesma pessoa, porque na mesma hora em que a pegação era nas pernas era no cabelo e era nas costas e era na barriga e era em tudo o que é lugar que se possa imaginar. O tailler engomado virou um pano de chão, todo amarrotado; o cabelo esticadinho com gel pra parecer mais séria do que é e conseguir o tal empréstimo virou um emaranhado só; o baton se espalhou pelas bochechas; o rímel e delineador, cuidadosamente passados pra impressionar com a bela maquiagem viraram um borrão só; a meia fina desfiou e foi parar nos joelhos...
Só depois que voltou a si foi que se lembrou de que todo elevador hoje em dia tem câmeras, e que sabe Deus o que os seguranças viram e continuam vendo, já que deve ter ficado gravado.
Saiu do estabelecimento tão endividada quanto antes, mas numa alegria de dar inveja.
Conto pra outras amigas o fato ocorrido com ela e ouço de outra que já passou pela mesma situação num consultório médico.
Moral da história: o mar pode não estar pra peixe, mas polvo tem em qualquer lugar.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

FERIADO DA ALEGRIA

Como minha irmãzinha linda e querida não tem blog, deu de se valer do meu pra seus escritos.

"Neste feriado do dia 03 de Junho,estivemos na casa da minha rirmã querida, Can.

Foi simplesmente PERFEITO!!!!!!!!!

Rimos, brincamos, nos cheiramos, saímos juntas....tudo com tanto amor, tranqüilidade e afeto que ainda estou sob o efeito do que vivi lá.

Wilton enroscado debaixo da coberta para tentar espantar o frio, Lucas e Tuty nos computadores, Lis fazendo as jóias dela, batendo papo e pedindo colo...

Pedro igual gato de hotel, não saía de perto um minuto sequer, e desta vez acompanhado por nossa querida Ana...

Eu numa mexida danada fazendo chá pro meu Pepeu...rs...O bichinho tava que era gripado pra lá, viu... Ana, é claro, depois de fazê-lo ficar doente, devolve...todo cliente faz isso quando o produto dá defeito, né?

Hugo e Tuty chegando ralados, cortados, quebrados, das saídas com os skates...

Walmir vendo TV, batendo papo, pitando...

Até nossa prima querida, Dica - a MARAVILHOSA - nos presenteou com sua presença tão importante e engraçada.

A melhor prima que alguém pode um dia sonhar em ter...e nós temos.

Todos assando picanha., uns gritando " cadê a picanha, gente?" Quando chegava na mesa rodava tanto que quando o prato parava em mim.....zero de carne.

E lá vai HUGO colocar mais pra assar...

Gargalhamos tanto, mas tanto, que fizemos abdominal por um mês.

Até Madalena, a secretária da casa, entrou na dança. Ela é uma figura, vcs não têm noção..

Quem não tem uma família como a nossa pode realmente se ajoelhar e lamuriar, porque somos 10.

FOI O MELHOR ENCONTRO QUE JÁ TIVEMOS LÁ EM BH, O MELHOR, ÍMPAR!!!!!!!!

Beijos aos meus amados, idolatrados, salve, salve.

Tê"

segunda-feira, 31 de maio de 2010

"PAREDE DO DESCUIDO"


