terça-feira, 30 de julho de 2013

domingo, 28 de julho de 2013

Gambá, trevas, consciência...

Quem estava lá sabe do que falo. Findi tudibom em Casabranca, com direito a prendas, casamento na roça e comidas deliciosas. Simples assim.
Cruzeirences de plantão, São Chiquinho ganhado com forçação de barra, bolsa da vaca amarela - que só quem é de minha terra sabe o que é - e vamo que vamo, deixando casa no rôço pronta pra receber novos visitantes.
Em BH vizinhança ganha canjica e caldo de mandioca.
Alguém na festa indica tratamento "trevas" para cabelos grisalhos. O dito cujo é contrário às tradicionais luzes, que dão uma clareada bacana. No caso das trevas, uma escurecida -  orientação da competente professora Maria José, que achou pouco ser tão tão em aquarela, deu de saber também das pinturas cabeludísticas.
Eu e meu Walmir aconchegados ouvindo os gambás no forro do telhado, passeando enquanto tentávamos dormir. Nada sério, só uma meio-agonia dos sujeitos caírem sobre nossas cabeças.
E assim caminha a humanidade: em passos de gambá e com consciência tranquila, dormindo...

quinta-feira, 30 de maio de 2013

RAUL E SUA HERANÇA

Fui lá. Esquisita demais sua ausência.
Como ausência se você estava em cada canto? No quadro da sala; nas taças de vinho vermelhas que Letícia vai brindar com seu Cau; nas cinzas que sobraram de seu corpo físico; na prancheta bagunçada; na jarra que foi de sua mãe; na escada, no bar empoeirado, no São Chiquinho que vai a leilão, no frigobar desligado, no terraço cheio de folhas trazidas pelo vento...
Cacete! Você estava e não estava lá, meu amigo do peito! Que saudade doida e doída.
Oswaldinho tentava me convencer de que era - eu sabia que aquela não era mais a sua casa.
Não tinha sua alegria, seus causos, seus desatinos, nossos abraços p'rás fotos - sempre tão apertados e iguais. Não tinha o que me era familiar, nem as comidas do Supernosso que você mentia que tinha passado uma semana preparando pra esperar as visitas.
Walmir, Silvério, Adélia, Ana, Lucinha, Mariluce, Rogerinho, Rausch, ninguém lá, só eu - e deu uma solidão danada.
Tem um bando de meninos atentados, como falamos em Itambacuri - que deram de ser chamados de menores infratores - que vão herdar alguns objetos que ficaram: tv, microondas, cama...vão aprender com o além o que é arte bacana. Sua responsa, fi...
Tem gente nova chegando por aí, amigos seus e meus. Cuida deles, viu? Conto com você pra recebê-los, em especial minha amiga Andréa. Tá precisando de alegria a moça.
Uma dica: aplica cachaça da boa nela. Não teve muitas emoções por estas bandas de cá.
Façam umas festas no céu e não me chamem, please. Tenho muito o que comemorar ainda aqui neste mundão terra.
Ah, fui ver Roberto Carlos. Ele acha que é "o cara", mas bons mesmo são meu Walmir e você.
Você não vai voltar, eu não vou mais lá.
Amor
Cândida

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

SINAIS, CHÁS, REZAS

Eu estava lá na hora da confusão, comprando vela pro aniversário mais que especial que vou comemorar nos próximos dias. A galeria do Ouvidor virou um caos, gente correndo de um lado pra outro sem entender o que acontecia. Fiquei quieta, sentada na escadinha que dava pro estoque da lanchonete especializada em empadas.
Aposto que de hoje em diante sempre que comer uma empada vou, inconscientemente, ouvir tiros. Como não gosto de coisas ruins, decidi parar de comer empadas. Assunto encerrado. Ponto.
Enquanto esperava a polícia liberar a saída da galeria, em meio àquele conversê todo, fiquei me lembrando d'umas pessoas que acham  que tudo o que acontece na vida é sinal. Nem sinal de quê sabem, mas afirmam que é. Se eu fosse pensar assim hoje ia desistir da festa, mas que nada - se foi sinal foi dos bons, porque saí inteirinha como entrei e com uma vela muito da linda na bolsa.
A maioria de minhas amigas acredita piamente que um carro buzinar é sinal, não buzinar também é; trupicar na calçada esburacada é, saltar o buraco também; receber uma mensagem no celular em que a soma dos números dá 8 é sinal - se der qualquer outro número de 1 a 100 também é...
Ontem ouvi de uma delas uma estória show de bola: recebeu um sinal de uma barata. Acordou com o inseto nojento passeando sobre ela e desesperou.
Bebi não, gente, é isto mesmo, uma barata veio sinalizar algo, que ela entendeu ser abrir a bíblia e ler um versículo em plena madrugada. Se a filha não estivesse presente pra confirmar o ocorrido eu ia oferecer a ela um comprimidinho tarja-preta que tava dando sopa, mas como o "causo" era verdade fiquei constrangida de sugerir que as duas estavam dando defeito. Ofereci uma cerveja - muitas cervejas.
Mesmo depois de um engradado inteiro vazio mantiveram a fé na barata sinaleira. Sei que tem um tal chá de trombetinha que nos anos 60 o povo tomava e via disco voador, paredes de abrindo, bicho conversando a língua dos homens, árvores se abraçando - meu marido é um entendedor dos anos 60 e me conta essas coisas, mas barata mandar ler bíblia nem ele nunca ouviu contar.
Fazer o quê, né? Os tempos mudam, os sinais mudam, os chás mudam...
Qual é mesmo o nome daquele que você tomou, amiga???

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

E QUE VENHA 2013...

Palavra-chave: Desapego
Propósito: Falar menos, escutar muito, escrever demais
Vontade: Encontrar mais os amigos
Promessa: Visitar muitas vezes minha mama em Itambacuri e minha filhota no Rio
Compromisso: Virar uma bicicletista juramentada

Quem disse que 2012 foi ruim? Tem ano ruim não, porque cada dia é um diferente em qualquer ano; tem tempo bom e tempo ruim, ah, isso tem.
Quando a gente tem sossego é bom, raiva é ruim, ter grana é bom, saúde é ótimo, alegria é impagável...
Muita coisa aconteceu - organizei a casa nova, cuidei e fui bem cuidada, fiz parceria nos jogos de baralho (eu e Leda apanhamos com louvor de nossos amados maridos), vi o sucesso da peça "Inimigo do Povo", me orgulhei de ver Joaquim Barbosa no Supremo, fiquei triste vendo tantos desastres naturais mundo afora- e outros nem tão naturais, trazidos pela violência entre as pessoas, fiquei toda besta com o sucesso profissional e pessoal de meus filhos, fiz em minha casa uma festa de Natal das mais alegres e rodeada de pessoas muito amadas - ganhei monte de presentes e curti todos eles, partilhei com meu Walmir a bênção de nossa vida juntos, dei colo pra quem 'tava frágil e busquei coragem em tudo ao redor, pra dar conta de superar as dores...
Tenho certeza de que 2013 será abençoado também, como todos os outros. Quero comemorar, proteger, cozinhar, tatuar, bordar, beijar, abraçar apertado, ver filmes e peças, rir, comer e beber com os amigos, me emocionar sempre.
Porteiras abertas. Que chegue o novo ano!!!

terça-feira, 10 de julho de 2012

PRÉ-CONCEITO É FODA!

