sábado, 19 de setembro de 2009

MEUS HOMENS

Vou plagiar minha filha, que tempos atrás escreveu em seu blog sobre os homens da vida dela.
Estou longe de casa, em viagem com um deles – meu marido, e longe de todos os outros. De alguns a saudade é de apenas 2 dias – meus filhos; de outros – vovô, Wilton, sobrinhos e amigos- de mais tempo; de dois deles, eterna – meu pai e tio.
Sempre tive ótima referência dos homens que me ajudaram a crescer, dos que ajudei a crescer e dos que crescemos juntos. Na infância tive vovô Antoninho, papai e Zé Lú, tio emprestado.
Vovô foi carinho, cuidado, quintal, gosto por plantas, bichos e café com rapadura, subidas e caídas de árvores - que eram cortadas pelo talo cada vez que um neto se esborrachava de cima dela...
Papai - parceiro, alma gêmea que veio pra mim nesta encarnação como pai e filha, companheiro de pescarias, caçadas, gosto por cachaça, festa junina nas roças, proteção contra raios e trovoadas, literalmente. Meu medo de chuva veio desde sempre, e quando o tempo fechava tudo o que eu queria ouvir – e ouvia – era a frase abençoada: “Fique aqui, minha filha, que raio eu pego aqui, na mão...”. E pegava mesmo. Quando ele se foi fiquei sem pára-raios.
Lembro-me com alegria de algumas passagens de nossa vida juntos, como quando fui me casar pela primeira vez, aos 19 anos. Mamãe me disse que era pra pensar bem, que casamento era pra sempre, que era uma cruz que eu teria que carregar pro resto da vida. Depois que ela saiu de perto ele sussurrou: “Ó, preocupe não. Se a cruz pesar demais encosta ela no barranco e pica a mula...”. Falava que a única coisa que mata é tristeza. Tinha razão. Sabia das coisas meus pai.
Com Zé Lú aprendi a gostar de prosa mansa, cigarro de palha, a fazer cachaça e queijos, a dar colo pra todo mundo quando a vida pesa.
Chega Walmir, meu grande amor, mandado por papai lá de onde ele está. Deve ser um bom lugar, pra ter tempo de me abençoar e continuar cuidando de mim sempre que meu coração aperta. Penso nele, acredito que vai dar certo e dá mesmo.
Walmir tem muito de cada um destes. Sabe ouvir, falar, proteger, cuidar, dar colo e deitar no colo também, sabe ser forte e frágil, gosta de pescaria e de mato, corta as árvores que me derrubam sem alarde e planta outras no lugar, enche meu peito de amor e orgulho.
Meus filhos homens – cada um de seu jeito, uns mais sérios, outros mais desatentos, mas encantadores todos eles. São muitos, seis ao todo, os que nasceram de mim e os que me chegaram prontos, com meu amor. Sou surpreendida com o que aprendo com cada um todos os dias. Uns ficam por perto e os outros aparecem de tempos em tempos, mas é sempre muito alegre estar com eles.
Agora estão vindo os netos. Na comunidade Noiva do Cordeiro cada bebê que chega adoto em meu coração como neto, e começo a exercitar o papel de avó. Faço dormir, dengo, socorro nas quedas, brinco, enfim, acredito que estarei pronta pra quando os netos de sangue chegarem.
Os grandes amigos – eles sabem que o são, estão sempre presentes em minha vida. De igual forma diferentes (sic...), é com uma liberdade deliciosa que convivemos. Falo de minhas coisas sem pudor e sei que sou uma ouvinte despudorada pra eles também. Têm liberdade de me contar dos relacionamentos amorosos, de trabalho, pedem e dão palpites (acho conselho muito arrogante). Adoráveis.
Enfim, abençoados sejam meus homens!

6 comentários:

Tê disse...

Lindo o que escreveu, só fico pensando porque fala dos seus homens e nunca escreve pra mim....acho que vou cortar meu cabelo bem curtinho de novo, daí pensa que sou um de seus homens e resolve me homenagear...rs....Ainda hoje fiquei pensando em escrever algo sobre esses homens maravilhosos que permeiam nossas vidas...pois acredita que Wilton, Theu e Lu me surpreenderam tanto, que me emocionei só de ler o cartão que escreveram pra mim...fico pensando como a vida tem sido generosa conosco minha rirmã queria.Eu também tenho homens maravilhosos, na verdade, muitos deles são os mesmos que os seus..outros não...mas o que importa é que nessa vida, triste daquelas que não tem os nossos homens pra as protegerem e alegrar como fazem conosco.Amo vc, minha rirmã do coração.To morrendo de sardade, fia!!!To esperando ocêis pro feriardo, viu....inté, Ieu, sua rirmã Te(ah, pra completar, Lucas ganhou a medalha de ouro no brasileiro de jiu-jitsu que lutou hoje em Ipatinga!!!!!Esses nossos homens brilham em tudo que é palco, né mesmo:)

Anônimo disse...

dona candida, você é minha rainha!!

liliana disse...

Bendito sejam os homens entre as mulheres!
Conviver com homens que não trazem cajado nenhum nas mãos, mas amor dentro de seus corações é bacana demais, não é não? Seja sempre muito feliz com seus homens e os faça muito felizes também!!! beijos saudosos

Ana disse...

Seus homens sao muito especiais merecendo uma mulher como você.
Maravilhoso, amiga!

Mônica disse...

Cândida, tem tempo que a gente não se fala, né!
Mas aqui, o blog tá bacana demais hein!
E as fotos dos "produtos", ah, tudo bonito, com bom gosto, alegria e MUITA ARTE!
Resolvi escrever porque não sei se eu já te "falei" isso!
Bem, beijinho e
Até breve.
Moniquinha

Adélia Carvalho disse...

Essa sua dobradinha do post dos homens e das mulheres foi uma idéia deliciosa, porque nos faz pensar com cuidado sobre os dois lados e sabe o que percebemos? Que ambos são essenciais para nos tornarmos quem somos. Meus homens são extremamente fortes em minha história, como o meu avô que me deu o apelido mais apaixonante e me enchia de café, quando criança, para me agradar; meu pai que se deixou me descobrir pouco a pouco até me conhecer mais que qualquer outra pessoa; meus irmãos, o mais velho e o caçula da casa, com os quais concordei e discordei, tantas vezes, até nos conhecermos de verdade; meus amigos; meus companheiros de histórias, de sonhos, de vontades; muitos que vão me acompanhar para sempre com carinho, amor e cheios de cuidados; outros que desistiram no meio da estrada; mas todos essenciais, preciosos diamantes que me inspiram e me fazem ser alguém melhor do que eu jamais imaginei que poderia ser. Adorei o post, uma delicadeza sem fim, seus homens e suas histórias.