Vou encomendar um adesivo assim: "Cuidado ao fazer elogios" e distribuir pra minhas amigas. Vira e mexe alguma passa por situação constrangedora por querer ser muito gentil.
A começar por mim, vejam em que me meti por ser delicada demais: em 1980 uma tia minha se descobriu artista. Inventou de fazer uns quadros de pintura em metal que eram uma breguice só e pra piorar - se é que dava pra ficar pior - pintava só cavalos. A razão eu nunca descobri, já que nem ela nem meu tio nunca foram fazendeiros nem chegados a bichos, mas enfim, penso que ela achou que eram animais bonitos e lá foi, pintando famílias inteiras de equinos.
Eu, menina boa praça, querendo estimular, não parava de admirar. Cada um que chegava pra visitar minha mãe ficava sabendo da habilidade de titia.
Pois tanto elogiei que ganhei um quadro de presente de casamento, mas não era um quadro qualquer não, era praticamente um painel com 4 cavalos siameses - um se enroscava no outro e não dava pra saber que parte era de qual.
Uma tragédia, ainda mais que o pai de meus filhos - meu primeiro marido - me proibiu de deixar o presente à vista de qualquer um, inclusive da dele.
Não tendo o que fazer com tal objeto ofereci a outra tia a peça rara, com a condição de que, se algum dia, a artista viesse me visitar, ia pegar lá e pendurar nem que fosse em meu pescoço, pra não desagradar. A emenda ficou pior que o soneto, porque tão logo recebeu a peça "consignada" tratou logo de desmontar o quadro pra aproveitar a moldura.
Agora fico sabendo de uma grande amiga que está na mesma situação - um quadro também, só que de outro animal...
Melhor fazer que nem Sura, a amiga mais engraçada e espirituosa que tenho. Menina de TFM - tradicional família mineira, importantésima nas Minas Gerais, mudou pro interior quando se casou. O marido não era pessoa muito dada a amizades de alto nível, e ela viu que precisava ficar amiga dos que ele conhecia pra não se sentir muito sozinha. Assim fez. Simpática demais, querendo entrosar na cidade, convidava gente todo fim de semana pra almoços bacanérrimos em sua chácara. Com isto ganhava muitos presentes, cada um mais jeca que o outro.
Sabiamente encontrou a solução: Fez uma parede inteira só pra colocar as baranguices, que nomeou como "parede do descuido". Explico: sabe quando a gente ganha alguma coisa e não sabe o que fazer com ela? Aí quem deu pergunta onde está e a gente responde "Nossa, tava admirando o presente que, por descuido, caiu e quebrou".
Assim, toda e qualquer coisa baranga que ganhava tinha lugar certo, era na parede do descuido. Mais legal ainda foi que teve a idéia de fazer a parede até a metade, então se eram objetos de apoiar - tipo cavalinhos de louça, vasos de flor de plástico, elefante com flores na tromba - tinha lugar pra tudo.
E a "Parede do Descuido" ficou famosa!
E Sura foi homenageada na Câmara de Vereadores da cidade com o título de cidadã honorária...

domingo, 30 de maio de 2010

CAMPEÕES EM FAMÍLIA

Final do campeonato de skate no Alphaville. Meus meninos começaram as tomadas de tempo às 10 da manhã e a final foi por volta das 18:30. Sem parar nem pra comer, descem as ladeiras a mais de 100km/h e são alimentados pela mais pura adrenalina.
Artur em 1º e Hugo em 4º. Os dois são feras - Hugo foi e continua sendo exemplo de dedicação e esforço pro irmão caçula. Hoje deu Tuti na cabeça, e já comemoramos também juntos muitas vezes a vitória de Dão.
Resumindo: sou uma mãe muito sortuda, porque em toda competição tenho pelo menos 2 chances de ser mãe de campeão.

Falei neles na postagem da dieta, lembram? Então - valeu a pena seguir as orientações das nutricionistas. Com a alimentação ninja e os treinamentos noites e mais noites - têm que ser sempre durante as madrugadas, porque as estradas estão vazias - acabam alcançando excelentes posições em todos os campeonatos.
Parabéns pra meus anjos skatistas!!!

sábado, 29 de maio de 2010

DIOGO NOGUEIRA

Caraca!!! Sábado à tarde, "sAMBA NA GAMBOa", "Diogo Nogueira é "o cara".
Fala, Fi!!!