Prestem atenção - não tô falando de preconceito besta, aquele que dá cadeia: chamar negão de negão, índio de vermelho, japonês de amarelo. Falo é daquele julgamento antecipado de não experimentar uma coisa e achar - ou ter certeza absoluta - de que ela é ruim.
Caí do cavalo nesta semana, de domingo até hoje 2 vezes, ou seja, 2 vezes em 3 dias é pra pessoa parar pra pensar, né não?
Domingo, fazendo comida boa pra meus amores, dei raiva dos programas idiotas da televisão aberta e fechada.
"Coloca um dvd bacana pra mim, Tuti!"
Colocou. Seu Jorge América Brasil. Comprei faz tempo, mas tentei assistir um dia e desanimei. Achei ruim na primeira música.
"Já que taí vou ver tudinho", pensei.
Ô gente, dá até vontade de chorar porque fiquei com ele tanto tempo enfeitando a estante e não assisti. É o trem marlindo do mundo. Uma alegria só. Quando vi as "minina" dele, duas pequetitas, cantando e fazendo uma homenagem à mãe Mariana, eu queria morder a peroba de raiva de mim por ter sido preconceituosa, intolerante, FDP de ter julgado um trabalho sem ter visto.
Alguma vez você já viu uma comida e pensou: "nusga, isto não é gostoso" sem ao menos provar? Aposto que sim.
Então...eu fiz a mesma coisa - Não vi e não gostei.
Agora (agora mesmo, meianoiteedozedodia11dejulhodedoismiledoze) a mesma coisa aconteceu.  Sempre tive uma implicância com Maytê Proença como atriz. No Saia Justa até gostava das opiniões dela, mas achava que devia ficar só ali, no programa, que pra outra coisa não era boa.
Aí vem o remake de Gabriela. Pelamordedeus, gente!!! Ela tá bacana como Dona Sinhazinha! Tá sim, podem conferir. Hoje deu inteiramente - e literalmente - pro dentista (nem sei o nome, mas afh...é bonito o sujeito), só que o romance não explícito era o mais sensual, mais que dava tesão, mais que eu torcia por ela. ..
Ó Maytê, você nasceu pra ser Sinhazinha e dar pro dentista. Vai aguentar aquele marido que só manda deitar "que vou lhe usar" mais não. Dá. Pronto. Falei.
Aí chega meu Walmir e conta uma novidade: tava ensaiando "O INIMIGO DO POVO" pra nova temporada e recebeu uma proposta decente de Rômulo Duque, que me inclui como camareira nas viagens da trupe (tinha que ter uma função pra poder ir 0800...). Êba! Vou sim, passar muita roupa, contar muitos causos, tirar muitas fotos, rir de doer o queixo, tomar cerveja bagarái...
Casa, comida e roupa lavada. Meu amor merece. E tem.
Pré-conceito besta o das feministas.
Salve (m) nossos homens!!!
Salve Jorge!!!


 

sexta-feira, 15 de junho de 2012

BELO VALE FOREVER...

