quarta-feira, 5 de maio de 2010
ONDE ANDA A DELICADEZA?
Que programa de índio, meu Deus! Mais de uma ida aos 3 maiores shoppings de BH pra tentar comprar ingresso, correria pra chegar mais cedo e encontrar lugar pra sentar, paciência pra enfrentar fila da pipoca, enfim, êita programinha...
Tê veio dar apoio moral e desejou ir - fomos.
Estacionamento lotado, duelando uma vaga, conseguimos chegar à sala de projeção. Muitos lugares disponíveis, uma vez que escolhemos a sessão que coincidia com o horário da final do campeonato mineiro.
PEQUENO detalhe: meu Walmir assistiu ao filme sentado na escada. A ocupação das poltronas era de mais ou menos 50%, só que eram pessoas que simplesmente queriam assistir ao filme sem nenhum vizinho, ou seja, sentavam entre 2 poltronas vazias. Ninguém teve a delicadeza de se oferecer pra pular uma poltrona e dar a chance de encontrarmos duas juntas.
Sendo assim não conseguimos nos sentar lado a lado e, como somos um par inseparável, fiquei eu numa poltrona de corredor e ele na escada, de mãos dadas comigo.
Azar dos egoístas, que continuaram tendo inveja de um casal apaixonado no escurinho do cinema - apesar do desconforto...
segunda-feira, 12 de abril de 2010
PROFISSÃO: NUTRICIONISTA
Enfim - meus filhos decidiram engordar com saúde, pra ficarem mais ninjas do que já são no skate. Levei. As nutricionistas bacanérrimas, super recomendadas por uma grande amiga. Excelente indicação, sem dúvida, mas fiquei encafifada com as orientações. Não que estejam erradas, nada disso, mas com a dieta especificada.
Gente do céu... Prá obedecer a TUDO tem que ser sultão, juro! Já nem falo do custo dos ingredientes, porque muitas das coisas sugeridas fazem parte de nossa alimentação aqui em casa, mas o preparo das receitas é um Deus nos acuda. O mais interessante é que elas falam como se fossem coisas bem simples, facílimas e rápidas de fazer, que podem ser substituídas por outras mais simples ainda, tipo assim:
* Café da manhã antes do sujeito sair pra escola, ou seja, antes das 7 da manhã - café, leite, iogurte com granola, creme de aveia cozido com lascas de queijo, 3 fatias de frutas diferentes, sucrilhos...
* Lanche às 10 da manhã - o mesmo sujeito que tomou o tal café às 7 'tá na escola e tem que comer lá - sanduíche de pão integral, pão de queijo, suco natural, sorvete e fruta...
* Almoço - agora é que o bicho pega, porque além de tudo o que o resto da família vai comer tem que ter ainda uma coisinha básica, tipo truta flambada ao molho de ervas com purê de mandioquinha, que pode ser substituída por outra mais simples ainda - peito de frango grelhado ao molho mediterrâneo, que também pode ser substituído por corações de alcachofra recheados com queijo brie e tomate seco com cobertura de creme de milho ao funghi e gratinadas com parmesão...
Aí vem o lanche às 16hs, o jantar às 19, a ceia às 22hs, com um pequeno detalhe: tudo é diferente do que foi servido antes, ou seja, cada refeição deve ser preparada na hora.
É pra rir ou pra chorar? Porque quem não tem restaurante ou uma cozinheira de forno e fogão - que é o meu caso - tem que viver pra preparar cardápio de engorda.
Sábado não dei conta sozinha e meu Walmir entrou na dança, amolando faca já mais de 1/2 noite pr'eu conseguir adiantar as refeições adequadas de domingo, porque eles iriam treinar durante a madrugada nas ladeiras de Glaura e chegariam de manhã a tempo de devorar o que achassem pela frente.
Hugo deu de ajudar e foi cozinhar as batatas no microondas. Uma tragédia. Falei pra fazer uns furinhos, só que ele empolgou e assassinou uma por uma. Foi pra mais de 50 garfadas em cada, de forma que ficaram completamente desidratadas e viraram chicletes depois de assadas. A emenda ficou pior que o soneto. Antes não tivesse ajudado.
Estou numa dúvida atroz - desisto da nutricionista ou serei obrigada a comprar outra geladeira só pra folhas e frutas, além de contratar mais uma cozinheira e um motorista pra fazer diariamente as compras da dieta...
Emagrecer deve ser mais fácil.
sábado, 27 de março de 2010
A GORDA E O PICARETA
Caso verdadeiro, ocorrido com minha irmãzinha adorável e contado pela própria...
"Em Fevereiro resolvi procurar um endocrinologista pra ver o motivo de ter engordando tanto no último ano.
Pois bem, cheguei à recepção do consultório que o DR divide com mais dois de outras especialidades.
Ainda bem, porque senão nem conseguiria entrar na sala, com tanto gordo.
Me apresentei à secretária, aquela assim, analfa de pai e beta de mãe, que fala ADAPITA, CAPITA, MEIA DOENTE...e por aí vai. A tal fez minha ficha e mandou que eu aguardasse.
Pois bem, obedeci, mas fiquei numa sinuca de bico, porque todos os assentos estavam ocupados.De repente olhei uma cadeira vazia e me alegrei. Pensei - uai, como pode ter tanta gente em pé se tem uma cadeira vazia?
Fui me acomodar....tentar, né?
Logo descobri o motivo. De um lado estava sentado um MAMUTE e do outro um HIPOPÓTAMO.
Fiquei igualzinho uma salsicha no meio do pão de cachorro quente.
E o tempo foi passando, e chegando gente, e o calor aumentando, e nada de me chamar. Uma loucura, vocês não tem noção.
Pensei cá com meus botões - ninguém precisa de um castigo desses, só quem abre o comedor e esquece que um dia vai ter que enfrentar a fila com os obesos.
Naquele momento comecei a me redimir do pecado da gula. Meu nome é gritado e lá vou eu.
Tinha a esperança de que fosse ficar pelo menos mais confortável lá dentro.
Quando entrei a secretária foi junto para falar ao médico sobre a chave do carro que o corretor de seguros havia deixado, etc, etc.
Iniciamos a consulta.
O médico começou a falar tão baixinho que quase caí da cadeira para ouvi-lo, mas pior do que isso - o médico era GAGO E FANHO!!! Oh my god! Help me!
Um absurdo - primeiro ser esmagada por duas criaturas abomináveis, e agora ter que entender o que um fanho gago estava falando comigo.
Fomos para a etapa seguinte: fazer um exame para ver como estava de massa muscular, banha e metabolismo.
Quando deitei para o tal do teste, pelo qual tive que pagar 95,00 porque a UNIMED não cobre (lógico, a UNIMED não paga farsas...)olho para cima e o que vejo? Uma roda imensa de mofo por conta de um provável vazamento.
