quinta-feira, 19 de agosto de 2010

SEM ESCOLHA

Passei um tempo ressaqueada com os tristes acontecimentos. Melhorei, como meu otimismo sempre me obriga.
Vou contar o que aconteceu hoje e me deixou "abestaiada": paro no engarrafamento da Afonso Pena, lá no centro da cidade, e me distraio olhando os pedestres. Se tem coisa que acho interessante é ficar dentro do carro parado vendo aquele tanto de gente correndo de um lado pro outro, cada um em seu ritmo, com o gosto muitas vezes duvidoso na escolha das vestimentas, bolsas enroscadas entre o sovaco e o peito - principalmente das mulheres mais velhas. Fico reparando e nem vejo o tempo passar; o sinal abre e dá até pena de perder os lances engraçados que só em centro de cidade tem.
Enfim, eu 'tava lá distraída e vi um bando de ciganas - nem devem ser, mas estavam vestidas de- querendo pegar algum bocó pra ler a mão. Quando digo pegar era pegar mesmo, na marra, na força. Quando passava algum/a com cara de mais inocente elas pulavam na frente, do lado, atrás, puxavam a pessoa pela roupa, pela bolsa, pelo braço, por onde desse. Se não fosse com muita esperteza era impossível se livrar delas.
Fiquei incomodada com aquele desrespeito. Eu, cá de dentro do carro, protegida pelos vidros fechados e portas trancadas, me senti invadida por elas tanto quanto as pessoas que foram agarradas.
Ainda que fosse verdade o poder de ler a mão, isso não lhes daria o direito de obrigar o outro a querer saber do futuro, 'inda mais sendo uma grande d'uma picaretagem. Quer escutar? Escuta. Não quer? Escuta assim mesmo.
Isso pra mim é que nem ouvir conversa de celular de estranhos. O telefone toca em qualquer lugar e hora, o sujeito atende - de preferência bem alto - e não adianta a gente querer não ouvir. No elevador, na loja de shopping, no táxi-lotação, na fila do banco, na academia, na pista de cooper, no supermercado, caminhando na rua... Não tem jeito, escuta ou escuta. Sem escolha.
Tem horas que dá até vontade de dar palpite na conversa, pra ver se a pessoa desconfia do quanto está sendo incoveniente.
Os assuntos são de uma variedade infinita: a saúde dos parentes, compra de madeira pra reforma da casa, quantidade de kg que engordou, quota do churrasco rateado por 16 pessoas num dos jogos da copa e e aquele amigo folgado não pagou, carona pro Mineirão, a tinta que manchou todo o cabelo, o médico que negou um simples atestado só pra que ela não emendasse o feriado, o fingimento da cunhada e da sogra...
Gente, juro que nada disso é invenção minha. Tenho uma caderneta que fica sempre à mão, pra que eu anote algumas coisas que tenha vontade a qualquer momento.
Muito do que escrevo aqui só consigo me lembrar depois por causa das anotações. Vale a pena, não vale? E vocês tem escolha.

4 comentários:

Anônimo disse...

Como sempre, seu texto é a sua cara. Parabéns, amiga!!!! Vc é linda!!!

Ana Malfacini

Anônimo disse...

Falou por mim amiga. Me dá uma puta raiva de ser obrigada a escutar conversa alheia.saudades.
Beth

little star school disse...

Que bom minha "RIRMÃ" tá de volta.Não aguentava mais não ouvir as gargalhadas, gritos, alegria sua.Vamos comemorar com chave de ouro esse seu retorno.....Semana das crianças inaugurando a casa da roça e a volta da alegria de todos nós...digo todos nós, porque quando um passarinho do nosso ninho entra na "muda", todo mundo entra junto, periga até morrer de tristeza e frio de alegria.Te amo.Beijo minha maninha querida,Tê

Anônimo disse...

Tia, dei uma olhada no seu blog. Literalmente uma olhada, mas adorei o seu trabalho. Você tem uma criatividade desumana, cara UHAUHAUHAUAH Adoreeei os gatinhos! Quando eu for para Minas, vou querer um desses para mim u.ú rs Beijinhos,

Ceres.