sábado, 22 de maio de 2010

PROMESSA

Fiz uma promessa. Pacto. Trato. Combinado. Acerto. Ajuste. Negociata. Qualquer nome serve, e foi com São Jorge, meu guerreiro protetor. Vou contar.
Tava ruim da coluna. No dia dele, 23 de Abril, fui à igreja cheia de fé e alegria. Montei um arranjo lindo com flores e folhagens de meu jardim, amarrei fitas verdes e vermelhas e lá fui eu, de manhãzinha. Nenhuma intenção além de homenageá-lo, só que me emocionei demais pra sair do jeito que entrei.
As barraquinhas na rua estavam sendo erguidas, missa de hora em hora, fiéis saindo pelo ladrão - e olhem que a igreja é grande, enfim, entrei no clima logo na chegada.
Quando vi a "caixa de intenções" no altar - é uma caixa de papelão enorme toda enfeitada com tecidos e papéis coloridos, quase do tamanho de um fogão , onde as pessoas colocam seus pedidos - não resisti. Pensei de mim para comigo: vou criar coragem e propor uma troca - sare minha coluna, meu santinho, que paro de fumar. Mas tem uma condição: que seja sem sofrimento, porque se sofrer fumo sem choro nem vela. Não foi pedido só em pensamento não, foi escrito e documentado. Entrei na fila da tal caixa, que ficava aos pés da imagem. Prendi a respiração e joguei o papel da proposta lá dentro...
Gente do céu! E não é que deu certo? Já saí da igreja sem nenhuma vontade nem de ver cigarro, e a sensação continua até hoje. Amanhã faz um mês e nunca, desde que me enrolei no vício há muitos e muitos anos, fiquei sem fumar e não sofri. Só quando estava grávida e amamentando, o que durava no mínimo 2 anos pra cada filho, é que nem me lembrava de cigarro, mas assim que tomava a injeção pra secar o leite já retomava com a maior disposição.
Então - meu São Jorge cumpriu a parte dele na promessa e eu tô cumprindo a minha.
E olhem que pra encher uma caixa daquelas tem que ter pedido pra arrastar de gancho, mas ele dá conta, sei que dá. Como pegou responsa com o meu deve ter feito o mesmo com todos que confiaram nele.
Já pensaram como ia ser bacana que todo mundo do mundo agisse assim? Tratou tá tratado. Pena que não é...

quarta-feira, 5 de maio de 2010

ONDE ANDA A DELICADEZA?

Fui ao cinema com meu amor; com ele e Tuti, Tê, Lucas, Hugo e Lis. A família vai ao cinema...
Que programa de índio, meu Deus! Mais de uma ida aos 3 maiores shoppings de BH pra tentar comprar ingresso, correria pra chegar mais cedo e encontrar lugar pra sentar, paciência pra enfrentar fila da pipoca, enfim, êita programinha...
Tê veio dar apoio moral e desejou ir - fomos.
Estacionamento lotado, duelando uma vaga, conseguimos chegar à sala de projeção. Muitos lugares disponíveis, uma vez que escolhemos a sessão que coincidia com o horário da final do campeonato mineiro.
PEQUENO detalhe: meu Walmir assistiu ao filme sentado na escada. A ocupação das poltronas era de mais ou menos 50%, só que eram pessoas que simplesmente queriam assistir ao filme sem nenhum vizinho, ou seja, sentavam entre 2 poltronas vazias. Ninguém teve a delicadeza de se oferecer pra pular uma poltrona e dar a chance de encontrarmos duas juntas.
Sendo assim não conseguimos nos sentar lado a lado e, como somos um par inseparável, fiquei eu numa poltrona de corredor e ele na escada, de mãos dadas comigo.
Azar dos egoístas, que continuaram tendo inveja de um casal apaixonado no escurinho do cinema - apesar do desconforto...