Saímos, pediu uma porrada de outros exames para depois eu voltar lá.
Mas o pior está por vir. Além de fanho e gago o dr. é surdo. Sim, SURDO!!!!! Só pode ser, porque assim que iniciamos a consulta eu disse a ele que queria fazer os exames pra ver se estava tudo bem comigo, que seguiria o regime direitinho, mas que não tomaria nenhum medicamento.
Na saída, ao me entregar os pedidos dos exames, me entregou junto uma receita pra TRÊS remédios.
Por isto falo pra vocês: antes de irem num médico perguntem se fala e ouve direito, porque correm o risco de sair como eu, sem resolver nada e ainda gastando com um exame que é uma boa de uma picaretagem.
Resolvi então tomar vergonha na cara e cá estou eu, baixando o ponteiro da balança cada vez mais.
Se voltei pra revisão? Adivinhem...
FECHEM A BOCA, ANTES QUE TENTEM LHE ESMAGAR NUMA SALA DE ESPERA!
TÊ"
FESTA E CASTIGO
Chego do aniversário de Amélia e assisto na tv a sentença do casal Nardoni. Deu uma tristeza danada acompanhar este caso, ver como a humanidade é imperfeita e cruel. Nunca consegui entender a possibilidade de alguém maltratar o outro, ainda mais se esse outro for uma criança. Mas tem sim, quem faça isto. Lembro dos outros casos que não tiveram tanta repercussão - João Hélio, João Guilherme e muito anônimos. Será que os assassinos deles estão presos? Enfim, acredito que o mundo acordou hoje de alma lavada.
Mas tem outros tipos de castigo que são divertidos. Como já contei, teve a festa de minha prima querida, organizada por Cristina e Beth. Moças bacanas e letradas, mas de uma inocência de dar dó. Fizeram os convites segunda-feira, incluindo os maridos encantadores - acho que o meu é mais, só que cada uma delas acha que é o seu.
Terça-feira novo telefonema, desconvidando a ala masculina. Olharam no site do Climatempo e viram chuva a semana toda, então a macharada não ia caber no espaço destinado à festa. Tá bom. O encontro será só de mulheres...
Até quinta nem sinal de chuva. Por mais que catassem uma nuvenzinha, só viam estrelas. Outro telefonema: reconvidar os moçoilos d'antes renegados.
Não conseguiram recuperar muitos deles, que fizeram outros compromissos. Resultado: mulher saindo pelo ladrão e uns poucos gatos pingados, mesmo assim aqueles que desconsideraram os brios e foram aproveitar a festa.
Organizadoras castigadas pelo Climatempo...
Claro que num lugar que abriga tantas mulheres conversa pouca é bobagem. Então - o falatório rompeu a noite, e não me lembro de nenhum assunto em especial, mesmo porque foi naquele esquema de pular de uma coisa pra outra e não terminar nenhuma. Miriam se empolgou com nosso reencontro depois de tantos anos que não perdeu tempo - ligou pra Gontijo, reservando passagem pro meu aniversário de 2011...
Ô gente, tem coisa mais bacana e doida que mulher?
Bom motivo pra gente se encontrar de novo - arrematar cada um dos tópicos lançados na roda feminina.
Beth não bebe e ficou encarregada de devolver as que estavam mais alteradas pela dosagem alcoólica. Penso que ficou preocupada de que eu me perdesse de Lela, como na última festa, em que voltamos as duas de táxi e só dei falta de minha colega quando cheguei em casa. Ficou na casa de Frango? Caiu do carro em movimento? Tava sentada na frente e eu não vi? Perguntei ao motorista que, gentilmente, me informou que a deixou em casa antes de mim.
Voltamos rindo e nos lembrando de palavras jecas - absorto, soslaio, balaustrada... não importa a que cada uma delas se referia, só que rimos sem parar. Rir é muito melhor que lembrar assunto, né não?
Consegui equilibrar numa só mão 4 trufas "tapeia-marido" e adoçar a boca de meu amor chegando mais pra lá do que pra cá. Aprumei o corpo, ajeitei a bolsa, fiz cara de elegante, falei umas bobagens, deitei aconchegada frente à tv e dormi feito um anjo.
Whisky bom é um perigo...
segunda-feira, 8 de março de 2010
CASAMENTO NA COMUNIDADE
Fui. Madrinha com convite especial e tudo, fui... Meu Walmir tinha apresentação da peça e precisamos escolher alguém pra me acompanhar. Nêgo, amigo do peito e de cachaça, representou e bem meu par oficial.
Ninguém nunca assistiu a uma cerimônia daquela, aposto. Olhem que já fui a trocentos casamentos, mas nunca me emocionei tanto. Como não têm religião, fazem a cerimônia do jeito deles; escolhem alguém de lá pra fazer o papel de juiz de paz, decoram o salão da casa grande com tudo o que tem direito, inventam função pr'aquele bando de crianças - e nenhuma se sente preterida - florista que distribui flores às madrinhas, outras jogam pétalas na passarela onde a noiva vai desfilar linda, outros entram vestidos de noivinhos, outros levam as alianças e o livro onde é registrada a ata do casamento,enfim, uma beleza mesmo. Todo mundo feliz e orgulhoso em ser merecedor de participar da festa.
Élida e Leandro são, sem sombra de dúvida, os noivos mais felizes que já vi. O tempo todo trocavam olhares apaixonados, prometeram um ao outro coisas que de fato podem cumprir - e não aquela boboseira que o padre fala e a gente repete que nem papagaio - curtiram a festa junto com todo mundo, e ontem de manhã já estavam a postos, pra despedir dos parentes de Montes Claros. Tudo perfeito!
Pra completar a perfeição ainda peguei o buquê. Explico: propus pra Nelma, uma das poucas solteiras da comunidade, que se ela me maquiasse pr'eu sair bacana nas fotos ia entrar no bolo das que sonhavam em pegar o dito cujo. Deu certo. Fiquei esperta e consegui cumprir a promessa. Agora é com ela, porque arranjar o noivo já não faz parte do trato.
Cheguei em casa a tempo de me despedir de Pedro, que partiu pr'uma viagem fantástica de aventura na Amazônia. Foi escalar montanhas e cachoeiras, curtir merecido descanso e ver outras maravilhas além de mim e Ana, sua namorada encantadora...rs
Vá em paz, filho. Minha bênção pra você!
domingo, 28 de fevereiro de 2010
E VAI ROLAR A FESTA...
Pensar que o tempo passa tão rápido que, de bebezinho que era pouco tempo atrás - pouco tempo na minha lembrança, lógico - meu "anjo fiote" fez 17 anos.