Meu Walmir nasceu lá e, desde que nos encontramos 13 anos atrás, tem sempre alguma coisa ou alguém especial que nos ruma pr'aquelas bandas. Desta vez foram amigos que nos convidaram pra matar um porco na roça. Seria um encontro da trupe do "Inimigo do Povo", mas foi muito mais que um encontro - dois dias pra ficarem na história.
Da chegada até a partida, nada era previsto com tanta bacanagem.
Ainda na cidade, onde nos encontramos, a cozinha de dona Carmem e Lourdinha tinha de um tudo - bolo, café com prosa, risadaiada, arroz doce, biscoito de polvilho, cerveja gelada, queijadinha sergipana feita por Duda, só delícias...
Nossos anfitriões deram de convidar um amigo extra, que não fazia parte do grupo, mas que sendo um sujeito legal merecia participar de nossa tchurma. Eu e Marísia fomos buscá-lo na entrada da cidade e, pra início de conversa, ele usava a camisa pelo avesso. Êpaêpaêpa! Como assim? Será que é uma moda que não conheço?
- Nos siga, gente boa!
- Belê...
Meu carro é preto, ele seguiu um carro vermelho.
Como assim, gente? Ele nos viu dentro do carro, arrancamos juntos, e o ômi sumiu do nada. Será que caiu no rio Paraopeba? Juro que pensei nessa possibilidade, depois da primeira impressão. Duda, espevitada que é, atenta a tudo, disse que ele tinha virado pra outra rua. Celular em punho, Marísia consegue cercá-lo no posto de gasolina.
- Esperaí, não saia do carro.
Rebocamos o tal esperto.
Mal chegou na casa tentou vender um revólver pros nossos maridos. Tudo isto em menos de 30 minutos, juro e tenho testemunhas. Rômulo resolveu levá-lo a uma comunidade próxima, onde pretende ele fazer um estudo psiquiátrico. Foram.
-Vambora pra casa de Aparecida e João matar o porco, gente!!! Última chamada de Marísia pra quem ficou.
Já dentro dos carros tivemos que abortar a partida - Peninha se descobriu infestado de carrapatos. Arrancou as meias em desespero e jogou fora, arrancou a camisa e a calça, correu pro banheiro, tomou banho e sapecou álcool e nada - a coceira não passava. Levantou a bermuda e duas respeitáveis senhoras casadas começaram a cata nas coxinhas do rapaz em plena avenida principal de Belo Vale. Enquanto isto Iremar sai correndo pro banho, porque também havia sido atacada pelos marditos.
O castigo aí não veio a cavalo não, veio foi nas telhas de 1700eseilá que roubaram na visita à cachoeira da Boa Esperança.
Mais de hora depois conseguimos partir.
- João! Ô João! Eles chegaram!!!
Foi assim, com Aparecida gritando toda alegre seu amado que fomos recebidos na Chácara dos Cordeiros. Mais café com biscoito e todas as atenções se voltam pro porco piado pra morrer. João tem a manha e o bicho morreu dignamente, sem um rosnado sequer. Sapeca o couro, abre, separa miúdos e carne - tudo regado a uma cachacinha da boa - vira tripas pra fazer linguiça, aferventa, enfim, uma alegria só a mexida do porco. O que não foi comido lá dividimos pra trazer, cada um pra sua casa.
Como o rim já era reservado pra mim (trauma de infância, se não comer o rim rejeito o porco inteiro) tratei de comer logo pra liberar o resto.
Tinha bingo depois da reza numa fazenda vizinha, e lá vai o bando todo amontoado na carroceria da caminhonete de Peninha. Arrematamos uns leilões (4 asinhas de frango com 1/2 copo de cachaça por 5 real - 1 latinha de cerveja kaiser por 3,50, mas era pra ajudar a igreja, então entramos no clima e valeu a pena), não ganhamos nenhum bingo, mas voltamos mais alegres - e chapados - do que fomos. Volta tranquila, com cantoria e um frio fodido, até que Eduarda senta na barriga de uma determinada pessoa que tinha tomado umas 8 latinhas de cerveja. A carroceria alagou de xixi, lógico. Quanto mais riso mais alagamento. Humilhação, vexame, gozação com a moça seguida por todos até o chuveiro. Me mata que não conto quem foi...
Amanhecemos rindo das lembranças da noite e a movimentação toda de domingo era na colheita de mexericas. Tava tudo "laranjadinho" segundo o proprietário João, com os pés carregados de frutas maduras. De novo trepamos  nos carros com sacos e baldes pra encher.
Que decepção! Chegamos lá e não tinha mais nada. O caminhão que iria carregar segunda tinha ido na sexta feira sem avisar, e nós crentes que tava tudo no pé.
Não seja por isto; voltamos pra almoçar e jogar mais bingo, desta vez só entre nós. Todo mundo ganhou, e era cada prenda bacana que só vendo. Claro que uns com inveja dos outros, porque sempre é assim, né? A gente cobiça o que não ganhou. Aline ganhou até ovo de codorna com Ki-suco de prenda. Eu sonhei com o pano de prato que Duda ganhou e garrou, não quis trocar nem dar nem vender. Agora me digam: cumé que uma criança pega afeição por um pano de prato? Deve estar fazendo enxoval e o pobre do pai ciumento nem sabe de nada... Ô dó!
Partida pra BH já com saudade e promessa de voltar pro casamento na roça dia 30. Carro carregado de mudas e limão e carnes do porco e prendas do bingo e fotos e, principalmente, muitas e alegres lembranças. Inté, pessoal!!!

sábado, 7 de abril de 2012

DOCES AFILHADOS

Hoje é Páscoa e são doces as lembranças de meus afilhados.
Oficialmente tenho 3 - Juliana (que já me fez dindavó com a pequena Beatriz), Matheus e Raquel. Dei de pensar no que significa ser madrinha de alguém - coisa de responsa.
Filho é continuidade.
Irmão é extensão.
Afilhado é confiança.
De dois deles fui escolhida pelas mães; de Quel a escolha foi dela mesma.
Tenho muito orgulho de todos e de cada um em especial, ainda que não seja uma dinda das mais presentes. Sei que também represento boa coisa na vida de todos eles, e que sabem que têm em mim um colo quentinho, parecido com colo de mãe - parecido porque colo de mãe não existe igual - mas que dá pra aconchegar sempre que precisarem.
Jú, Theu e Quequel - meu dia hoje é dedicado a vocês.
Muito amor. Sempre.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

INFERNO ASTRAL

Vamos combinar que inferno astral não é coisa de Deus, pois é? Parece que os 30 dias que antecedem o nosso aniversário são selecionados a dedo pra nos irritar.
Fazendo uma simples comparação, é como se fossem 30 dias corridos de TPM da braba.
Tudo o que poderia dar errado dá; tudo o que deveria dar certo dá errado.
Filho adoece; nosso corpo padece de cansaço - parece que se preparando pra ficar mais velho; tudo na casa inventa de dar defeito ao mesmo tempo; amigos cobram uma atenção que não damos conta de ter com todos; marido reclama de nossa impaciência.
Comemorar o aniversário vira uma questão de honra, tantas são as dificuldades.
Ainda bem que chega o "grande dia". Além de findar o inferno, receber cada um dos que se lembram e vem nos abraçar, trazer presentes e brindar conosco vale toda a ruindade dos dias que antecederam.
É amanhã! Tô que não me aguento. Meu lado criança renasce das cinzas a cada novo aniversário.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

PREGUIÇA

Todo mundo tem ou já teve ou terá. Eu vivo com.
Tem dias que a preguiça é de acordar, n'outro é de trabalhar, n'outro é de conversar - só não tenho preguiça de comer e beber, porque de resto tenho é demais. É meu pecado predileto.
Hoje, por exemplo, minha preguiça-mor é de ser mãe e dona da casa. Ter que pensar em tudo, da empregada que desapareceu sem dar satisfação até o almoço de amanhã dá vontade de sumir, virar pó, sair pra comprar cigarro - e nem fumar eu fumo mais - e entrar pra lista de desaparecidos, voltar daqui a 5 anos sem explicar nem por onde andei.
Dá preguiça até em quem tá lendo, aposto.
E preguiça de gente? Nusga, tem demais. De gente burra então... E daqueles metidos a besta?
Aí vem o coração de manteiga e a preguiça perde pro amor: fiotinha encantadora que liga cheia de "sodade", mãe amorosa que promete vir passar meu aniversário pertinho, amiga-irmã que já comprou a cachaça pra comemorar a vida comigo dia 31 na minha bat-cozinha, marido bacana que prepara lanchinho pra mulher morta de cansaço.
Ah! Com ou sem preguiça viver é muito bom, né não?