segunda-feira, 12 de abril de 2010

PROFISSÃO: NUTRICIONISTA

Nutricionista é coisa moderna. Na minha infância neguinho que queria engordar tinha que encher o bucho de Emulsão de Scott- óleo de fígado de bacalhau. Do jeito que fui magricela quando criança e mamãe adorava uma novidade, se tivesse seguido à risca as recomendações dela hoje pesaria uns 200kg.
Enfim - meus filhos decidiram engordar com saúde, pra ficarem mais ninjas do que já são no skate. Levei. As nutricionistas bacanérrimas, super recomendadas por uma grande amiga. Excelente indicação, sem dúvida, mas fiquei encafifada com as orientações. Não que estejam erradas, nada disso, mas com a dieta especificada.
Gente do céu... Prá obedecer a TUDO tem que ser sultão, juro! Já nem falo do custo dos ingredientes, porque muitas das coisas sugeridas fazem parte de nossa alimentação aqui em casa, mas o preparo das receitas é um Deus nos acuda. O mais interessante é que elas falam como se fossem coisas bem simples, facílimas e rápidas de fazer, que podem ser substituídas por outras mais simples ainda, tipo assim:
* Café da manhã antes do sujeito sair pra escola, ou seja, antes das 7 da manhã - café, leite, iogurte com granola, creme de aveia cozido com lascas de queijo, 3 fatias de frutas diferentes, sucrilhos...
* Lanche às 10 da manhã - o mesmo sujeito que tomou o tal café às 7 'tá na escola e tem que comer lá - sanduíche de pão integral, pão de queijo, suco natural, sorvete e fruta...
* Almoço - agora é que o bicho pega, porque além de tudo o que o resto da família vai comer tem que ter ainda uma coisinha básica, tipo truta flambada ao molho de ervas com purê de mandioquinha, que pode ser substituída por outra mais simples ainda - peito de frango grelhado ao molho mediterrâneo, que também pode ser substituído por corações de alcachofra recheados com queijo brie e tomate seco com cobertura de creme de milho ao funghi e gratinadas com parmesão...
Aí vem o lanche às 16hs, o jantar às 19, a ceia às 22hs, com um pequeno detalhe: tudo é diferente do que foi servido antes, ou seja, cada refeição deve ser preparada na hora.
É pra rir ou pra chorar? Porque quem não tem restaurante ou uma cozinheira de forno e fogão - que é o meu caso - tem que viver pra preparar cardápio de engorda.
Sábado não dei conta sozinha e meu Walmir entrou na dança, amolando faca já mais de 1/2 noite pr'eu conseguir adiantar as refeições adequadas de domingo, porque eles iriam treinar durante a madrugada nas ladeiras de Glaura e chegariam de manhã a tempo de devorar o que achassem pela frente.
Hugo deu de ajudar e foi cozinhar as batatas no microondas. Uma tragédia. Falei pra fazer uns furinhos, só que ele empolgou e assassinou uma por uma. Foi pra mais de 50 garfadas em cada, de forma que ficaram completamente desidratadas e viraram chicletes depois de assadas. A emenda ficou pior que o soneto. Antes não tivesse ajudado.
Estou numa dúvida atroz - desisto da nutricionista ou serei obrigada a comprar outra geladeira só pra folhas e frutas, além de contratar mais uma cozinheira e um motorista pra fazer diariamente as compras da dieta...
Emagrecer deve ser mais fácil.

sábado, 27 de março de 2010

A GORDA E O PICARETA

Caso verdadeiro, ocorrido com minha irmãzinha adorável e contado pela própria...

"Em Fevereiro resolvi procurar um endocrinologista pra ver o motivo de ter engordando tanto no último ano.

Pois bem, cheguei à recepção do consultório que o DR divide com mais dois de outras especialidades.

Ainda bem, porque senão nem conseguiria entrar na sala, com tanto gordo.

Me apresentei à secretária, aquela assim, analfa de pai e beta de mãe, que fala ADAPITA, CAPITA, MEIA DOENTE...e por aí vai. A tal fez minha ficha e mandou que eu aguardasse.

Pois bem, obedeci, mas fiquei numa sinuca de bico, porque todos os assentos estavam ocupados.De repente olhei uma cadeira vazia e me alegrei. Pensei - uai, como pode ter tanta gente em pé se tem uma cadeira vazia?

Fui me acomodar....tentar, né?

Logo descobri o motivo. De um lado estava sentado um MAMUTE e do outro um HIPOPÓTAMO.

Fiquei igualzinho uma salsicha no meio do pão de cachorro quente.

E o tempo foi passando, e chegando gente, e o calor aumentando, e nada de me chamar. Uma loucura, vocês não tem noção.

Pensei cá com meus botões - ninguém precisa de um castigo desses, só quem abre o comedor e esquece que um dia vai ter que enfrentar a fila com os obesos.

Naquele momento comecei a me redimir do pecado da gula. Meu nome é gritado e lá vou eu.

Tinha a esperança de que fosse ficar pelo menos mais confortável lá dentro.

Quando entrei a secretária foi junto para falar ao médico sobre a chave do carro que o corretor de seguros havia deixado, etc, etc.