Artur virou rapaz, e fez de sua festa um marco de passagem. Equilibrado e decidido que está, definiu tudo o que queria e fez acontecer. Acatei suas escolhas e organizei do jeitinho que quis, sem tirar nem por.
Convites feitos, casa preparada pra receber os amigos escolhidos, churrasqueira acesa, cerveja gelada, som profi no esquema.
Cai a chuva; mas não foi uma chuvinha besta, foi um temporal. Voou tenda prum lado, gente pro outro, comidas alagadas, enfim, um caos bom.
E sabem que foi muito bom mesmo? Pois providenciamos uns sacos plásticos enormes pra transportar o som pra sala de sinuca, e aí foi que a alegria aumentou. Todo mundo molhado recolhendo o que dava pra dentro de casa, o jogo de sinuca rolando quente, o show de Artur Pádua e Dudu arrebentando nos Beatles, a cozinha funcionando a todo vapor pra assar o churrasco no forno - com Aparecida, Beatriz e Cláudia assumindo a responsa, a cerveja gelada acabou e a quente também tava ótima, enfim, uma comemoração que nem chuva conseguiu estragar. Começou 1 da tarde e acabou mais de 1 da manhã.
Tá felizão meu fiote. Ontem acordou em estado de graça, comentando que nunca em nossa casa nem de ninguém viu uma festa tão perfeita.
Ano que vem vamos bombar - meus 50 e os 18 dele. Já pensaram? Nós já.
E os amigos são sempre bemvindos.
O MITO DE SÃO JORGE

O MITO DE SÃO JORGE
Este artigo foi publicado para comemorar o dia de São Jorge (23 de abril) e posteriormente publicado no Editorial - jornal "Estado de Minas", em 28/05/96
"...O quadro de São Jorge é o conflito internalizado de um combate..."
Jorge P. Raggi
Existiu realmente o Jorge da Capadócia região desértica no centro da Turquia. Montou um fogoso corcel branco e foi apoiar o Imperador Romano Diocleciano. Mas tornou-se cristão, e a Imperatriz Alexandra apaixonou-se por ele. Jorge enfrentou o Imperador publicamente, e por sete anos, na cidade de Sidon, foi torturado por vários suplícios, sobreviveu a todos e morreu decapitado em torno do ano 290 d.c. Apareceu o mito. Enfrentou um dragão que assolava uma região, no momento que a prenda exigida era uma princesa.
O mito universalizou-se através dos tempos e geograficamente. No escudo dos cavaleiros das Cruzadas, em moedas na Itália, Inglaterra. Na Rússia, Armênia, Geórgia, Portugal, Espanha, Grécia, Cuba. O Brasil tem São Jorge na boêmia, nos bares, terreiros espíritas e igrejas.
No primeiro milênio a.C. havia também este mito com grande universalidade. A maior manifestação de arte dos etruscos é uma escultura do monstro Quimera. O herói grego Belerofonte (aquele que é cheio de força), no cavalo alado Pégaso, lutou e venceu a Quimera. Com a vitória teve a filha de lóbate. O mitólogo Junito Brandão diz que "Quimera" é sinônimo de "imaginação perversa", e o inimigo combatido pelo herói está no inconsciente, o perigo monstruoso que todo ser humano possui etente dentro de si.
Uma interpretação mitológica consiste em tentar clarear conteúdos de forma livre, sem preocupações com a lógica e a "realidade aceita". O quadro de São Jorge pode ser o conflito internalizado de um combate, com um quatérnio: Jorge (masculino), princesa (feminino), Corcel (fogo criador), Dragão (o mal). O quatérnio traduz completude, na mitologia. Em diferentes épocas e regiões, os artistas transformam os quatros componentes em três. Quando o masculino se funde com o feminino , o Jorge é andrógino e não se representa a princesa. Quando cavalo funde com dragão,saem chamas nas narinas do cavalo e ele exibe uma expressão de dragão. Se a fusão aumentar e atingir dois componentes, aparecer o centauro: o homem-animal, incontrolável, e, ou, a centaura: mulher devoradora. Se a fusão for total é a flecha que voa para o alvo que se quer atingir. Esta transformação foi destruidora no mito grego de Belerofonte, mas pode ser salvadora na evolução do mito de São Jorge.
Sempre tentamos separar o bem do mal, e ainda recalcar, esconder, denegar o mal. Historicamente o ser humano foi muito violento, e atualmente estamos assustados com a tomada de consciência do mal. Mas a conscientização é um caminho para vencê-lo, junto com o conhecimento da nossa natureza animal, o centauro. Estes dois movimentos já estão em cursos: informações mais completas e detalhadas do mal, levantando cada vez mais dados; e a consciência corporal, não no sentido de embelezar o corpo, mas de conhecer nossa natureza animal, o que realmente somos.
Fernando Pessoa, na poesia Eros e Psique, diz que é preciso vencer o mal e o bem (conscientizar) para que o Príncipe veja que ele é a Princesa Adormecida. E Rodin, na escultura Centaura, mostra a saída da natureza animal para a flexa consciente.
Se este vôo foi muito alto, há uma sugestão prática: os assaltantes são devotos do santo. Uma imagem, um quadro, como cumplicidade na devoção, pode levar o assaltante a desistir da ação. Dizem que não é bom ofender o Santo.
domingo, 21 de fevereiro de 2010
CASA DE VÓ
Pola é linda, brava, quieta, menos falante; Helena espevitada, risonha, dengosa. Apaixonantes as duas. Morro de saudade quando vão embora, porque como ainda são crianças, lembro-me bem de meus meninos pequenos enquanto cuido delas.
Anos atrás meu filho Pedro fez uma redação na escola sobre uma das avós. Escolheu falar sobre minha mãe e sua casa em Itambacuri. Era lá que ele e os irmãos passavam todas as férias, tinham vivências bem diferentes da vida na cidade grande, eram acolhidos pelos avós, bisavós, tios, primos e qualquer um da cidade, uma vez que todos se conhecem.
O mais legal foi a forma descrita por ele sobre a casa dela, como ele a via - enorme, com pomar e um rio no fundo do quintal - que na verdade tem mesmo, só que na casa de vovô Antoninho - vô bisa - enfim, na cabecinha dele tinha tudo o que precisava pra ser feliz na casa de vovó Teresa. E continua tendo...
É, porque em casa de vó tudo é grandioso, as frutas são mais doces, a comida é mais gostosa, a cama é mais quentinha, as brincadeiras são mais divertidas, tudo é mais.
Morro de inveja de minhas amigas que já têm netos. Deve ser mesmo uma experiência única, e cada uma delas diz a mesma coisa - neto é ainda melhor que filho. Nem posso imaginar coisa melhor do que foi e ainda é ter e cuidar de minha ninhada, mas se todas falam deve ser verdade. Só não sei como meu coração vai aguentar tanto amor.