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

MINHA PRIMEIRA VEZ

Minha primeira viagem de Van ficou pra história. Dei de acompanhar meu amado numa apresentação da peça em Ipatinga, abertura da Campanha de Popularização do Teatro de lá. Foi todo mundo numa van fretada - equipe técnica e elenco - e eu, como caí nas graças da produção, fui incluída na tal viagem.
Gente, pode todo mundo morrer de inveja, porque nenhuma viagem a Paris seria melhor que esta. Minhas bochechas deram cãimbra de tanto rir.
Um monte de homens e 3 mulheres - Ana Amélia, Bianca e eu.
Rolou tudo que foi assunto da saída daqui até a chegada aqui também, 30 horas depois da partida. Tudo o que aconteceu antes, durante e depois vai nos dar saudade por muito tempo, aposto.
Até um namorado baiano pra "Fuscão Preto" - apelido de um dos integrantes da comitiva - surgiu do nada, com direito a cortejo e tudo, quando paramos pra comer pão com linguiça.
Gente com quebranto também teve, né "Martins"? Deve ser melancolia, lembrança das "pinceladas" que levou quando era mais jovem. A cura? Nas mãos de Ana Amélia, que se comprometeu a incluir incenso e até jantar romântico no pacote de benzeção. Afinal de contas, segundo as convicções da benzedeira, reza, boquete e copo d'água não se pode negar a ninguém...
Bianca se desespera querendo fumar e pensa em sair voando da van - voando de rodo, já que com o tempo nublado a vassoura da bruxa é substituída por rodo...
Babalu - vulgo do moço bonito de olhos verdes, clone de Letícia Spiller - pede uma coçadinha nas costas de algum caridoso, carente que ficou sozinho no último banco. Se coçou sozinho, ninguém deu confiança...
Jefferson dá de contar que um amigo ficou seduzido pelo traseiro de outro e quis saber se o dono dava. Disse ele que achava que sim, desde que tivesse alguém pra segurar...
Música ambiente ao som de Amelinha, Joyce, Roberto Leal e tudo o que de mais barango existe. Vai ver foi o romantismo dele que conquistou o baiano na parada da linguiça.
Como tinha um bando de viciados no meio dos passageiros, um deles decidiu que o mais justo seria fumarem à vontade lá dentro, e quem não fosse fumante colocasse o nariz pra fora da janela. Ainda bem que Bira, o motorista gente boa, defendeu a equipe não viciada e impediu tal atitude cabeluda.
Felipe dá de contar o que aconteceu com ele na noite anterior. O companheiro de quarto falou: "Tem coisa melhor que uma boa cagada?", ao que ele respondeu: "Ó, ou eu não aprendi a cagar ou você nunca trepou..."
Bianca conta de suas experiências na loja de maquiagem - chique com força - em que trabalha; da mulherada pobre e sem noção que chega lá querendo montar um kit de 100,00 - isto num lugar em que o que custa menos é um baton de 92,00. Nem o baton só com a caixa de presente fica por cem pilas, quanto mais um kit. E aquelas que vêem um estojo de sombra e perguntam se é blush? Pois tem, e diz ela que dá vontade de responder: "é blush sim, sua baranga. A moda agora é ser avatar e pintar a cara de azul"...
Márcio, Fuscão e Ana trabalham no atendimento telefônico de informações sobre a Campanha de Popularização e contam as pérolas que são obrigados a ouvir:
* "Teatro adulto é só pra adulto?"
* "Em teatro infantil criança paga?"
* "Se criança de 2 anos não paga, posso deixar ela lá dentro e esperar cá fora?"
* "Que dia apagam as luzes de natal da Praça da Liberdade?"
* "Vocês vendem ingressos pro FIT?" - (sabendo que ligou pra Campanha...)
* "Quanto é o ingresso pro Cirque du Soleil?" - ( de novo, sabendo que ligou pra Campanha...)
Pra fechar com chave de ouro, quase chegando em BH, paramos num engarrafamento da estrada. Peninha olha pro lado e se emociona: "Cândida, você não vai acreditar! Uma moto de Itambacuri aqui do lado!". É demais, né não? Uma moto de nossa terra parar bem ali, do ladinho? Peninha tinha outro codinome quando vivia lá - Ludovico. Mudou quando veio pra capital. Alguma razão há de ter, eu penso, mas ele disfarça e não conta. Ainda descubro e conto procês.
O todo poderoso Rômulo foi e voltou de avião. Se ferrou. Comeu um pacotinho de amendoim e tomou refrigerante quente, enquanto nós comíamos pão com linguiça e tomávamos caldo de cana geladinho. Foi mudo e voltou calado, enquanto nossa viagem foi o que de mais alegre e falante poderia ser.
Enfim, ficou pra história.
Depois desta sou parte integrante fixa da equipe. Onquesfô eu vô.
A primeira vez a gente nunca esquece!

sábado, 31 de dezembro de 2011

GIOVANA, BUNITINHA, ANO NOVO...

2011, 2012...Giovana, Bunitinha - uma se preparando pra chegar neste mundão de meu Deus, outra se preparando pra partir; Uma é filha, outra mãe; Uma não sabe nada, a outra sabe tudo o que precisou saber pra construir sua vida e merecer tanto amor como tem dos seus; Uma é metade, 5 meses na barriga de Aninha se formando aos pouquinhos - a outra é inteira numa família linda e amorosa, cabelinhos brancos e cheirosos, pele rosada e bem cuidada; Uma vai chegar com tudo, a outra vai deixar tudo e reencontrar seu grande amor; Uma tem tempo certo pra chegar - outra tem tempo incerto pra partir. Bom que seja assim. O ciclo da vida ser imprevisível.

Mudanças acontecem o tempo todo, umas boas, outras ótimas. Mudar é sempre bom.
Somos obrigados a reorganizar a vida do "zero", virar as gavetas, doar muitas coisas, perder outras tantas, achar muitas outras.
Minhas caixas da mudança foram uma surpresa constante. Nunca sabia se, ao abrir cada uma delas que foi embalada por meu amado marido, iria encontrar um sapato ou umas xícaras. Assim mesmo.
Ele foi eficiente quanto ao aproveitamento dos espaços, e onde cabia um dedo mindinho qualquer coisa era encaixada.
Enquanto isso o ciúme corre solto. Teve até amiga querendo alugar apartamento no mesmo prédio, pra não perder na concorrência da convivência. Bobagem. Amizade boa que nem a nossa não tem concorrência - é única e especial.

Comemoramos juntas a vida, a vizinhança, os segredos. Brindamos com bolo, espumante, sopa de lentilhas, whisky, macarrão, mousse de maracujá e, mais bacana, abraços amorosos e boa prosa.

Bunitinha ronca em sua cama branquinha, relaxada num sono reparador, depois de semana agitada.

Giovana mexe e balanga o barrigão de sua mama, que não sabe se leva Johan pra ver os fogos do reveillon ou se bota Artur pra dormir.