Iniciamos a consulta.

O médico começou a falar tão baixinho que quase caí da cadeira para ouvi-lo, mas pior do que isso - o médico era GAGO E FANHO!!! Oh my god! Help me!

Um absurdo - primeiro ser esmagada por duas criaturas abomináveis, e agora ter que entender o que um fanho gago estava falando comigo.

Fomos para a etapa seguinte: fazer um exame para ver como estava de massa muscular, banha e metabolismo.

Quando deitei para o tal do teste, pelo qual tive que pagar 95,00 porque a UNIMED não cobre (lógico, a UNIMED não paga farsas...)olho para cima e o que vejo? Uma roda imensa de mofo por conta de um provável vazamento.

Saímos, pediu uma porrada de outros exames para depois eu voltar lá.

Mas o pior está por vir. Além de fanho e gago o dr. é surdo. Sim, SURDO!!!!! Só pode ser, porque assim que iniciamos a consulta eu disse a ele que queria fazer os exames pra ver se estava tudo bem comigo, que seguiria o regime direitinho, mas que não tomaria nenhum medicamento.

Na saída, ao me entregar os pedidos dos exames, me entregou junto uma receita pra TRÊS remédios.

Por isto falo pra vocês: antes de irem num médico perguntem se fala e ouve direito, porque correm o risco de sair como eu, sem resolver nada e ainda gastando com um exame que é uma boa de uma picaretagem.

Resolvi então tomar vergonha na cara e cá estou eu, baixando o ponteiro da balança cada vez mais.

Se voltei pra revisão? Adivinhem...

FECHEM A BOCA, ANTES QUE TENTEM LHE ESMAGAR NUMA SALA DE ESPERA!

TÊ"

FESTA E CASTIGO

Madrugada de alívio - os assassinos voltam pra onde nunca deveriam sair.
Chego do aniversário de Amélia e assisto na tv a sentença do casal Nardoni. Deu uma tristeza danada acompanhar este caso, ver como a humanidade é imperfeita e cruel. Nunca consegui entender a possibilidade de alguém maltratar o outro, ainda mais se esse outro for uma criança. Mas tem sim, quem faça isto. Lembro dos outros casos que não tiveram tanta repercussão - João Hélio, João Guilherme e muito anônimos. Será que os assassinos deles estão presos? Enfim, acredito que o mundo acordou hoje de alma lavada.
Mas tem outros tipos de castigo que são divertidos. Como já contei, teve a festa de minha prima querida, organizada por Cristina e Beth. Moças bacanas e letradas, mas de uma inocência de dar dó. Fizeram os convites segunda-feira, incluindo os maridos encantadores - acho que o meu é mais, só que cada uma delas acha que é o seu.
Terça-feira novo telefonema, desconvidando a ala masculina. Olharam no site do Climatempo e viram chuva a semana toda, então a macharada não ia caber no espaço destinado à festa. Tá bom. O encontro será só de mulheres...
Até quinta nem sinal de chuva. Por mais que catassem uma nuvenzinha, só viam estrelas. Outro telefonema: reconvidar os moçoilos d'antes renegados.
Não conseguiram recuperar muitos deles, que fizeram outros compromissos. Resultado: mulher saindo pelo ladrão e uns poucos gatos pingados, mesmo assim aqueles que desconsideraram os brios e foram aproveitar a festa.
Organizadoras castigadas pelo Climatempo...
Claro que num lugar que abriga tantas mulheres conversa pouca é bobagem. Então - o falatório rompeu a noite, e não me lembro de nenhum assunto em especial, mesmo porque foi naquele esquema de pular de uma coisa pra outra e não terminar nenhuma. Miriam se empolgou com nosso reencontro depois de tantos anos que não perdeu tempo - ligou pra Gontijo, reservando passagem pro meu aniversário de 2011...
Ô gente, tem coisa mais bacana e doida que mulher?
Bom motivo pra gente se encontrar de novo - arrematar cada um dos tópicos lançados na roda feminina.
Beth não bebe e ficou encarregada de devolver as que estavam mais alteradas pela dosagem alcoólica. Penso que ficou preocupada de que eu me perdesse de Lela, como na última festa, em que voltamos as duas de táxi e só dei falta de minha colega quando cheguei em casa. Ficou na casa de Frango? Caiu do carro em movimento? Tava sentada na frente e eu não vi? Perguntei ao motorista que, gentilmente, me informou que a deixou em casa antes de mim.
Voltamos rindo e nos lembrando de palavras jecas - absorto, soslaio, balaustrada... não importa a que cada uma delas se referia, só que rimos sem parar. Rir é muito melhor que lembrar assunto, né não?
Consegui equilibrar numa só mão 4 trufas "tapeia-marido" e adoçar a boca de meu amor chegando mais pra lá do que pra cá. Aprumei o corpo, ajeitei a bolsa, fiz cara de elegante, falei umas bobagens, deitei aconchegada frente à tv e dormi feito um anjo.
Whisky bom é um perigo...