Pelo andar da carruagem ainda tenho um tempo razoável pra ir me preparando; todos eles ainda pensam em namorar muito, estudar, viajar, pra só mais tarde terem filhos.
Fazer o que, né? Esperar e me apaixonar quando chegarem...
domingo, 10 de janeiro de 2010
CACHICO

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
MÁ SORTE...
Nem sei de quem veio esta sabedoria, mas sou guiada por ela sempre que fico desanimada - o que, felizmente, é raro acontecer.
Estou de novo em casa, junto a alguns de meus amados. Os outros viajaram, mas tem deles aqui em cada canto.
Meu menino se recupera bem, depois de mais alguns dias de hospital. Acredito que agora se fortaleceu e logo logo desanda a fazer estripulias no skate. Artur chegou como quem não quer nada, inesperadamente; vive como quem quer tudo, naturalmente pra sua idade; luta pelo que sonha e tem certeza de que vai conquistar - sabiamente.
Nosso Natal foi comemorado lá. Meu marido e filhos levaram os presentes, a ceia, a boa energia de uma família de 'tá junta incondicionalmente. Brindamos, rimos, celebramos a alegria de termos, nesta vida, a chance de viver juntos. Foi lindo nosso Natal!
Recebi a carta de amor mais linda que já foi escrita. Fiquei ainda mais fortalecida e apaixonada - se é que isto é possível. Quero viver feliz com meu par até o último abrir e fechar de olhos, como dona Norma e seu Jorge, dona Neném e seu Elysio - que passaram aqui no dia em que chegamos do hospital pra me conhecer. Lindos demais esses casais. Exemplos de vida e de parceria.
Tê e Lucas - que enfrentaram uma viagem de 9 horas por nós -, Cláudia, Maria, Virgínia, Amélia, Beth, Valéria, Daniel, Fabiano, Cris e todos os amigos que estiveram no hospital conosco levando força, coragem, comidinhas especiais, alegria - cada um foi e é um presente todos os dias.
Daqui a poucas horas começa um novo ano. Como gosto mais de encontros que de despedidas, não considero hoje tão importante quanto amanhã. Um ciclo se fecha, outro se abre. Vou abraçar apertado - como todos os dias - meus anjos queridos que vivem por perto, falar por telefone com os que moram longe, escrever, sentir saudade. Agradecer.
Tenham todos muita paz - sempre!
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
NATAL
Nossa casa tem um quê de natal o ano todo - trocamos presentes sem nenhum motivo; celebramos a vida; fazemos pelo menos uma das refeições juntos todos os dias; brindamos com os amigos que vira e mexe aparecem,; fazemos declarações de amor diariamente (tem um tal de "te amo infinito" ao que o outro responde "e eu então?" que já virou mantra), cuidamos uns dos outros - cada um do jeito que dá conta, enfim, treinamos bem pro dia 25 de dezembro.
Tenho doces lembranças dessa data. Ainda que entenda a melancolia de alguns, não consigo aceitar que as pessoas contabilizem mais as perdas que os ganhos.
Vejo uns e outros dizendo que vai entrando dezembro ficam tristes. Pensam nos que se foram, em quem 'tá doente, em alguém que não vive um tempo de alegria, e se solidarizam prazeirozamente com a tristeza do outro. Isto mesmo: tem gente que sente prazer em ficar triste.
Ó, sou solidária sim, parceira de todas as horas, mas evito me envolver demais em gente que tá pra baixo. Apóio, dou colo, mas o que o sujeito que tá triste precisa é de ânimo, boas energias, e não de mais um pra empurrá-lo pro buraco.
Li dia desses uma crônica de Martha Medeiros _ MARAVILHOSA MARTHA! - que fala do quanto a tristeza é proibitiva. Claro que não quero forçar barra pra ninguém ficar alegre à força, mas daí a pular pro fundo do poço junto com a pessoa há uma distância grande.
Quando acordo ruim quero ficar quieta, introspectiva, calada. Pra falar a verdade gosto de ficar sozinha até minha alma voltar pro corpo, o que acontece por volta de 10 da manhã. Antes disso sou péssima companhia. Não é mau humor, é precisar de um tempo pra ficha cair de que a noite acabou, só isso.
Respeito o silêncio dos outros no dia a dia, de marido e filhos, além das pessoas que trabalham conosco. Bom dia e só. Depois de um tempo dou conta de conversar sobre coisas boas, pra começar o dia bem.
Aposto que tem gente que vai ler isto aqui e pensar: "nusga, eu já acordo discutindo problemas...".
Claro que uma pessoa dessas, que dorme e acorda pensando em coisas ruins, só pode detestar natal, né não?
Desde o dia 18 nossa casa virou uma via sacra de amigos. Passa um, passa outro e mais outro, e cada um deles fica um tico e ruma pr'outro lugar. Pega uma mensagem dos anjos, sai feliz da vida, traz e leva boas energias.
Tem coisa melhor?
Escolho presentes que vou dar e mais ainda os que quero ganhar. Meus filhos devem até me achar folgada, mas uma folgada alegre. E sou mesmo. Já aviso de antemão que não quero nenhum presente que me dê trabalho de trocar, então que pensem bem. Mereço sim, que se envolvam na escolha do dito cujo.
Ontem fizemos um amigo oculto aqui. Sugestão de Josi, funcionária encantadora. Foi divertida, acolhedora, amorosa nossa brincadeira. Cada presente representava o que um via no outro. Todos foram cuidadosos nas escolhas, e não tenho dúvida de que nossa parceria no trabalho e na vida tem dado certo.
Então...é assim que vejo a vida: uma parceria que pode sempre dar certo, se todos investirem neste presente.
Bom natal! Fiquem em paz!
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
CANTA, MARIA!!!
As irmãs: uma delas espevitada, cachaceira de dar gosto; a outra toda contida, moça séria, por assim dizer.
Foram. Ficaram 10 dias por conta de um hotel pago por quota- daqueles que você paga uma mixaria por mês e reserva pra 4 anos à frente. Então...
Bem acomodadas pelo período reservado, decidiram que ainda não era hora de voltar. Uma delas cantava - e ainda canta - divinamente, e achou por bem propor a um francês, dono de restaurante, noitadas de música ao vivo em troca de comida. O sujeito topou.
A bichinha virou uma cigarra. Cantava o que pedissem os clientes. Se não soubesse a letra inventava, mas ficar sem comer não ficava mesmo, nem ela nem os amigos.
Numa determinada noite aparece um argentino, daqueles de dar água na boca. E deu - na boca de todas elas. Tocava violão com uma competência ímpar.
Vai que o tal violonista pergunta quem sabe cantar uma música qualquer (não sei bem qual, mas isto é o que menos importa). A irmã, contida até então, fala sem pensar "eu sei". Pronto, o drama 'tava formado. Falou mas não tinha cacife pra garantir.