Aninha e Cláudia, mãe e filha, amigas amadas que merecem minha homenagem de ano novo. Uma pertinho, 4 andares de distância de elevador - outra lonjão, 500km de estrada ruim e esburacada. No meu coração emboladas no mesmo carinho.

Um 2012 abençoado, amigas!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Pouco troco, muita raiva

Em nenhum lugar do mundo acontece como no Brasil: troco só é considerado dinheiro a partir de 5 centavos, e olhe lá, de repente nem isso.
Hoje passei uma raiva federal, daquelas que depois a gente pensa "bobagem, não valia a pena me desgastar", mas aí não adiantava mais - já tava furiosa, chutando pedra.
Fui comprar um remédio na Drogaria Araújo da zona hospitalar, em frente ao Hospital São Lucas. Enorme. Acho que a maior de toda a rede, pelo menos que eu conheça. A conta deu 37,48. Beleza. Paguei com uma nota de 50,00. A moça do caixa me devolveu 12,50 sem a menor cerimônia, nenhuma balinha, nenhuma caixa de fósforos, nenhuma satisfação, nada. Perguntei se ela não tinha os 2 centavos porque achei desaforo - sempre acho, mas nunca falo nada.
Aí o bicho pegou, porque ela disse que 2 centavos só tinha com o gerente. Piorou a situação gritando pra outra que estava no meio da farmácia: "Liane, pega 2 centavos pra dona aqui lá na gerência!"Gente, o caixa é quem cobra e recebe, então porque 2 centavos tem que pegar na gerência? A Drogaria Araújo arrumou um jeito doido demais de surrupiar o troco da gente, né não?

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Barbies, Pégasus, aniversário!

Minha menina Lis faz 30 anos sexta-feira. Hoje fiz caminhada toda com ela no pensamento, me lembrando de cada coisa - que dei conta de lembrar, lógico - desse nosso tempo juntas como mãe e filha. Deu vontade de ficar andando dia inteiro, tantas são as lembranças.
Mas foi com alegria, sem "minanconia", como diz meu Walmir.
Ria de algumas coisas, como de quando decidiu fugir de casa aos 5 anos e a fuga durou um quarteirão; da viagem dela pra Disney com uma amiga aos 11 anos que dava um livro; da briga que teve com umas ex-amigas do Zilah Frota que me fez soltar os cachorros - literalmente - nas meninas que xingaram a minha...Quem cruzava comigo na pista devia achar que eu ria do que ouvia no rádio - caminho com fones ouvindo a BandNews ou CBN. Era não. Ria de mim e de outras lembranças.
Tem gente que diz que as crianças de hoje são menos felizes que as de antigamente. Por antigamente entenda-se anos 70, quando eu era criança. Discordo.
Pelo menos as minhas tiveram de tudo um pouco - vida de interior, contato com bichos de toda natureza, viagens bacanas, experimentos com comidas variadíssimas, quintal, fruta no pé e, de quebra, computador e toda a parafernália eletrônica. Tiveram sim, foi uma infância muito mais rica.
Pois então; na andança vejo um menino brincando na calçada com um carrinho de controle remoto enquanto a mãe caminhava. Aí aparece na memória como se fosse hoje eu, nas Lojas Americanas, esperando chegar o caminhão que traria o Pégasus, carrinho que todos os meninos com idade de 1 a 100 anos desejavam ganhar de natal naquele ano. E eu lá, na fila, porque os meus tinham certeza de que a carta que colocamos no correio tinha chegado ao destinatário Noel e ele não ia quebrar a promessa de trazer o presente.
Braços carregados - casa da Barbie, Ken japonês, Barbie negra, Pula pula, Bola do Cruzeiro, carrinho de bebê pras bonecas - e eu lá, na fila, esperando o Pégasus.
Será que este brinquedo ainda existe? O daqui de casa foi pra alguma creche, porque tudo o que não é usado passo pra diante. É bom. Sempre que entra alguma coisa nova sai uma outra.
A coleção de Barbies de Lis foi pra alguma menininha que ficou feliz demais, porque tinha de tudo, da cozinha ao carro, e ainda de quebra o noivo, porque tinha Ken de tudo que era jeito.
Hoje minha menina é uma mulher feita, decidida, competente, artista de mão cheia, feliz. Vive à beira do mar, cria jóias maravilhosas, cuida da própria casa e da vida que é boa demais. Penso que tao boa graças também à infância que teve.
Parabéns, fiotinha!

domingo, 25 de setembro de 2011

FOGO ENGOLE TUDO - DE NOVO

Meu marido escreveu no blog dele em agosto de 2007. Hoje, quatro anos depois, a história se repete. A Serra do Curral é, neste momento, uma cortina de fogo e fumaça. Corpo de bombeiros a postos, sem muito o que fazer. E a bicharada calcinada de novo. E a montanha inteira é transformada num só túmulo.
Mudou governador; mudou prefeito; mudou o ano. O que não mudou foi a providência definitiva pra tragédia ambiental não se repetir. Por quê?
E desta vez não teve meninos soltando pipas pra levarem a culpa.

07/08/2007

"A vegetação, neste inverno seco, era um palheiro esperando fagulhas.

Há dois anos o sistema de irrigação e proteção contra incêndios deixou de funcionar. E ficou assim.

Antes, esguichava água todas as tardes e todas as manhãs; durante 5 anos não ocorreram incêndios.

A MBR, mineradora que hoje pertence à Vale – e que devastou a parte anterior da Serra do Curral para extrair minério – responsável pela instalação e manutenção do sistema no alto da montanha - informou que ele não funcionou por conta de uma pane elétrica.

Mentira, já não funcionava há muito tempo. Mas nós ficamos calados.

Os bombeiros disseram que jovens, buscando recuperar pipas, atearam o fogo.

Eram jovens num Festival de Pipas promovido pela Prefeitura de Belo Horizonte, na Praça do Papa.

Não sei. Foi uma coluna de fogo - de alto a baixo da montanha - repentina, furiosa pelo vento. Repentina. Não me pareceu coisa de jovens desavisados, desconfio, mas não afirmo contra.

Em vinte horas, 85% da mata virou cinza.

A Serra do Curral é o Corcovado de Belo Horizonte, vastos alqueires de montanha cobertos de vegetação, habitados por pequenos mamíferos – muitas espécies de roedores, micos, quatis - répteis, aves de toda espécie como beija-flores, canários e azulões; aves de rapina grandes e pequenas, os elegantes gaviões, corujas buraqueiras, urubus-rei. Todos perderam seus ninhos e filhotes nos alpendres de pedra da montanha de onde, todos os dias, levantavam seus vôos de variada qualidade.

