segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

INFERNO ASTRAL

Vamos combinar que inferno astral não é coisa de Deus, pois é? Parece que os 30 dias que antecedem o nosso aniversário são selecionados a dedo pra nos irritar.
Fazendo uma simples comparação, é como se fossem 30 dias corridos de TPM da braba.
Tudo o que poderia dar errado dá; tudo o que deveria dar certo dá errado.
Filho adoece; nosso corpo padece de cansaço - parece que se preparando pra ficar mais velho; tudo na casa inventa de dar defeito ao mesmo tempo; amigos cobram uma atenção que não damos conta de ter com todos; marido reclama de nossa impaciência.
Comemorar o aniversário vira uma questão de honra, tantas são as dificuldades.
Ainda bem que chega o "grande dia". Além de findar o inferno, receber cada um dos que se lembram e vem nos abraçar, trazer presentes e brindar conosco vale toda a ruindade dos dias que antecederam.
É amanhã! Tô que não me aguento. Meu lado criança renasce das cinzas a cada novo aniversário.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

PREGUIÇA

Todo mundo tem ou já teve ou terá. Eu vivo com.
Tem dias que a preguiça é de acordar, n'outro é de trabalhar, n'outro é de conversar - só não tenho preguiça de comer e beber, porque de resto tenho é demais. É meu pecado predileto.
Hoje, por exemplo, minha preguiça-mor é de ser mãe e dona da casa. Ter que pensar em tudo, da empregada que desapareceu sem dar satisfação até o almoço de amanhã dá vontade de sumir, virar pó, sair pra comprar cigarro - e nem fumar eu fumo mais - e entrar pra lista de desaparecidos, voltar daqui a 5 anos sem explicar nem por onde andei.
Dá preguiça até em quem tá lendo, aposto.
E preguiça de gente? Nusga, tem demais. De gente burra então... E daqueles metidos a besta?
Aí vem o coração de manteiga e a preguiça perde pro amor: fiotinha encantadora que liga cheia de "sodade", mãe amorosa que promete vir passar meu aniversário pertinho, amiga-irmã que já comprou a cachaça pra comemorar a vida comigo dia 31 na minha bat-cozinha, marido bacana que prepara lanchinho pra mulher morta de cansaço.
Ah! Com ou sem preguiça viver é muito bom, né não?

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

MINHA PRIMEIRA VEZ

Minha primeira viagem de Van ficou pra história. Dei de acompanhar meu amado numa apresentação da peça em Ipatinga, abertura da Campanha de Popularização do Teatro de lá. Foi todo mundo numa van fretada - equipe técnica e elenco - e eu, como caí nas graças da produção, fui incluída na tal viagem.
Gente, pode todo mundo morrer de inveja, porque nenhuma viagem a Paris seria melhor que esta. Minhas bochechas deram cãimbra de tanto rir.
Um monte de homens e 3 mulheres - Ana Amélia, Bianca e eu.
Rolou tudo que foi assunto da saída daqui até a chegada aqui também, 30 horas depois da partida. Tudo o que aconteceu antes, durante e depois vai nos dar saudade por muito tempo, aposto.
Até um namorado baiano pra "Fuscão Preto" - apelido de um dos integrantes da comitiva - surgiu do nada, com direito a cortejo e tudo, quando paramos pra comer pão com linguiça.
Gente com quebranto também teve, né "Martins"? Deve ser melancolia, lembrança das "pinceladas" que levou quando era mais jovem. A cura? Nas mãos de Ana Amélia, que se comprometeu a incluir incenso e até jantar romântico no pacote de benzeção. Afinal de contas, segundo as convicções da benzedeira, reza, boquete e copo d'água não se pode negar a ninguém...
Bianca se desespera querendo fumar e pensa em sair voando da van - voando de rodo, já que com o tempo nublado a vassoura da bruxa é substituída por rodo...
Babalu - vulgo do moço bonito de olhos verdes, clone de Letícia Spiller - pede uma coçadinha nas costas de algum caridoso, carente que ficou sozinho no último banco. Se coçou sozinho, ninguém deu confiança...
Jefferson dá de contar que um amigo ficou seduzido pelo traseiro de outro e quis saber se o dono dava. Disse ele que achava que sim, desde que tivesse alguém pra segurar...
Música ambiente ao som de Amelinha, Joyce, Roberto Leal e tudo o que de mais barango existe. Vai ver foi o romantismo dele que conquistou o baiano na parada da linguiça.
Como tinha um bando de viciados no meio dos passageiros, um deles decidiu que o mais justo seria fumarem à vontade lá dentro, e quem não fosse fumante colocasse o nariz pra fora da janela. Ainda bem que Bira, o motorista gente boa, defendeu a equipe não viciada e impediu tal atitude cabeluda.
Felipe dá de contar o que aconteceu com ele na noite anterior. O companheiro de quarto falou: "Tem coisa melhor que uma boa cagada?", ao que ele respondeu: "Ó, ou eu não aprendi a cagar ou você nunca trepou..."
Bianca conta de suas experiências na loja de maquiagem - chique com força - em que trabalha; da mulherada pobre e sem noção que chega lá querendo montar um kit de 100,00 - isto num lugar em que o que custa menos é um baton de 92,00. Nem o baton só com a caixa de presente fica por cem pilas, quanto mais um kit. E aquelas que vêem um estojo de sombra e perguntam se é blush? Pois tem, e diz ela que dá vontade de responder: "é blush sim, sua baranga. A moda agora é ser avatar e pintar a cara de azul"...
Márcio, Fuscão e Ana trabalham no atendimento telefônico de informações sobre a Campanha de Popularização e contam as pérolas que são obrigados a ouvir:
* "Teatro adulto é só pra adulto?"
* "Em teatro infantil criança paga?"
* "Se criança de 2 anos não paga, posso deixar ela lá dentro e esperar cá fora?"
* "Que dia apagam as luzes de natal da Praça da Liberdade?"
* "Vocês vendem ingressos pro FIT?" - (sabendo que ligou pra Campanha...)
* "Quanto é o ingresso pro Cirque du Soleil?" - ( de novo, sabendo que ligou pra Campanha...)
Pra fechar com chave de ouro, quase chegando em BH, paramos num engarrafamento da estrada. Peninha olha pro lado e se emociona: "Cândida, você não vai acreditar! Uma moto de Itambacuri aqui do lado!". É demais, né não? Uma moto de nossa terra parar bem ali, do ladinho? Peninha tinha outro codinome quando vivia lá - Ludovico. Mudou quando veio pra capital. Alguma razão há de ter, eu penso, mas ele disfarça e não conta. Ainda descubro e conto procês.
O todo poderoso Rômulo foi e voltou de avião. Se ferrou. Comeu um pacotinho de amendoim e tomou refrigerante quente, enquanto nós comíamos pão com linguiça e tomávamos caldo de cana geladinho. Foi mudo e voltou calado, enquanto nossa viagem foi o que de mais alegre e falante poderia ser.
Enfim, ficou pra história.
Depois desta sou parte integrante fixa da equipe. Onquesfô eu vô.
A primeira vez a gente nunca esquece!