O "poderoso do violão" começa a tocar e ela pra irmã: "Canta, Maria" e Maria nada, só queria chapar o melão, tomar todas, e nada de assumir a responsa.
Assim foi. Não teve jeito e a contida cantou, Deus sabe como.
Nenhuma comeu o argentino. Cantaram, chaparam, viram a lua cheia, ouviram o barulho do mar, dormiram no quadrado de Trancoso e deixaram pra comer argentinos na copa de 2010.
Alguem se habilita a adiantar a ceia?
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
O HOSPITAL E O ÔNIBUS
Coisa esquisita é esse mundo nosso de hoje, viu? Lembro-me de quando era criança - e nem tanto tempo assim faz - que quando aparecia uma brotoeja a mãe logo providenciava um emplastro feito de farinha que botava o que tivesse de ruim pra fora. Não tinha esta história de antibiótico fortíssimo, outro remédio pro antibiótico não atacar o estômago, outro pra dor, outro pros enjôos do tal remédio forte...
Nada disso. Era o emplastro de um dia pro outro e pronto! Solucionado e eliminado o incômodo.
Pois é; meu menino ficou internado 5 dias por uma causa aparentemente simples que ficou complicada. Já tá quase bom, e o melhor, terminando o tratamento em casa.
Como nada é ruim de todo, nossos dias no hospital tiveram muitos divertimentos.
Deix'eu contar:
Na primeira noite tivemos que ficar no Pronto Atendimento, aguardando vagar um apartamento. Não sei direito, mas as pessoas estão adoecendo demais ou estão passeando nos hospitais.
A solução foi subir as grades da maca, amarrar a doidinha com faixa e dar logo uma injeção "sossega-leão", daquelas que derrubam até elefante.
Enfim, depois de mais de 24 horas conseguimos nos alojar com mais conforto.
Aí as visitas se animaram e deram um super apoio. Toda hora chegava um - às vezes de 3 juntos, e nem víamos a hora passar. Teve tudo quanto foi tipo de assunto naquele quarto, mas dois mereceram destaque.
Um deles de amiga muito querida, que é chamada por todos de Antônia Mimosa. Explico: Ela é de Pitangui, e na cidade natal tem um tal Antônio Mimoso que é o primeiro a chegar em todos os velórios e visitação a doentes. Ela ganhou o mesmo codinome graças à sua atenção e disponibilidade em confortar qualquer um que esteja numa situação pendenga. Adoeceu que seja lá 'tá ela, dando apoio moral. Nas alegrias também a bichinha não falta; comemora, ri, come, conta causos, alegra todo mundo. Eita amiga presente e bacana, viu?
Agora a vez do ônibus - A outra amiga, menina porrêta, deu de contar pra mim, Artur e Pedro sobre um presente que ganhou do namorado: um ÔNIBUS. Isto mesmo que vocês leram, e com um "pequeno" detalhe - era um ônibus personalizado, com o letreiro na lateral pintado mesmo pra ela. A entrada da chácara onde morava ficou pequena pr'um presente tão grande, mas ela bem que devia merecer, já que depois ainda chegou uma torradeira de café do tamanho de um quarto (daquelas de fazenda) e um caiaque.
Agora me digam - por favor, comentem: quem de vocês já ganhou um presente desses ou já viu alguém ganhar? Ela tem a prova, e me prometeu mandar a foto pr'eu publicar aqui.
Sabiamente meu filho alertou prum detalhe: o mais grave não foi ganhar, foi devolver com documento, torradeira, caiaque e tudo.
É de rir ou de chorar?
Minha mãe fala que doido atrai doido. Confesso que tenho certeza, depois desse caso, de que só posso ser doida de pedra pra ter amigas assim.
Tô certa?
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
O TAXISTA
Voltando pra casa contrariada, uma vez que o tal espetáculo não correspondeu às minhas expectativas, entro num táxi. O motorista deve ter percebido meu perrengue e deu de conversar. Falou o resultado do jogo Atléticox Coritiba - 2x1 pro Coritiba- menos mal, já comecei a me alegrar - e danou num conversê que parecia ler meu desapontamento com a tal saída de viúva de marido vivo.
Bom, lá pela praça da Bandeira, quase chegando ao rumo objetivado, sai ele com esta:
"Olhaqui, moça, você deu foi sorte. Passei pela Afonso Pena sem a menor vontade de pegar nenhum passageiro. Quando te vi ali, sozinha, com aquela cara triste, pensei em fazer uma boa ação e parei".
Perguntei: "Mas como assim? Vc tava fazendo caridade ou trabalhando?"
Ele: " Ó, trabalhei desde as 8 da manhã, mas como já fui assaltado 4 vezes fico esperto e não paro à noite pra qualquer um."
Eu: "QUATRO VEZES? Caramba! Isso tudo?"
Ele: " Quatro fui assaltado de verdade. Mais umas quatro ou cinco apanhei muito, mas desobedeci e não entreguei a grana..."
Fala sério, gente - Cumé que um sujeito desses ainda acredita em cara triste de mulher e pára...
Será que vagabunda tem a cara alegre sempre?
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Mãe poderosa!





Gente!!! Posso mesmo ser uma mãe muito metida a besta, heim? Minha flor mais linda - LIS - tá podendo com suas jóias maravilhosas.
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
NARCISO E OS BLOGUEIROS...
Uma das amigas que apareceu depois de muito tempo disse uma coisa que me deixou encabulada. Ela acha muito narcisista quem tem um blog. Fala que lê sempre, mas nem comenta porque tem esta opinião.
Tentei entender a impressão dela, respeito e concordo. Bem, sou obrigada a concordar, já que dá uma alegria imensa saber que tem um monte de gente interessada no que escrevemos, pessoas que gostam dos "causos", que riem de nossas trapalhadas - né Liliana?
Tem os que gostam mesmo é de papo cabeça, de quem entende de política, futebol, economia, teatro e o escambáu. Meu Walmir que o diga, porque o blog dele é visitadíssimo e ele nem dá conta de publicar tantos comentários que recebe. Fico até com inveja da popularidade do rapaz...
Aí vem a razão de minha postagem de hoje: é ruim ser narcisista? Devemos pensar primeiro em nós ou nos outros? Estou perguntando, fazendo uma enquete, porque sinceramente não sei.
Todos sabem que tenho um moooonte de filhos, cuido deles e de mais um tanto de gente que me rodeia com grande prazer, mas é porque tenho um prazer ainda maior em tê-los por perto. Nunca me fiz de boazinha, de coitada, que se atropela de trabalho pra servir sem ter algum reconhecimento. Acredito que ninguém é bonzinho sem interesse, que cada um que dá espera um mínimo de retorno afetivo, senão fica muito pesado o tal cuidado. Dá raiva, a gente se sente explorado.