O capim alto, pendoado em vermelho no outono e amarelo ressequido neste inverno, verde e lindo nas primaveras; vegetação característica do cerrado, arbustos, muitos pinheiros nos contrafortes baixos. E as orquídeas? Minúsculos pontos coloridos na escarpa. Nada mais, só esqueletos e cinza.

Desgosto.

Tudo agora está preto, calcinado, pedras negras espetadas como túmulos, silêncio dos pássaros, cheiro de animais em decomposição, de carne queimada. O vento carrega o cheiro brando da morte para dentro de nossas casas, empesteia o nariz de quem caminha no Anel da Serra.

Moro de frente para a montanha. Basta atravessar a rua e, ali mesmo, começa a erguer-se o monumento natural mais belo da cidade.

Dois quarteirões atrás fica o palácio das Mangabeiras, residência do governador de Minas Gerais, Aécio Neves.

Se ele estava lá na noite do dia 5, deve ter presenciado a tragédia. Mas ficou calado.

O prefeito da cidade, Fernando Pimentel, se viu, também se calou.

Jornais e Tvs receberam alguns alertas, não se manifestaram.

Nós, moradores, nada fizemos para prevenir a tragédia anunciada, reclamamos entre nós do inverno ressequido, da falta de esguichos da MBR/Vale.

Reclamamos em casa, lamurientos, mas não tomamos qualquer atitude.

A associação do Bairro foi inoperante, fomos inoperantes, não nos mobilizamos, alertamos, e o seco inverno transformou a Serra do Curral num fogueira de 20 horas que nos cobre a todos de vergonha.

Ao final, a culpa ficará com uns garotos que soltavam pipa."

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

CONTO DE FADAS

Nasci na época errada, tenho certeza.
Sou daquelas que acha que mulher nasceu pra parir, cuidar dos filhos e de
seu macho alfa, fazer quitandas pra encher as latas da despensa...e não
se preocupar com contas a pagar.
Copiei a postagem de Aninha - amiga linda e querida - no seu blog
Equilibradora de Pratos - passem por lá e vão ficar viciados na menina,
aposto - e fiquei pensando em quais de minhas amigas beijava e qual
comia a rã...
O texto é do Veríssimo, acho.

"Era uma vez... numa terra muito distante...uma princesa linda,
independente e cheia de auto-estima.
Ela se deparou com uma rã enquanto contemplava a natureza
e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo era relaxante
e ecológico...
Então, a rã pulou para o seu colo e disse: linda princesa, eu já fui
um príncipe muito bonito.
Uma bruxa má lançou-me um encanto e transformei-me nesta rã
asquerosa.
Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo
príncipe e poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo.
A tua mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu
jantar, lavar as minhas roupas, criar os nossos filhos e seríamos
felizes para sempre...
Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã sautée,
acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo
vinho branco, a princesa sorria, pensando consigo mesma:
- Eu, hein?... nem morta!"

OLHA ELA AÍ

"Vem, chuva. Eu sei que você consegue."
Artur fez a corrente no Face, eu fiz chuva de farinha no quintal, cada um tentou como pode convencer São Pedro de que não dava mais pra pingar colírio, lavar o nariz com soro fisiológico, hidratar a gente e os bichos, olhar pro sol com ar desolado e pedir licença a ele, que empacou no céu de BH. Depois de 96 dias secos tivemos uma noite deliciosa, fresquinha, uma manhã como nem me lembrava mais. Acordei cedo, enrolei a mangueira de regar horta e jardim - tomara que não precise dela por uns bons dias, peguei as roupas molhadas no varal numa alegria adolescente e comecei meu dia de trabalho grata às gotas abençoadas.

sábado, 10 de setembro de 2011

ALEGRIA ALEGRIA

Semana de alegria. Esta foi assim.
Teve de tudo um pouco : Visita deliciosa de minha passarinha; Almoço com a tchurma de Lis, que tinha até Nina no balanço enfeitando nossa cozinha, rimos até dar cãibra no queixo com os causos de Jojô - as fotos provam isto; Oficina de padaria com Elisa e Lelê; Raul amigo querido operou e já 'tá em casa se restabelecendo; Noivado oficial de Ana e Pedro- lindo, emocionante e mais que delicioso - perfeito!; Casa cheia de skatistas pro downhill da independência, hóspedes que vieram de muito longe - os daqui são de Santa Catarina e da Argentina; Artur bem classificado na tomada de tempo do campeonato hoje; Teodoro, o gato que adotei, está super bem adaptado e já passeia por tudo que é canto.; Mamãe solta no mundo, viajando pelo nordeste, ontem ligou de Salvador numa animação de dar inveja; Aninha, amiga carioca querida, vai ter outro fiote - que pelo visto foi encomendado em nossa casa, na última vinda deles em Julho.
Dá pra ter alguma tristeza com tantas coisas legais acontecendo? Dá nada.
Tô de volta ao blog. Alegre como sempre!

domingo, 26 de junho de 2011

DESTINO OU ESCOLHA?

Muita gente não acredita em destino. Eu acredito.
Como explicar um sujeito que para na estrada pra ver um acidente e é atropelado pelo próprio carro? Assim- desceu, puxou freio de mão, engrenou uma primeira, ligou pisca alerta, colocou triângulo, tudo direitinho, e foi pra frente do seu carro ver o caminhão que caiu na ribanceira. Vem uma carreta em alta velocidade e não teve tempo de frear; passou por cima do que tinha pela frente.
Hoje li uma crônica de Laura Mediolli que fala disto, e tem umas coisas que seriam engraçadas se não fossem trágicas. Uma delas: o cara morre atingido por uma tartaruga que caiu do céu.
Num programa de tv passa acidentes incríveis. Teve um nadador que estava treinando e morreu carbonizado. Como? Um avião do exército apagava um incêndio e buscava água no mar com um balde pendurado - encheu o balde exatamente onde estava o nadador e, claro, o piloto não viu, uma vez que o balde ficava embaixo do avião. Carregou a água até o incêndio e jogou com nadador e tudo no meio do fogo.
Mas não é só desgraça não, tem as coisas alegres. Como explicar uns encontros tão bacanas que acontecem entre amores, amigos, pessoas que jamais se encontrariam se não tivessem desligado o celular naquela hora, atravessado aquela rua, ido às compras naquele dia, assistido àquela peça? Tudo e qualquer ato nosso muda completamente nosso destino e o dos outros.
Escolha é o que você faz, destino é o que acontece decorrente do que fez. Acho assim.
Tenho uma amiga que está finalizando o casamento. Escolheu o caminho da coragem, embora a dita cuja lhe falte em alguns momentos e a amiga se desmanche em lágrimas. Natural que seja assim, porque a gente se acostuma e sente falta até do que é ruim.
Sobreviver a uma ou muitas crises no casamento é uma coisa; acomodar ou se apegar a uma matriz de sofrimento é outra bem diferente.
O desencontro deste casal 'tava escrito no destino? Sei lá, ninguém sabe, mas certamente as escolhas que fizeram ao longo da vida levou os dois a viverem a separação. E pode dar a chance ao casal de ter uma vida alegre, amorosa e leve com outros parceiros.
Falo com a arrogância de quem esteve lá - e passei por tanto pra achar meu par nesta vida.
O tempo todo laços se fazem e se desfazem. Um dilema moral nos coloca em dúvida quando desfazemos laços importantes, mas quando isto acontece é porque tais laços já se romperam irremediavelmente.
E é nesta hora que fica mais confortável acreditar no destino e derrubar qualquer culpa - sem se isentar da responsabilidade das escolhas, claro.
E se tinha que ser assim que seja.