segunda-feira, 8 de março de 2010

CASAMENTO NA COMUNIDADE

Teve casamento na Noiva do Cordeiro neste fim de semana. Lindo e emocionante, é como posso descrever.
Fui. Madrinha com convite especial e tudo, fui... Meu Walmir tinha apresentação da peça e precisamos escolher alguém pra me acompanhar. Nêgo, amigo do peito e de cachaça, representou e bem meu par oficial.
Ninguém nunca assistiu a uma cerimônia daquela, aposto. Olhem que já fui a trocentos casamentos, mas nunca me emocionei tanto. Como não têm religião, fazem a cerimônia do jeito deles; escolhem alguém de lá pra fazer o papel de juiz de paz, decoram o salão da casa grande com tudo o que tem direito, inventam função pr'aquele bando de crianças - e nenhuma se sente preterida - florista que distribui flores às madrinhas, outras jogam pétalas na passarela onde a noiva vai desfilar linda, outros entram vestidos de noivinhos, outros levam as alianças e o livro onde é registrada a ata do casamento,enfim, uma beleza mesmo. Todo mundo feliz e orgulhoso em ser merecedor de participar da festa.
Élida e Leandro são, sem sombra de dúvida, os noivos mais felizes que já vi. O tempo todo trocavam olhares apaixonados, prometeram um ao outro coisas que de fato podem cumprir - e não aquela boboseira que o padre fala e a gente repete que nem papagaio - curtiram a festa junto com todo mundo, e ontem de manhã já estavam a postos, pra despedir dos parentes de Montes Claros. Tudo perfeito!
Pra completar a perfeição ainda peguei o buquê. Explico: propus pra Nelma, uma das poucas solteiras da comunidade, que se ela me maquiasse pr'eu sair bacana nas fotos ia entrar no bolo das que sonhavam em pegar o dito cujo. Deu certo. Fiquei esperta e consegui cumprir a promessa. Agora é com ela, porque arranjar o noivo já não faz parte do trato.
Cheguei em casa a tempo de me despedir de Pedro, que partiu pr'uma viagem fantástica de aventura na Amazônia. Foi escalar montanhas e cachoeiras, curtir merecido descanso e ver outras maravilhas além de mim e Ana, sua namorada encantadora...rs
Vá em paz, filho. Minha bênção pra você!

domingo, 28 de fevereiro de 2010

E VAI ROLAR A FESTA...