Sempre disse aos meus filhos o quanto meu amor por eles é infinito, mas que eles têm que dar valor aos meus atentos cuidados. O amor pode não acabar nunca - e penso que amor de mãe não tem fim mesmo, mas não sou uma protetora descartável, que serei valorizada enquanto for útil. Nada disso, e meus anjos sabem. Cuidam muito bem de mim, tanto quanto eu deles - menos, mas cuidam...rs
Se tem uma coisa que me irrita é ver alguém falando coisas do tipo: "Nunca tive coragem de me separar por causa dos filhos"; "Faço tudo por todos sem esperar gratidão"; "Cumpro minha missão neste mundo desisteressadamente"... Ah, me poupe!
Ó, quer saber? Sou uma ótima mãe, amiga leal e bom astral, esposa maravilhosa, filha dedicada, irmã-rirmã, patroa justa, e ainda tenho que ser boazinha?
Somos bons. Eu e Narciso. Um brinde aos blogueiros!
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
MULHERES MINHAS
Linda a mensagem, tanto quanto a amiga, por sinal prima predileta. Acho a palavra "predileta" tão jeca que adotei pra me referir à dita cuja, já que somos tão bacanas que até o que é jeca fica bacana também. Ela sabe o quanto é especial em minha vida, né Frango?
Então - lá vou eu com minhas eternas reflexões e lembranças. Quem não me conhece deve achar que não faço mais nada além de pensar, mas faço, só que fico quieta em meu atelier, trabalhando calada e pensando sempre.
Tenho uma irmã encantadora - Tê é o nome dela. A única, a mais linda, a mais sensacional, a mais vaidosa, a mais amorosa, que diz "te amo" toda vez que desliga o telefone - o que acontece quase todos os dias. Eu também amo muito esta menina. Ciumenta demais, diga-se de passagem. Vira e mexe me cobra uma declaração de amor pública, que nem a que faço agora. É que, apesar de sermos irmãs de pai e mãe, só nos conhecemos de fato há uns poucos anos, uns 10, talvez.
Mas olhem que valeu a pena esperar! Penso que nosso tempo tinha que demorar mesmo um tanto, pra gente crescer e se encontrar no ponto em que aconteceu. Quando me casei pela primeira vez ela 'tava lá nas fotos, de vestidinho azul e tamanco francesinha, uma menina. A menina cresceu e virou um mulherão. Continua brava a bichinha, mas doce como uma criança. Fala alto, chama o mundo na correção, mas é uma doce menina.
Não consigo imaginar minha vida sem ela, sem nossas looongas conversas - quase sempre por telefone, já que moramos longe uma da outra, sem o apoio moral em toda e qualquer circunstância, sem os desabafos da vontade de chutar o pau da barraca... Ah, é muito bom ser sua "rirmã", florzinha!
Explicando: ela me chama de rirmã porque só vivo rindo e ainda consigo fazê-la rir sempre, com meu jeito abaianado, estabanado e desligado. Parece que tudo o que acontece fica engraçado quando estamos juntas. Nossas viagens são sempre divertidas e inesquecíveis, e os fatos conspiram a favor de nossa diversão. Quando a situação parece não ter conserto, consigo parar pra pedir informação - e aí o sujeito informante é gago e caímos na risada. Continuamos perdidas, mas rindo... É ou não é demais ter uma irmã dessas?
Tem ainda minha filha Lis, princesa braba e apaixonante, as grandes amigas, que não posso citar com medo de esquecer alguma, mas cada uma delas sabe o quanto me importa. São mulheres de todo jeito: certinhas, normais, doidas, doidas demais. Gosto de cada uma do jeitinho que é, sem tirar nem por. Algumas vêm desde a infância, outras nem de tanto tempo, mas tão amigas quanto. Bacanas, lindas, complicadas como a maioria das mulheres, chatas e ainda adoráveis, falam demais ou de menos, choram por qualquer motivo e até sem motivo nenhum, amam ou toleram seus homens ou suas próprias mulheres - já que algumas são casadas entre si, cuidam dos pais doentes com uma dedicação infinita, gostam de mim e de minha família, estão sempre presentes nem que seja por e-mail, enfim, nenhum de meus homens já citados n'outra postagem supera minhas mulheres.
Cada um deles tem seu canto em minha vida, abençoada vida. Tenho certeza de que não passei por aqui em vão...
domingo, 20 de setembro de 2009
CAMINHADA FALANTE
Sobre quantas coisas 3 mulheres conversam numa caminhada de 50 minutos? Ninguém além delas pode imaginar, e se facilitar nem as próprias conversantes. O mais engraçado é que nenhum assunto é terminado, porque uma vai inteirando o assunto da outra e, quando damos por fé, das jabuticabas do Cordeiro mudamos, sem quê nem pra quê, pro AVC do tio, que num piscar de olhos virou a receita do pão integral que a amiga ensinou, que do nada chegou na montagem da árvore de natal porque o tempo passa tão depressa que natal é semana que vem, que já dá vontade de chorar em uma porque a filha ‘tá morando nos EUA, aí a outra inveja a emoção e se lembra de que tem um casamento daí a uma semana e o vestido não entra porque engordou 4 kg, da gripe suína que matou o cunhado da prima do padrasto de não sei quem, pula pros queijos a preço de banana que todas querem comprar, aí vem a lembrança daquela amiga que ‘tá com uma dor fininha – vê se dor tem espessura, mas a de nossa amiga tem - e por aí vai.
Lembramos da lojinha de vovô Miguel e do que vendia lá, uma citando uma coisa, a outra completando: fumo de rolo, sabonete Eucalol, fósforos, regulador Xavier ( 1 para excesso, 2 para escassez ), bicicleta, aviamentos, machado, penico, bala doce, bala de revólver, galocha, gravata, corte de tecido, biscoito de goma, sombrinha, bola de gude, Cibalena, pilha, caderno, Leite de rosas, coroa de defunto, velas, rádio, couro pra pandeiro, foice...
E foi-se – cada uma pro seu lado. A caminhada acaba e os assuntos ficam sempre inacabados.
Biêto, Frango e Canquinha amanhã caminham de novo e continuam a prosa...
sábado, 19 de setembro de 2009
MEUS HOMENS
Estou longe de casa, em viagem com um deles – meu marido, e longe de todos os outros. De alguns a saudade é de apenas 2 dias – meus filhos; de outros – vovô, Wilton, sobrinhos e amigos- de mais tempo; de dois deles, eterna – meu pai e tio.
Sempre tive ótima referência dos homens que me ajudaram a crescer, dos que ajudei a crescer e dos que crescemos juntos. Na infância tive vovô Antoninho, papai e Zé Lú, tio emprestado.