quarta-feira, 8 de junho de 2011

RICARDO ELETRO=DESESPERO!!!

Comprei hoje um eletrodoméstico na loja da Ricardo Eletro e, se arrependimento matasse, eu já estaria cremada numa hora dessas...
A vendedora foi solícita - claro, queria vender - e eu uma trouxa, porque como era uma coisa de que tava precisando muito, logo fiz negócio. Já tinha pesquisado em outras lojas e na internet, então decidi numa segurança de dar inveja. Subi as escadas (a contragosto, porque se fosse deficiente tinha desistido da tal compra) e catei logo um caixa pra pagar. Paguei.
Na hora de pegar a mercadoria na expedição cadê? Não tinha o que comprei. E o responsável pela entrega ainda debochou de mim e me mandou descer as malditas escadas e "caçar" a vendedora. Nada... a vendedora tinha saído pra almoçar.
Tentei resolver com calma e nada. Chorei até desidratar e nada também. Fiquei tão indignada que liguei pra polícia - nada também, não apareceu nenhum policial pra me socorrer. Nenhum funcionário sabia o que fazer, sendo que tudo o que eu queria era que cancelassem o débito no cartão ou me devolvessem em dinheiro, já que não tinham a mercadoria pra me entregar. Nada...
Cheguei na loja antes das 14 horas e saí às 16:50 sem nada resolvido. A única coisa que eu sabia era que ia morrer numa grana preta de estacionamento, e foi o que aconteceu - 48,00 por quase 4 horas.
Agora quem souber me diga: o que devo fazer? Mandei um e-mail no site da RICARDO ELETRO, mas minha amiga já me desanimou e disse que não vão me dar a menor confiança.É assim que trabalham, disse-me ela.
Tô sem o dinheiro, com o débito no cartão, sem o que comprei - acrescido de um prejuízo de 48,00 de estacionamento enquanto me desesperava na loja. E aí, sr RICARDO DEUS MENTIROSO, que faz aquela propaganda toda na TV e não banca o que fala? Cadê seu telefone, que vc diz pra gente ligar pra você? Será que só eu sou uma idiota de acreditar ou Luciano Huck também é, já que avalisa tudo o que você promete?

sábado, 28 de maio de 2011

De Walmir para Lis

Lis,

seus anjos de guarda são dois. Um fala agora, o outro depois.
Este que agora fala garante um momento justo, com brincos de prata e ouro, junta formas a esmo coisas foscas ou brilhares, que vêm de tantos lugares que nem os anjos se lembram, mas tocam em frente o processo.

Escreva então outro verso!

E sua mão obedece cegamente, comportada, e mesmo que não diga nada, no fim a forma te intriga.

O outro anjo te escuta, pondera, discute contigo, aconselha como amigo a escolher cada pedra, evitando o perigo de registrar cegamente as coisas que vêm à mente e comprometem depois.
Você tem muitos amigos, mas anjos de guarda, só dois.

Um deles volta à carga e te mantém artesando e criando e bebendo. Você é só instrumento de mensagens imediatas, de conclusões provisórias que, se não contam histórias, também não são um lamento.

Tens uma história simples, uma família normal, tens amigos, colegas e um afeto especial. Tens coisas diferentes, às vezes incompatíveis, milhares de neurônios e um curso superior que contigo se indispôs.

Tens um milhão de motivos, mas, anjos da guarda, só dois.

Rogas pragas criativas: “mas que puta que pariu”, xingas. No sábado ou no domingo e às vezes pela semana, dizes que vai à merda e oferece carona, mas se comporta direito. Paras no bar, se abastece, te dás o que bem mereces e não reclamas depois.
Você tem muitos defeitos, mas anjos de guarda, só dois.

Rende à fadiga do corpo, à meditação necessária. Para, limpa a área mais ou menos e vai descansar, finalmente. Come do último doce e liga a televisão. Viver assim, não é mole, mas tudo sempre se encontra no lugar onde se pôs.

E vais dormir. Boa noite

Tu e seus anjos. Os dois.

sábado, 14 de maio de 2011

CASA DAS MENINAS

Lis, minha flor mais linda, virou passarinha e voou.
Não foi assim, de repente, fugiu da gaiola quando fui colocar água fresca e comida. Não - foi de caso pensado e sem nenhuma precipitação.
Vinha falando na mudança há algum tempo, no sonho de ter seu canto, das amigas que queriam sua companhia na casa nova, no amor pelo mar e pelos ares do Rio, nas aventuras e desventuras vividas na cidade maravilhosa em infindáveis vezes que esteve por lá, umas experiências mais e outras menos alegres - mas todas elas muito bacanas.
Escolheu Bebel como parceira pra este tempo de vida. Muito lindo ver a empolgação das duas fazendo listas, programando a festa de inauguração, definindo lugar pros adornos que contam histórias da vida de cada uma, começando uma nova fase na amizade de longa data.
Passei uns dias por lá, ajudando a organizar a mudança. Quatro dias foi o bastante pra voltar com a sensação de dever cumprido, deixando o resto por conta delas. Não tenho nenhuma dúvida de que vão dar conta - e bem.
Cantinho do café, tv anos 60, cantinho da reza, caderno de receitas, parangolé, mata ao fundo, araras, baú e móveis antigos, mistura de livros e discos, tamborim, pinguim de geladeira, espumante e cachaça, cafeteira daquela terra distante que trouxe de viagem, copos lagoinha e ajeitos de bom gosto. Tudo lindo e cheio de causos pra contar.
Ficou linda a casa das meninas!
E minha passarinha vai aprendendo a construir e cuidar de seu novo ninho.

