segunda-feira, 26 de julho de 2010

DE MÃE PRA MÃES

Não há como negar que em coração de mãe cabe um mundo inteiro, mas não tem nenhum canto - e nem terá nunca - que caiba compreender e aceitar morte de filho. Essa possibilidade não deveria existir se tudo fosse tão perfeito quanto gostaríamos. Deus falhou aí, deixando margem pra que uma ruindade tão grande acontecesse a tantas mulheres neste vasto mundão.
Um anjo skatista deu de partir cedo demais. Chorei até desidratar e perder a voz, porque me coloco no lugar da mãe dele e não consigo acreditar que ele 'tava lá, fazendo uma coisa tão bacana, voando no chão, e vem alguém pra acabar com a alegria do menino, da mãe do menino, do pai do menino, dos amigos do menino, de tantos meninos e tantas mães dos meninos que só querem sentir o vento na cara, testar o equilíbrio em cima daquela prancha de madeira, ralar os cotovelos e joelhos pra, quando chegarem em casa esfolados, a mãe assoprar e fazer curativos. Se for muito grave os amigos já ligam do hospital pra mãe ir lá ver o médico colocar ombro no lugar, engessar braços e mãos, marcar cirurgia pra remendar o que quebrou na última queda...
Cada um precisa ter mãe pra dar apoio quando é machucado às vésperas de uma competição e, claro, não consegue lidar com a frustração sozinho. Aí aparece um colo quentinho pra acolher, mãos protetoras pra fazer um chá e tempo disponível pra assistir juntos filmes "nada a ver", mas cada etapa destas faz parte do apoio moral pro anjo melhorar.
Cada uma de nós precisa tê-los pra saber a delícia que é o amor incondicional, infinito, sem ressalvas - apesar dos sobressaltos.
Ver nossos meninos detonados e cuidar deles é o máximo que uma mãe pode suportar.
Despedir pra sempre nunca.
Mas às vezes é preciso nadar contra a correnteza, buscar forças sabe-se lá de onde pra agradecer o tempo que nos é dado na convivência com nossos filhos. A alegria que vivemos com eles ninguém nem nada poderá nunca apagar, nem comparar, nem esquecer.
Que sua mãe seja abençoada com a força e a coragem de todas as mães, Rafael. E que o amor dela por você seja a mola propulsora pra que a saudade seja menos doída com o passar do tempo. Toque canções de ninar pra ela, ainda que em sonho. Agora ela é quem tá precisando de colo e chá quente, de quem assopre a ferida que sua partida deixou.
Vá em paz, anjo skatista! Fique em paz, mãe do menino voador...

11 comentários:

Anônimo disse...

Nossa Can ! ! ! Parabenssssssssssssssssssssssssssssssss! ! ! Voce falou tudo ! Que esse anjo skatista se junte aos outros tantos que protegem os "nossos" meninos e meninas aqui na terra ! Beijo grande
Lucia

* Parabens pelo sucesso da Lis e pela coragem e perseverança do Hugo!

little star school disse...

Realmente doído de ruim ver o que a Cissa está passando e o que outras mães passam todos os dias e não ficamos nem sabendo...Acho que todas nós, mães, do mundo inteiro estamos mudas e inundadas de lágrimas...água salgada que arde a ferida para depois, muito depois, cicatrizar deixando marcas dos nossos Anjos são arteiros, tão, mas tão arteiros que mesmo partindo, nos deixam algo para nos lembrar deles eternamente...TÊ

Lívia Cunha disse...

Que lindo!!!
Bjos;

Lívia

Anônimo disse...

Muito lindo...

Beijos,
Marina

Anônimo disse...

Nossa, Cândida!!

Tô aqui em prantos com seu texto e com a ida de Rafael.. Não me lembro se o conheci..

Fica bem e dá um beijo nos meninos por mim.

Saudade grande de você.

Beijos,

Maria

Anônimo disse...

Oi Can,

Não conseguí segurar os filetes de lágrimas com o que vc escreveu...Puro amor ,dor pulsante e eterna para estes pais.
Deus não deveria deixar os pais vivenciarem esta partida...O embarque teria que ser nosso em 1º lugar.

Bjs,

Beth

Anônimo disse...

Que coisa mais linda que vc escreveu..
Que uma dia se sentindo mais forte a mae desse skatista possa ler .
Lindo d+.
Beijos da
Silvana

Anônimo disse...

Amiga,
que coisa bonita que vc escreveu!
Quase engasguei de tanto chorar...

Um beijo em vc e nos seus anjos skatistas...

Ana Malfacini

Anônimo disse...

Cândida,
Tenho lido e apreciado seus ultimos textos.
É uma pena que as notícias estão sendo tão cruéis...
Fico muito triste mesmo quando fico sabendo de alguém que partiu, principalmente deixando pais, às vezes filhos pequenos. Outro dia soube de uma moça que corria tanto no seu dia-a-dia de mãe-esposa-empresária...morreu sem aviso, sem poder fazer minhas massagens, que marcou por 2 vezes e teve que desmarcar. Foi aneurisma, deixou 2 filhas pequeninas, mãe desconsolada e marido perdido. Nessas horas não entendo mesmo qual é o propósito de Deus, fiquei uma semana meio perdida. Quando criança morria de medo de perder minha mãe. Hoje peço que Deus me conserve para minhas filhas, até quando elas não precisarem de mim. Acho que Deus deveria conservar todas as mães protegidas, somos o amor do mundo. Peço a Deus que encha todas as mães de muita paciência, amor e energia, pois o mundo precisa dessa luz.
Parabéns por ser essa mãezona!!! Que muitas mães sigam o seu exemplo de amor e carinho.
Bjs,
Marcia Dan

Anônimo disse...

Amiga,fico emocionada e sem palavras ao ler sua mensagem tão linda.Quando soube da morte do Rafael,só lembrei-me de você e de nós, porque coloquei-me no lugar de Sissa.Também chorei.Hoje estou com o coração apertado.Acho que é cansaço...estou igual a você querendo chorar.Deve ser inveja...E Tuti como vai de mão danada?Dê muitos beijos nele.
Beijos...
Alba

Liliana disse...

É duro, é triste, é uma dor que não tem tamanho, não tem explicação, não tem fim. Perder um filho é nos perdermos. Não é um pedaço de nós, mães, que parte. É muito mais que isto, porque o que resta aqui, indagando, buscando entendimento e esperando por um reencontro (quem sabe???), é um fiapo de nós. Mas Cissa saberá, como todas nós que passamos e vivemos esta dor, a conviver com ela. De onde Rafael estiver, ele saberá como acalentar sua mãe e dar a ela coragem e força para pular da cama todas as manhãs e seguir a marcha, mesmo sem entender nada... beijos