Festa é sempre bom, agora festa comemorando aniversário de filho é melhor ainda, eu acho.
Pensar que o tempo passa tão rápido que, de bebezinho que era pouco tempo atrás - pouco tempo na minha lembrança, lógico - meu "anjo fiote" fez 17 anos.
Artur virou rapaz, e fez de sua festa um marco de passagem. Equilibrado e decidido que está, definiu tudo o que queria e fez acontecer. Acatei suas escolhas e organizei do jeitinho que quis, sem tirar nem por.
Convites feitos, casa preparada pra receber os amigos escolhidos, churrasqueira acesa, cerveja gelada, som profi no esquema.
Cai a chuva; mas não foi uma chuvinha besta, foi um temporal. Voou tenda prum lado, gente pro outro, comidas alagadas, enfim, um caos bom.
E sabem que foi muito bom mesmo? Pois providenciamos uns sacos plásticos enormes pra transportar o som pra sala de sinuca, e aí foi que a alegria aumentou. Todo mundo molhado recolhendo o que dava pra dentro de casa, o jogo de sinuca rolando quente, o show de Artur Pádua e Dudu arrebentando nos Beatles, a cozinha funcionando a todo vapor pra assar o churrasco no forno - com Aparecida, Beatriz e Cláudia assumindo a responsa, a cerveja gelada acabou e a quente também tava ótima, enfim, uma comemoração que nem chuva conseguiu estragar. Começou 1 da tarde e acabou mais de 1 da manhã.
Tá felizão meu fiote. Ontem acordou em estado de graça, comentando que nunca em nossa casa nem de ninguém viu uma festa tão perfeita.
Ano que vem vamos bombar - meus 50 e os 18 dele. Já pensaram? Nós já.
E os amigos são sempre bemvindos.

O MITO DE SÃO JORGE


Meu amigo Jorge Raggi é um estudioso bacana demais. O sujeito sabe "de um tudo" - e bem. Este texto que transcrevo aqui foi publicado no site dele. Bom pra gente aprender mais sobre nosso Guerreiro.
Salve Jorge!!!

O MITO DE SÃO JORGE
Este artigo foi publicado para comemorar o dia de São Jorge (23 de abril) e posteriormente publicado no Editorial - jornal "Estado de Minas", em 28/05/96


"...O quadro de São Jorge é o conflito internalizado de um combate..."
Jorge P. Raggi



Existiu realmente o Jorge da Capadócia região desértica no centro da Turquia. Montou um fogoso corcel branco e foi apoiar o Imperador Romano Diocleciano. Mas tornou-se cristão, e a Imperatriz Alexandra apaixonou-se por ele. Jorge enfrentou o Imperador publicamente, e por sete anos, na cidade de Sidon, foi torturado por vários suplícios, sobreviveu a todos e morreu decapitado em torno do ano 290 d.c. Apareceu o mito. Enfrentou um dragão que assolava uma região, no momento que a prenda exigida era uma princesa.


O mito universalizou-se através dos tempos e geograficamente. No escudo dos cavaleiros das Cruzadas, em moedas na Itália, Inglaterra. Na Rússia, Armênia, Geórgia, Portugal, Espanha, Grécia, Cuba. O Brasil tem São Jorge na boêmia, nos bares, terreiros espíritas e igrejas.


No primeiro milênio a.C. havia também este mito com grande universalidade. A maior manifestação de arte dos etruscos é uma escultura do monstro Quimera. O herói grego Belerofonte (aquele que é cheio de força), no cavalo alado Pégaso, lutou e venceu a Quimera. Com a vitória teve a filha de lóbate. O mitólogo Junito Brandão diz que "Quimera" é sinônimo de "imaginação perversa", e o inimigo combatido pelo herói está no inconsciente, o perigo monstruoso que todo ser humano possui etente dentro de si.


Uma interpretação mitológica consiste em tentar clarear conteúdos de forma livre, sem preocupações com a lógica e a "realidade aceita". O quadro de São Jorge pode ser o conflito internalizado de um combate, com um quatérnio: Jorge (masculino), princesa (feminino), Corcel (fogo criador), Dragão (o mal). O quatérnio traduz completude, na mitologia. Em diferentes épocas e regiões, os artistas transformam os quatros componentes em três. Quando o masculino se funde com o feminino , o Jorge é andrógino e não se representa a princesa. Quando cavalo funde com dragão,saem chamas nas narinas do cavalo e ele exibe uma expressão de dragão. Se a fusão aumentar e atingir dois componentes, aparecer o centauro: o homem-animal, incontrolável, e, ou, a centaura: mulher devoradora. Se a fusão for total é a flecha que voa para o alvo que se quer atingir. Esta transformação foi destruidora no mito grego de Belerofonte, mas pode ser salvadora na evolução do mito de São Jorge.