sábado, 30 de abril de 2011

ENTRE AMIGAS

Coisa boa é um grupo de amigas sair às compras, muito mais bacana do que qualquer homem possa entender. Foi o que fizemos eu, Alba, Juráila, Diana e Lêda num domingo sem marido ou filhos. O destino foi o Sams Club, onde nenhuma delas tinha ido antes.
De cara as emoções já começaram quando vimos os folhetos de promoções. Cada uma pegou um daqueles carrinhos enormes que no primeiro corredor já estavam praticamente cheios.
Nada escapava - de bacia pra fazer quitanda a banhos de assento; embalagens gigantes de papel higiênico (leve 48 pague 36), litros e mais litros de shampoo, malas de 8 rodinhas (perfeitas pr'as viajantes de plantão), pacotes de 5 kg de farinha de trigo pra fazer pão de cristo com a isca que Alba trouxe de Itambacuri (no colo, pra não supitar o fermento durante a viagem), ovos de páscoa de todas as marcas e tamanhos (que foram deixados pra trás porque, como diz Dica, toda mulher tem outras 2 dentro de si - a doida manda comprar tudo e a ajuizada manda devolver antes de passar no caixa), galões e mais galões de amaciante, detergente, água sanitária; pacotes de 1 kg de sazon, ração pra cachorro, tapetes pra banheiro, peças de presunto, chester, kits de toalhas de banho e rosto, tábua bacanérrima de passar roupas, ferro de passar profi ( com caldeira e tudo, igual de lavanderia), mantas inteiras de bacon, bacalhau, batatas fritas com carinhas smiles (em embalagens enormes!), caixas com sei lá quantos pacotinhos de bombril, estante com nichos para guardar brinquedos que virou organizadora pro closet de Jú (e que os filhos dela pensaram que era pra reciclagem de lixo), cabides, pão integral, sucrilhos...

Tem ainda as encomendas pras amigas ausentes que, sendo avisadas pelo celular sobre as promoções imperdíveis (telefonemas intermunicipais, diga-se de passagem), autorizam a compra sem ao menos ver (fraldas pro neto que ainda nem nasceu, achocolatados, aquela bebida que alguém falou que fortalece os ossos e impede a osteoporose, travesseiros).

Então tá - tudo comprado, é hora de guardar no carro. E pra caber? Lembrava uma gincana da tv anos atrás, que mandava colocar 20 pessoas dentro de um Fusca. Claro que ficou saindo gente - e mercadorias - pelas janelas, mas a alegria era maior que qualquer aperto. E o povo olhando, sem entender aquele bando de mulheres carregadas de compras falando todas ao mesmo tempo, rindo de chorar e combinando a próxima excursão.

E ainda tem gente que fala que felicidade não existe.

* Hoje é aniversário de meu vô Antonino - 103 anos. Parabéns, vovô!!!

sábado, 23 de abril de 2011

CHEIROS

· Itambacuri só tinha um carteiro – Zezé, que entregava as cartas de bicicleta. Quando ele entrava em férias tínhamos que ir ao correio ver se tinha correspondência. Os rapazes da cidade quase todos moravam no internato em Conceição do Mato Dentro e ficávamos ansiosas por notícias deles, nossos namorados. Telefone era muito caro e eles só iam pra lá nas férias – janeiro e julho, então a única comunicação era por carta. Eu namorava firme e tinha um trato de escrever todos os dias, então toda quinta recebia 3 cartas que foram escritas sexta, sábado e domingo anteriores e colocadas no correio na segunda daquela semana. Precisávamos ajudar a outra funcionária do correio a separar as cartas pra achar as endereçadas a nós. Lembro bem que a primeira coisa que eu fazia ao pegar no envelope era cheirar, porque a memória afetiva traz consigo o cheiro de quem escreveu. Nos últimos 20 anos as únicas cartas à mão que recebi foram escritas por mamãe, meu Walmir e Aninha Malfacini. Reconheci o cheiro de cada um deles nelas. E me emocionei a cada vez, que nem dia desses, comendo pequi.

· Cheiro de Pequi me traz a deliciosa presença de papai, me leva à infância sentada no chão com a cumbuca se enchendo de caroços - eu roendo e papai olhando, atento pra que não ferisse minha boca com os espinhos. No tal dia ele não estava aqui pra me olhar e furei a língua toda. Juráila se valeu de uma pinça e tirou os que conseguiu, mas muitos teimaram em se esconder e ficaram. Walmir brigou porque não tive cuidado e me machuco como uma adolescente estabanada, mas valeu a pena. Naquela noite sonhei com papai.

· Cheiro de fumaça me lembra as fogueiras em Castorina; cheiro de bebê, meus meninos pequeninhos; cachaça, a roça de Zé Lú; terra molhada, o quintal de vovô quando chovia; pele queimada, matança de porco na casa de mamãe; torra de café, comunidade Noiva do Cordeiro; cheiro de pão assando, minha casa desde sempre.

· Tem também os cheiros que nos remetem a lembranças ruins. A primeira coisa que acontece quando desgostamos de alguém é desagradar do cheiro. Aí não tem jeito. Acabou mesmo.

· Bom que os deliciosos são muito mais que os não bons. Cheirosas lembranças pra todo mundo!

·

terça-feira, 22 de março de 2011

CHUP CHUP: R$ 0,40

CARRO LIMPO: NÃO TEM PREÇO

É doutor. E dos bons. Cismou de ser médico, estudou e até conseguir não desistiu. Já saiu da formatura arrumando a mala pra assumir um emprego no interior de SP. Poderoso o rapaz.
Biel comprou seu primeiro carro - tudo novo, inclusive a marca no Brasil. Um Cherry pretinho, completo, um sonho. Rumou pra Itambacuri tirando uma onda danada, e até esqueceu que olho gordo é uma merda.
Voltou pra Cachoeira Paulista feliz da vida, parou na padaria pra comprar pão e se refrescar com um chup chup. Chegou em casa - a casa fica numa ladeira - desceu do carro e foi abrir a garagem, só que pra não sujar a alavanca do freio com a mão melada não puxou. Pensou que o carro, além de chique e bonito, ainda devia ser inteligente. Não era. Enquanto abria o portão o sonho de Biel desceu a ladeira e só parou quando uma árvore entrou na frente.
Arregaçou o bonitão sem dó nem piedade. Bateu, se fodeu, mas continuou limpinho.
E sonho não tem preço...