sábado, 25 de setembro de 2010

FARINHA DE ROSCA

Gente amiga!!! Alguém já produziu farinha de rosca? De rosca só no nome, porque é feita de pão velho, seco, duro. Pois é, hoje eu fiz.
Tem farelo até na menina de meus olhos. Nunca vi nada se espalhar tanto quanto os malditos farelos quando são batidos no liquidificador. Lembrei exatamente de uma situação em que, aposto, todo mundo já passou: sacudir a toalha de praia contra o vento e voar areia até em quem está em alto-mar andando de lancha. PQP! Vontade de jogar fora farinha com liquidificador com panos de prato com a bancada da cozinha com minha cara junto, de tanto arrependimento. Coisa mais pobre bater pão velho pra fazer farinha, viu? Mas eu tava à toa, voltando do centro espírita toda relaxada e com preguiça até de pensar, aí dei de fazer a bobagem. Prá nunca mais, juro.
E olhem que se fosse Madalena - minha ajudante tonta - que inventasse uma proeza dessas, ia escutar uns dois dias. Mas não foi e cá estou eu, cansada de limpar chão e bancada pra fazer uma coisa que não custaria 3 reais na padaria. Tomou, papuda? Coloquei meu rabinho entre as pernas. Podem me chamar de burra, eu deixo. Burra, mas feliz.
'Tamos, eu e meu Walmir, fazendo um tratamento espiritual. Uma vez por semana ficamos por conta de limpar os carmas, as ruindades, e é muito bom. Tudo eu acho bom, mas isto é bom de verdade. É um tempo que dedicamos a cuidar do espírito, e nem jogo do Cruzeiro nos impede de cumprir o compromisso que fizemos.
Hoje tive certeza de que é o melhor que podemos fazer - porque perder de 4x1 não é coisa de Deus, é?

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

INVEJOSA GRAÇAS A DEUS

Sou invejosa. Dos pecados capitais este é o meu preferido. Todo dia tenho alguma inveja - do jeito que meu Walmir escreve, da criatividade de Lis, de falar inglês como Tê, da vaidade de Mamãe, de cozinhar divinamente que nem Alexandrina, costurar que nem Alba, dar aulas que nem Aninha, saber tudo de computador que nem Tuti, enfim, se não existe inveja boa sou uma pecadora da hora em que acordo até quando vou dormir. Tenho até algumas invejas terceirizadas, tipo assim - compro alguma coisa pra mim e sei que alguma amiga vai invejar, já compro pra ela também.
Hoje me roí lendo um anúncio na revista Piauí - a melhor revista do mundo, diga-se de passagem. Não sei se gosto mais das capas, dos artigos ou dos anúncios, mas este foi o mais sensacional que já vi em qualquer lugar. Vejam se não tenho razão:
" MENSAGEM ENGARRAFADA & DESAFORO POR ENCOMENDA"
Marileide aceita encomenda de mensagens por telefone ou entrega de pergaminhos enrolados numa garrafa. Vale tudo: cumprimentos e xingamentos.
Santo Antônio Além do Carmo - BA
Minhanossassenhora! Como é que uma pessoa tem uma idéia dessas e eu não? Este pra mim é infinitamente melhor que aquele do marido de aluguel, que causou tanto frisson quando foi publicado.
Quem disser que não tem inveja é um mentiroso e mentir também é pecado, pior até, eu acho.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

ADORO HORÁRIO POLÍTICO! SERÁ QUE VAI CHOVER?

O clima tá muito doido. É um tal de esquenta-esfria que deixa a gente sem saber se coloca agasalho ou os pés no chão pra refrescar.

Hoje tá quente demais. D’agora pra frente a chance de piorar aumenta, ainda mais com a proximidade das eleições. A cada dia os candidatos esquentam as acusações, os ânimos, as mentiras, as verdades que estavam debaixo dos tapetes dos comitês eleitorais, o desespero de quem tem pouca chance e de quem quer ganhar logo no primeiro turno...

Acho um absurdo esta história de segundo turno; somos obrigados a escolher entre os dois mais votados, quando nem sempre foi num deles que votamos da primeira vez. Ora, se não votei antes é porque não acredito que nenhum deles seja o melhor – ou o menos pior. Sacanagem, eu acho.

Agora mesmo tô nessa saia justa, ainda na esperança de que minha candidata vá para o segundo turno e eu possa votar nela de novo, tapando a boca dos poderosos que já consideram a eleição presidencial disputada só pelo casal Drácula e Tartaruguita. Os outros nem são considerados como possibilidade de disputa pau a pau. Vamos ver.

