segunda-feira, 11 de outubro de 2010

TIA NITINHA

Em 1979 eu, menor de idade, terminei o segundo grau e queria vir pra BH estudar. Mamãe bateu o pé - "só depois dos 18 anos", dizia sempre, com a autoridade de quem sabia tudo o que seria melhor pra cada um dos filhos.
Saída de um noivado recém acabado, eu queria porque queria vir pra capital, começar uma vida nova.
Tudo combinado com papai, meu parceiro incondicional, esperamos mamãe ir pra São João Del Rey fazer um curso de especialização pra comprar passagem.
Vim. Fugi com a conivência de papai. Peguei um ônibus lá em Itambacuri e baixei aqui, na rua Serravit - Floresta. Guardo doce lembrança daquele endereço.
Vim. Pra casa de tia Nitinha, a tia mais encantadora e doce que alguém pode querer.
Os sábados à tarde eram dedicados ao vício - mesas de baralho. Marisa, já casada com Marcinho e com o filho Alexandre pequeninho, organizava os campeonatos de buraco.
Cassinha era solteira e minha companheira naquele quarto do tamanho do mundo. Dormíamos em camas vizinhas, mas como eu era muito menina, lembro bem dela me dando conselhos pra ficar esperta na capital.
Cozinho me apresentou pizza com catupiry, Fagner na vitrola, papo cabeça. Namorava Soraya e era fiel até a morte, mas me dava atenção como a uma irmã mais nova.
O Mineirão - a primeira vez que fui assistir a um jogo foi na torcida do Atlético, com Marcinho e Marcelo, irmão dele. Triste lembrança - não pude reclamar, nem sendo cruzeirence desde nascença. Papai morreu sem saber dessa traição...
Fui passar a tarde ontem com tia Nitinha. Ela operou do joelho e sempre reclama que foi abandonada por mim, que sumi depois que casei, coisas de tia que gosta muito da gente e fica enciumada quando não damos a devida atenção. Pois então, fui vê-la ontem.
Na chegada encontrei Cassinha, prima querida, que não via há uns 13 anos. Acho que nos encontramos no batizado de Bernardo, seu anjo fiote, que já fez 15.
Sabem aquela alegria de não querer parar de abraçar? Então, foi assim. Conversamos até, tomamos cerveja, prometemos não nos perder de vista nunca mais, combinamos de marcar uns goles debaixo do pé de couve de sua casa nova. Descobrimos que envelhecemos falando das noras queridas - Ana (de meu Pedro) e Zilda (do Pedro dela), das faculdades dos filhos, do vício em cigarro - eu parei por promessa a São Jorge, ela não - enfim, foi um dia mágico, que me levou às mais doces lembranças.
Tia Nitinha, vou sempre me lembrar da acolhida que tive ao chegar nesta cidade que hoje considero minha terra - a acolhida mais protetora que desejo, tenham meus filhos, se algum dia se mudarem de minha casa.
Tia, Isão, Cassinha, Có - vocês vão estar sempre num lugar especial de minha vida.
Can

3 comentários:

Anônimo disse...

Querida amiga,morri de inveja de ter uma tia assim.Gosto dela só em ver voce falar.Beijo grande. Ana

Anônimo disse...

Que dia você vem me visitar, linda?Fiquei com inveja de tia Nitinha.
Mary

Anônimo disse...

Melhoras pra sua querida tia. Estou com saudade.
grande abraço
Fátima