Vovô foi carinho, cuidado, quintal, gosto por plantas, bichos e café com rapadura, subidas e caídas de árvores - que eram cortadas pelo talo cada vez que um neto se esborrachava de cima dela...
Papai - parceiro, alma gêmea que veio pra mim nesta encarnação como pai e filha, companheiro de pescarias, caçadas, gosto por cachaça, festa junina nas roças, proteção contra raios e trovoadas, literalmente. Meu medo de chuva veio desde sempre, e quando o tempo fechava tudo o que eu queria ouvir – e ouvia – era a frase abençoada: “Fique aqui, minha filha, que raio eu pego aqui, na mão...”. E pegava mesmo. Quando ele se foi fiquei sem pára-raios.
Lembro-me com alegria de algumas passagens de nossa vida juntos, como quando fui me casar pela primeira vez, aos 19 anos. Mamãe me disse que era pra pensar bem, que casamento era pra sempre, que era uma cruz que eu teria que carregar pro resto da vida. Depois que ela saiu de perto ele sussurrou: “Ó, preocupe não. Se a cruz pesar demais encosta ela no barranco e pica a mula...”. Falava que a única coisa que mata é tristeza. Tinha razão. Sabia das coisas meus pai.
Com Zé Lú aprendi a gostar de prosa mansa, cigarro de palha, a fazer cachaça e queijos, a dar colo pra todo mundo quando a vida pesa.
Chega Walmir, meu grande amor, mandado por papai lá de onde ele está. Deve ser um bom lugar, pra ter tempo de me abençoar e continuar cuidando de mim sempre que meu coração aperta. Penso nele, acredito que vai dar certo e dá mesmo.
Walmir tem muito de cada um destes. Sabe ouvir, falar, proteger, cuidar, dar colo e deitar no colo também, sabe ser forte e frágil, gosta de pescaria e de mato, corta as árvores que me derrubam sem alarde e planta outras no lugar, enche meu peito de amor e orgulho.
Meus filhos homens – cada um de seu jeito, uns mais sérios, outros mais desatentos, mas encantadores todos eles. São muitos, seis ao todo, os que nasceram de mim e os que me chegaram prontos, com meu amor. Sou surpreendida com o que aprendo com cada um todos os dias. Uns ficam por perto e os outros aparecem de tempos em tempos, mas é sempre muito alegre estar com eles.
Agora estão vindo os netos. Na comunidade Noiva do Cordeiro cada bebê que chega adoto em meu coração como neto, e começo a exercitar o papel de avó. Faço dormir, dengo, socorro nas quedas, brinco, enfim, acredito que estarei pronta pra quando os netos de sangue chegarem.
Os grandes amigos – eles sabem que o são, estão sempre presentes em minha vida. De igual forma diferentes (sic...), é com uma liberdade deliciosa que convivemos. Falo de minhas coisas sem pudor e sei que sou uma ouvinte despudorada pra eles também. Têm liberdade de me contar dos relacionamentos amorosos, de trabalho, pedem e dão palpites (acho conselho muito arrogante). Adoráveis.
Enfim, abençoados sejam meus homens!
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
DESRESPEITO À LÍNGUA PÁTRIA
Ontem dei de assistir a um programa de entrevista da Record News, cujo apresentador é Celso Freitas. Ele entrevistava Fátima Turci, editora de Economia não sei de que jornal. A moça se gabava de ter 35 anos de carreira como reporter - do Estadão durante muitos anos, de outro jornal não sei mais quantos, da assessoria de imprensa do grupo Pão de Açucar, enfim, gabaritada pra falar de economia. Beleza. Deu a ficha profissional completa – bacana, por sinal – e começou a entrevista muito bem. Em dado momento ele pergunta sobre a internet, se não prejudicou os jornais escritos e como ela fazia pra acompanhar as notícias em primeira mão, ao que respondeu: “Antes da internet se tornar o que é hoje, um veículo mais rápido até que somente a impressão do jornal escrito, fui encarregada de fazer um jornal fax, em que as notícias fossem transmitidas com muita rapidez. A condição é que tal jornal estivesse tão atualizado e já PREVESSE o que viria com a internet.”
Ai, meu Deus, como assim? Uma jornalista tão gabaritada não conjugar um verbo corretamente, numa entrevista tão importante? É, porque se ela estivesse num boteco conversando com uma amiga, depois de ter tomado todas, poderia até ser perdoada sem julgamento, mas num programa que, inclusive, foi editado, é imperdoável.
Numa das partes de homenagens passou a tal jornalista ninja entrevistando o sr. Samue Klein, dono das Casas Bahia, que falou várias coisas na conjugação incorreta, mas ele pode. Pode não porque é dono de um império, mas porque é um cidadão comum e nem é brasileiro, e não um repórter.
Fico mesmo incomodada com erros tão gritantes, mesmo numa conversa entre amigos. Tenho uma grande amiga que teima em falar coisas que me fazem perder o rumo da prosa: MEIA tonta, MEIA cansada, além de acreditar que auto estima tem que ser baixa ou alta, – BAIXA estima, ALTO estima. Como fico encabulada de corrigí-la, me mordo pra não falar. Até repito mais ou menos o que ela falou de forma correta, mas penso que ela não observa, porque continua falando da mesma forma, e olhe que é uma moça letrada, não é qualquer uma que nem completou o primeiro grau...
Meu marido escreve divinamente. Fico abobada com seu rico vocabulário e na forma como se expressa. Dia desses me pediu pra revisar um texto que seria postado no blog dele. Bacana como sempre, mas uma palavra deu pano pra manga: “enxorrada”. Disse a ele: “Mas Walmir, como assim? Enxorrada?”. Respondeu: “Isto mesmo. Escrevo do jeito que quiser. Guimarães Rosa podia e eu não posso?”.
Pode, meu amor, pode tudo, ainda mais que nem Guimarães Rosa era tão encantador quanto você! Agora escreve logo ENXURRADA e vamos acabar com essa pendenga...
Não escreveu. Publicou enxorrada e continua tão encantador quanto antes. Mas ele só pode porque é de propósito e sabe a maneira certa, faz parte do show escrever do jeito que quiser.
Sei não, mas penso que falta zelo nas pessoas. Na verdade falta é respeito pela nossa língua tão bonita - e pelo ouvido alheio.
Quem sabe os cursos de português entram na moda de novo? Precisava, viu?
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
PROGRAMA DE ÍNDIO
Fomos convidados prum casamento fora de BH – fora mesmo, distante uns 600km pra mais. Nos juntamos a um casal de amigos e lá vamos nós, rumo à tal cerimônia, já que a noiva era filha de um chegado nosso por quem temos grande estima.