Mas que gosto imensamente de horário eleitoral eu gosto. Parece mentira, mas morro de pena quando acaba. É muito divertido ver os candidatos que aparecem sei lá de onde, de algum buraco negro no centro da terra de tão esquisitos que são, que mal sabem ler no teleprompter e ficam querendo agir naturalmente, como se falassem de improviso. Êita mentirada engraçada. Tem uns antipáticos até mandar parar que tentam parecer simpáticos, riem, abraçam eleitores, pegam crianças catarrentas e descabeladas no colo e devem se lavar com creolina quando chegam em casa. E os nomes, gente? Alguns impronunciáveis.

Um rapaz veio aqui pedir voto pro primo. O argumento usado foi que todo mundo precisa ter ao menos um conhecido bem próximo que seja político, pois numa “emergência” – entenda-se como emergência necessidade de trapaça – a gente liga direto pro celular do eleito e ele se vale do tráfico de influência pra resolver a questão. Detalhe: quem veio pedir votos é um calouro, ou seja, vai votar pela primeira vez e já tem esta opinião, já está estragado antes mesmo de dar seu primeiro voto. Ô pena...

Dia desses aconteceu uma coisa engraçada lá em Itambacuri: minha tia 'tava numa festa com todo o povo da cidade. Chega um desses candidatos antipáticos por natureza, mas como precisa de não sei quantos mil votos pra se eleger vira a simpatia em pessoa. Bate nas costas de tia e pergunta por seu filho. Deu azar. Falou o nome errado ao perguntar e citou foi o nome de outro sobrinho. Tia, implicante que é até mandar parar, ficou furiosa. Já não ia votar nele, mas depois disso deu foi de fazer campanha contra. Esbraveja toda vez que se lembra da cena: “FDP, nunca me cumprimentou antes e ainda vem perguntar de meu sobrinho como se fosse meu filho, me confundindo com minha irmã que morreu há 3 anos? Pois se depender de mim não tem nenhum voto meu nem da vizinhança”.

Hum, mal sabe o candidato que vizinhança pra ela é qualquer lugar onde dá conta de ir caminhando, e olhe que a danada parece que comeu canela de cachorro, de tanto que roda a cidade. Podia ter ficado quieto e perderia só um voto, né não?

AMERICANOS CUCARACHAS

Foi morar nos Estados Unidos 10 anos atrás, sonhando em juntar dólares e comprar uma casa no interior de Minas. Passou pelo México, atravessou o deserto à noite, ficou endividada por causa das despesas com a viagem, mas se ajeitou.

Conheceu um brasileiro que estava lá na mesma condição e deram de sonhar juntos. Tiveram duas filhas que nunca vieram ao Brasil. Receosos de não conseguir voltar foram ficando, juntando dinheiro, trabalhando e cuidando uns dos outros. Planejavam vir embora no próximo ano, pra férias definitivas em nosso adorável país.

Dias atrás a moça teve um AVC. Era velha não, nova, uns quarenta e poucos anos. Socorrida, teve que se submeter a uma cirurgia. Não resistiu.

Nenhum dos familiares ou amigos brasileiros era legalizado e a complicação só aumentou. Quem poderia aparecer e se responsabilizar pelo corpo sem correr o risco de ser deportado?

Deve ter sido o marido, não sei direito. Autorizou a doação de todos os órgãos e se perdeu na dor entre consolar as filhas e decidir se pegava todas as economias e providenciava o traslado do corpo vazio, oco, mas que ainda representava externamente o que foi a moça um dia.

Dez dias depois da morte, o velório de corpo presente vai acontecer em sua terra. A casa da mãe ficou cheia dos amigos e parentes chorando a espera, que aconteceu hoje. Não é nem de longe como a mãe pensava em reencontrar a filha depois de tantos anos, mas fez questão de que a trouxessem de volta, pra que pudesse se despedir.

O apego ao corpo físico é compreensível , mas será que justifica tanto tormento? Difícil julgar. Não seria menos traumático que as meninas de 6 e 8 anos, que nunca estiveram com os avós ou parentes que vivem no Brasil, continuassem por mais algum tempo onde estão desde que nasceram, e virem visitar a família aqui quando tivessem entendido a partida precoce da mãe? Como o viúvo, pai das meninas, vai conseguir sobreviver sem a esposa, sem casa, sem projetos concretos, vendo sua vida familiar virar de pontacabeça depois da tragédia?

Será que o fato de tantos americanos terem se beneficiado dos órgãos doados pela moça brasileira vai permitir a volta do marido e das filhas para concluírem o sonho interrompido naquele país?

Deus queira.