Sempre tentamos separar o bem do mal, e ainda recalcar, esconder, denegar o mal. Historicamente o ser humano foi muito violento, e atualmente estamos assustados com a tomada de consciência do mal. Mas a conscientização é um caminho para vencê-lo, junto com o conhecimento da nossa natureza animal, o centauro. Estes dois movimentos já estão em cursos: informações mais completas e detalhadas do mal, levantando cada vez mais dados; e a consciência corporal, não no sentido de embelezar o corpo, mas de conhecer nossa natureza animal, o que realmente somos.


Fernando Pessoa, na poesia Eros e Psique, diz que é preciso vencer o mal e o bem (conscientizar) para que o Príncipe veja que ele é a Princesa Adormecida. E Rodin, na escultura Centaura, mostra a saída da natureza animal para a flexa consciente.


Se este vôo foi muito alto, há uma sugestão prática: os assaltantes são devotos do santo. Uma imagem, um quadro, como cumplicidade na devoção, pode levar o assaltante a desistir da ação. Dizem que não é bom ofender o Santo.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

CASA DE VÓ

Tô prontinha pra ser avó. Tive certeza disto há alguns dias, em que todos os nossos filhos e agregados - noras e genro - passaram o domingo conosco. Pra completar nossa família que já é bem grande - 7 filhos não é pouca coisa, né? - ainda estavam presentes as encantadoras irmãs de meus filhos, em férias por aqui. São as mascotes da família. Chegam e ficam tão à vontade que só mesmo em casa de vó, no caso, eu. Walmir faz sem esforço o papel de avô, daquele tipo de avô que todo mundo queria ter - paciente, carinhoso, atento.
Pola é linda, brava, quieta, menos falante; Helena espevitada, risonha, dengosa. Apaixonantes as duas. Morro de saudade quando vão embora, porque como ainda são crianças, lembro-me bem de meus meninos pequenos enquanto cuido delas.
Anos atrás meu filho Pedro fez uma redação na escola sobre uma das avós. Escolheu falar sobre minha mãe e sua casa em Itambacuri. Era lá que ele e os irmãos passavam todas as férias, tinham vivências bem diferentes da vida na cidade grande, eram acolhidos pelos avós, bisavós, tios, primos e qualquer um da cidade, uma vez que todos se conhecem.
O mais legal foi a forma descrita por ele sobre a casa dela, como ele a via - enorme, com pomar e um rio no fundo do quintal - que na verdade tem mesmo, só que na casa de vovô Antoninho - vô bisa - enfim, na cabecinha dele tinha tudo o que precisava pra ser feliz na casa de vovó Teresa. E continua tendo...
É, porque em casa de vó tudo é grandioso, as frutas são mais doces, a comida é mais gostosa, a cama é mais quentinha, as brincadeiras são mais divertidas, tudo é mais.
Morro de inveja de minhas amigas que já têm netos. Deve ser mesmo uma experiência única, e cada uma delas diz a mesma coisa - neto é ainda melhor que filho. Nem posso imaginar coisa melhor do que foi e ainda é ter e cuidar de minha ninhada, mas se todas falam deve ser verdade. Só não sei como meu coração vai aguentar tanto amor.
Pelo andar da carruagem ainda tenho um tempo razoável pra ir me preparando; todos eles ainda pensam em namorar muito, estudar, viajar, pra só mais tarde terem filhos.
Fazer o que, né? Esperar e me apaixonar quando chegarem...

domingo, 10 de janeiro de 2010

CACHICO

Cachico se foi. Mudou-se pr'um lugar onde certamente reencontrou seus amados que partiram antes dele.
Sua Mercês, companheira de vida inteira, estava esperando de braços abertos.
Deixou muita saudade, um aperto no coração de cada um dos amigos.
Não sei se fiquei triste, já que nosso último encontro teve deliciosa comemoração pelo que vivemos nesta vida. Nos abraçamos muito, tomamos cachaça, rimos, lembramos de nossos intermináveis jogos de baralho, marcamos um café em minha casa quando ele viesse a Belo Horizonte... Trapaceou - não veio. A despedida ficou sendo aquela mesma, 26 de setembro, nos 50 anos de Alba, lá em nossa terra.
Valeu, meu grande e inesquecível amigo! Vá se divertindo com papai e Zé Lú até que chegue a minha vez de reencontrá-los...