Preparamos as vestimentas com cuidado, e o amigo que foi conosco não se esqueceu nem da bota ninja que tem, daquelas “mandadas fazer por encomenda”, que tem um tipo de recheio dentro pra ele não ficar mais baixo que a esposa quando ela coloca salto alto. Tudo preparado, voamos na maior espectativa prum fim de semana promissor.
A alegria começou a degringolar na chegada da festa. Como o tempo está seco demais e há muito tempo nosso amigo não calçava a bota, ao descer do táxi a mardita descolou o solado inteiro, que nem boca de sapo. Eu, Walmir e a amiga descemos e ele voltou ao hotel pra trocar de sapato, contrariado por estar perdendo parte da festividade. Entrou no hotel em passos miúdos, pra que a recepcionista não visse a bota desbeiçada. O pior é que agindo assim ela deve ter pensando que ele tinha se borrado nas calças, num caminhar tão contido.
Voltou pra festa animado, de sapato trocado e a passos largos. Agora podia relaxar e a alegria de estar pisando firme se esvaiu com a notícia que demos logo que chegou – não seria servida nenhuma bebida alcoólica. A família do noivo é evangélica e só permitiria refris.
Gente do céu! Como assim? Teve uma hora em que voltei à minha infância, em que nas festas servia-se Ki-suco e ponche sem álcool. Como é que alguém em sã consciência tem a cara de pau de convidar e insistir na presença de pessoas como nós, chegados numa cachaça, pruma festa longe desse jeito, prá tomar refrigerante? Não dá pra acreditar, pois dá?
Agora o pior – se é que existe coisa pior que festa sem bebida: a cerimônia de fato. O pastor entrou e meu coração gelou. Meu marido não tem a menor paciência com pregação e tive medo de que saísse antes do final, mas que nada, ficou prestando a maior atenção em respeito ao chegado que nos convidou. Antes tivesse saído, gente, porque o que foi dito de tão cabeludo ficou engraçado.
Acreditem - pelo amor de Deus, não tô inventando - nas palavras do pastor (vou tentar lembrar com a maior precisão possível): “Fulano, você está recebendo algo divino – a noiva. O amor é coisa humana, então mesmo que o amor acabe o que é divino tem que ser mantido. Você tem o cajado nas mãos para guiar sua ovelha – de novo, a noiva. Quando um casal se une os dois deixam de ter os próprios desejos, e seus desejos passam a ser os do outro...”. E por aí foi.
No meu entendimento, falando rasgado, ele disse o seguinte: Rapaz, cê tá ferrado e a noiva também. Se você não manejar bem seu cajado sua ovelhinha divina sai do rumo, e nem que queira vai conseguir se livrar dela. Entendi errado? Além disso me senti uma cabrita muito rebelde, porque meu marido certamente não soube me dar uns bons corretivos com seu cajado.
Ô gente, quem merece viajar pra tão longe, comer mal e não beber, passar pelo vexame que meu amigo passou com a bota desbeiçada, pra ter que ir comemorar a viagem num restaurante depois da festa? Quem merece ouvir um sermão daquele?
Sugiro que os convites de casamento contenham mais detalhes daqui pra frente, porque quem quiser prestigiar pelo menos vai prevenido – leva nem que seja uma garrafa de vinho chapinha, pra rir do sermão e dançar descalço, sem sofrimento.
No fim das contas foi bom – meu lado Pollyana sempre acha o lado bom: antes e depois da fatídica festa reencontramos grandes amigos, assistimos ao jogo do Brasil detonando a Argentina , conversamos fiado, trocamos receitas de injeções, marcamos a inauguração de um fogão de lenha, tomamos todas no mercado, enfim, sobrevivemos. E bem.
segunda-feira, 29 de junho de 2009
PORTA-TRAVESSA TÉRMICO
TOALHA COBRE-SALADA
domingo, 7 de junho de 2009
NINHOS
Ainda bem que tem quem curte, como os fotógrafos de aves que estiveram aqui ontem. Ficaram a manhã inteira de butuca e colheram cenas lindas - o pai vigiando a porta do ninho, a mãe buscava comida e entregava pro pai, que se virava e dava pros filhotes. Voltava à posição de guarda e esperava a passarinha voltar com mais alimento. Lindo demais! O fotógrafo Daniel mandou estas fotos. É ou não é de encantar???
Como assim? Vê lá se vou deixar fazer "puxado" em minha casa? Vou é nada.
Aí ele respondeu: "Tá bom, então não caso"...rs
Boa desculpa pra quem não quer casar, né não?
E os ninhos que encontramos pela vida? O colo de meu marido, os abraços e cheiros de meus filhos, a casa de mamãe, a fazenda de Cachorrão e Tê, a comunidade de Noiva do Cordeiro, meu atelier cheio das amigas que aparecem pra tomar café no meio da tarde, as prosas com com amigos de caminhada, a casinha mágica de Amélia em Casabranca - bem no meio da mata, as cachoeiras de Minas, nossos acampamentos... Todos os ninhos são aconchegantes se estivermos confortáveis neles.
Acontece que tem gente que tá sempre cobiçando o ninho do outro, e são essas pessoas que nunca se aquietam, vão morrer buscando o que não tem. Ô dó delas...
domingo, 17 de maio de 2009
GRATIDÃO
Dormi pensando nisto e, quando acordei e vi o sono de paz de meu marido a meu lado, tive certeza de que a felicidade existe. Tenho esta certeza sempre - ao acordar Tuti pra ir à escola; ouvir um "bom dia" de Memê - que chega pra trabalhar antes do dia clarear; tomar café sempre bem acompanhada de Pedro; chegar ao atelier e recomeçar a fazer o que gosto; ver minha princesa descendo as escadas pra mais um dia de criações maravilhosas em sua oficina de jóias; cuidar dos eternos machucados de Hugo, esfolado pelas manobras de skate; almoçar com todos eles todos os dias; rir ao telefone com mamãe e Tê, que são muito engraçadas; receber mensagens amorosas dos amigos...
A tudo o que acontece em minha vida sou grata. Em tempos muito difíceis agradeci, porque as coisas só podiam melhorar – e melhoraram. É isto - tento o tempo todo transformar a adversidade em oportunidade. Já me acostumei tanto a ser assim que nem preciso me esforçar, acontece.
Pena que numa vida tão corrida a maioria das pessoas ache mais prático reclamar que ter olhos atentos pra ver o que a vida tem de bom. A passagem por aqui pode ser leve, alegre, generosa. O problema é que pra muitos é difícil, senão impossível, ter a visão de um mundo cheio de graça.
Que tal começar agora a brincar de gratidão? Eu começo: agradeço a você por estar presente em minha vida, ainda que de longe, vendo meu blog e torcendo por mim.
Pra continuar a brincadeira me mande uma mensagem agradecendo a primeira coisa que passou pela sua cabeça. V'ambora ver onde isto vai parar...